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alidade que parecia distante e nebulosa. O branco imaculado do teto, as paredes assépticas, o bipe rítmico e monótono dos equipamentos médicos –
chaduras do que deixava transparecer. Atrás da elegância do terno sob medida e da frieza estratégica com que lidava nos negócios,
o discretamente luxuoso, uma vista privilegiada da cidade através da ampla janela. Tudo o que o dinheiro podia comprar estava ali. Tudo, exceto a única coisa
rte profundo havia sido suturado com precisão cirúrgica. Fisicamente, ele sobreviveria. Os danos eram superficiais, nada que o tempo e os melhores cuidados m
ica ou os pontos na testa, o que mais o incomodava era a ausência de alguém ao seu lado. Ninguém apareceu. Nenhum parente. Nenhum amigo verdadeiro. Só
o, de sócios ansiosos sobre o impacto do acidente nas ações da empresa, de assistentes querendo saber como reorganizar sua agenda. Ningu
tais e ajustou o soro com eficiência profissional. Gabrie
ntica, não é? - perguntou, sua
entiu, sem inter
or. O melho
e fazer a pergunta que o incomodava de
ento ele percebe o erro e corrige -
vemente, olhando-o com
tonistas de clínica médica. - Houve uma pausa. - Mas ela
a ver com suas costelas contundidas. Amanda estava na Europa. Provavelmente nem sabia que ele estava a
do o rosto para a janela, si
eles se encontrariam nos corredores do hospital, que tipo de expressão ela teria ao vê-lo assim, vulnerável, ferido. Parte dele queria que ela soubesse, que viesse vê-lo, mesmo q
ele? Haveria acusações silenciosas em seus olhos, ou apenas a i
ega do hospital. "Seu ex-marido sofreu um acidente. Está internado aqui. Nada grave, mas achei que deveria saber." E que, a
inauguração de uma nova ala do hospital, financiada em parte por uma das empresas de Gabriel – ela, uma jovem médica dedicada com olhos que pareciam enxergar
anhecer. Amanda o desafiava intelectualmente, o fazia rir genuinamente, o fazia sentir-se visto como homem, não apenas como um patrimônio líquido ambulante. Ela tinha
r alguns anos, Gabriel acreditou ter encontrado o equilíbrio perfeito: sucesso profiss
na juntos tornaram-se cada vez mais raros, sacrificados no altar do sucesso profissional. Amanda queria filhos; Gabriel também, até mais que Amanda, mas parece que a infertilidade barrava o sonho dos
houve apenas uma briga, após isso houve o reconhecimento mútuo e silencioso de que haviam se tornado estranhos que dividiam o mesmo teto. Amanda levou pouco mais do que lembranças e uma frust
não implorou, simplesmente o olhou com uma mistura de tristeza e resignação e disse: "Esper
omentos de solidão. O que ele estava procurando? Teria sacrificado
bilidade exposta, que nenhum dos dois gostava de lembrar. Mas isso era algo que Gabriel prefer
ém que Gabriel tratava como irmão, roubou milhões desviando recursos por anos em silêncio. Marcos Albuquerque, seu diretor financeiro e amigo de faculdade, o homem
ado de desvio de recursos. Gabriel se lembrava do momento exato em que confrontou Marcos em seu escritório, esperando – talvez ingenuamente – uma
tão certo de que todos te admiravam... Nunca percebeu que alguns de n
u para que tudo fosse silenciado, usou suas conexões para garantir que Marcos nunca mais trabalhasse no setor, mas não conseguiu comprar de
a, implementou sistemas de verificação de antecedentes rigorosos para todos os funcionários, instalou câmeras e dispositivos de monitoramento em todos os seus escrit
endeu sua parte da empresa para um grupo rival sem aviso prévio, após meses garantindo sua lealdade. Carlos Mendonça, com quem Gabriel havia
riel. Você mais do que ning
nos. Renato Vieira, seu conselheiro jurídico, o homem que redigia seus contratos mais sensíveis, vendeu informações privilegiadas
ê nasceu no topo. Alguns de nós precisa
quezas. José Pereira, que o transportava há mais de cinco anos, que conhecia suas rotinas, seus gostos, que testemunhava seus m
ro, mas eles ofereceram muito dinhe
passou a analisar cada palavra, cada gesto, cada olhar de todos ao seu redor, buscando sinais de traição. Tornou-se mais fr
ério que construiu, as fortunas que acumulou, o poder que exercia – tudo parecia estranhamente vazi
ique Mendes, um homem de meia-idade com olhos cansados mas atentos, examinou os sin
enegro? - perguntou com a formalidade
- respondeu Gabriel, com um sarcasmo que mascarav
mpaciência dos pacientes, especialmente daque
mais 48 horas. Suas contusões são sérias, e quere
le, uma parte que raramente admitia existir, estava quase grata pelo desc
ando o curativo na testa de Gabriel. - Pelo que me contar
á muito tempo. Em seu mundo, tudo era calculado, planejado, conquistado através de estratégia e determinação. A ide
as vidas se perderem por questão de segundos ou centímetros. - E
confusa. Lembrava-se vagamente de braços o arrastando, de uma voz desconhecida,
ntou, mais para si mesm
ncionaram um jovem, um civil que passava pelo local. Aparentemente, ele quebrou a janela do
pria vida para salvá-lo. Sem conhecê-lo, sem saber quem ele era, sem expectativa de r
o precisa se recuperar. E se me permite um conselho não médico: talvez este seja um bo
ndo em sua mente. Perder o controle para encontrar clareza. Era exatame
ísico, mas também, simbolicamente, o possível despertar de um coração emocional há muito adormecido. Um coração que, apesar d
ns dourados sobre os arranha-céus espelhados. Um novo dia se aproximav