erguiam imponentes contra o céu. O mar, uma presença constante e majestosa, sussurrava sua canção eterna enquanto as ondas lambiam suavemente a areia dourada da praia. A brisa marinha
e. Sua carroceria aerodinâmica, com linhas futuristas e portas que se abriam como asas de uma ave exótica, refletia as luzes coloridas dos estabelecimentos noturnos, criando um caleidoscópio hipnotizante de core
era um santuário de tecnologia e conforto: couro italiano costurado à mão revestia os bancos ergonômicos; o painel digital exibia informações em alta definição;
a figura atlética. Seu rosto, de traços marcantes e bem definidos, exibia a confiança inabalável de quem conquistou seu lugar no mundo através de determinação e inteligência. Os olhos, de um azul profundo e penetrante, observava
rior do veículo. Gabriel sorveu um gole, apreciando as notas de chocolate amargo e frutas vermelhas que dançavam em seu paladar. Era um home
s que faziam de Balneário Camboriú a "Dubai brasileira", grupos de amigos riam alto nas mesas externas dos bares sofisticados. A vida noturna estava em ple
senvolvimento daquela paisagem urbana. Seus empreendimentos imobiliários de alto padrão pontilhavam a cidade, cada um deles uma declaração de ousadia arquitetônica e luxo sem co
, trabalho incansável e, quando necessário, uma frieza calculista que muitos confundiam com insensibilidade. Mas Gabriel sabia o preço do sucesso. Conhecia intimamente o peso da solidão que acompanha
ento suave do volante, Gabriel desviou o carro para uma rua lateral, menos iluminada e significativamente menos movimentada. O contraste era imediato: o
Gabriel relaxou visivelmente, seus ombros perdendo parte da tensão que carregavam. Aqui, longe dos olhares admirados e invejosos, ele po
tamente por uma perda dramática de controle do veículo. O pneu dianteiro direito havia explodido, possivelmente ao passar sobre algum objetoo oposta à derrapagem e modulando a pressão nos freios para evitar que as rodas travassem completamente. Por um breve mom
bag lateral disparou em uma fração de segundo, mas não foi suficiente para impedir que a cabeça de Gabriel fosse lançada contra a janela com força
u, terra, luzes e escuridão. O ruído era ensurdecedor: metal se contorcendo, vidro estilhaçando, pneus gritando contra o asfalto, objetos soltos no interior do carro transformando-se em projéteO silêncio que se seguiu foi quase tão chocante quanto o ruído anterior. O motor, antes tão potente e vivo, emitia agora apenas um gemido agonizante, c
Tentou mover-se, mas seu corpo parecia não responder aos comandos. Uma dor aguda irradiava-se de suas costelas a cada respiração superficial.
ante e nebuloso formou-se em sua mente confusa: "Então é assim que termina?" Não em uma sala de reuniões, não em um de seus pen
todas suas conexões - nada disso importava agora. Neste momento crítico, ele era apenas um homem vulnerá
idade que o destino interveio novamente
ada secundária. Diferente da BMW de Gabriel, o carro de Rafael não era um símbolo de status ou luxo, mas uma ferramenta de trabalho, um meio para um fim. O interior mostrava si
té os cotovelos, e sapatos confortáveis escolhidos pela praticidade, não pelo design. Seu rosto, embora atraente de uma maneira despretenciosa, mostrava os sinais de c
sistência, carisma e uma capacidade quase infinita de lidar com rejeições. Rafael possuía todas essas qualidades, mas mesmo assim, os dias eram longos e muitas vezes frust
retanto, tinha
odo seu corpo: os destroços de um carro de luxo caído em um barranco à beira da estrada. Sem hesitar, Rafael
amou, correndo em
tipo asa, que normalmente se abriam para cima com elegância teatral, estavam agora deformadas e parcialmente arrancadas. O para-brisa havia se transformado em uma teia de vidro estilhaçado, ainda mantido vo dentro daquele carro, o tempo era essencial. Aproximou-se mais, ignorando os cacos de vidro que estalavaegurança, a cabeça pendendo para o lado, um filete de sangue escorrendo de um corte na testa e formando um caminho sinu
uvir? - gritou, batendo
ovamente. Estava vivo, mas claramente desorientado e possivelmente com ferimentos internos. A fumaça que saía do mot
a sua força, mas ela não se moveu nem um milímetro. O pânico começou a crescer em seu peito. Se não conseguisse ti
istância. Correu até ela, sentindo o peso da responsabilidade e a pressão do tempo sobre seus ombros.
ria ferir ainda mais o homem preso dentro do veículo. Mas a alternativ
que o homem, mesmo em seu estado semic
erado explodindo em milhares de pequenos fragmentos que choveram sobre o interior do carro e sobre o próprio Rafael, alguns deles cortando sua pele exposta. Igno
nismo interno de abertura da porta. Seus dedos, agora manchados com seu próprio sangue dos cortes causados pelo vidro, encontrodia ver pequenas chamas começando a lamber a parte frontal do veículo. Com uma determinação renovada, posic
o esforço, suas articulações ameaçando ceder sob a pressão. Mas então, quando estava prestes a desistir, algo cedeu. Com um estalo metálio odor metálico de sangue criavam uma atmosfera sufocante. Gabriel estava pendurado no cinto de segurança, a
sempre carregava consigo - uma herança de seu pai, um objeto que muitas vezes zombara de si mesmo por carregar em uma eraa frente, e Rafael teve que usar toda sua força para impedir que o homem inconsciente caísse sobre o volante e se f
aqui - murmurou Rafael, mais pa
, que agora consumiam a parte frontal do carro com voracidade crescente, era intenso contra sua pele. Cada s
Gabriel cuidadosamente no chão. O empresário gemeu fracamente, s
guntou, inclinando-se sobre ele,
seguia manter-se consciente. Rafael rapidamente verificou os sinais vitais: pulso rápido mas presente, respiração irregular mas não obs
stavam. O fogo devorava vorazmente o que restava do veículo, transformando-o em uma pira funerária de metal e luxo. O contraste não poderia ser mais grita
nchado, ainda exalava qualidade e refinamento. O relógio em seu pulso, que brilhava sob a luz das chamas, provavelmente custava mais do que Rafael ganh
um morador local que ouviu o acidente - havia chamado os serviços de emergência. Rafael sentiu uma onda de alívio pe
ndo a escuridão como facas luminosas. Dois paramédicos desceram rapidamente, carregando equipamentos de
deles a Rafael, enquanto o outro começav
e de seus próprios cortes e queimaduras leves.
iu, reconhecendo a
alvou a vida dele. Out
enas uma carcaça carbonizada e fumegante. Um bombeiro que chegara com a ambulância trabal
e. Colocaram-no em uma maca, fixaram um colar cervical para imobilizar seu pescoço, inseriram
s a Rafael, enquanto se preparavam para colocar Gab
quem era e por que o destino havia cruzado seus caminhos de maneira tão dramática. Mas outra parte - a parte prática, a parte que
ver cumprido. Havia feito o que qualquer pessoa decente faria: ajuda
- respondeu, recuando um passo. - Só qu
o assentiu
ntica. É o melhor da região. Se quiser sab
l para dentro da ambulância. As portas se fecharam, e o veículo partiu
o fogo e agora conversava com um policial que acabara de chegar. Rafael sabia que teria que dar um depoimento sobre o que viu e o que f
r. Estas mesmas mãos que, horas antes, haviam apresentado catálogos de produtos, apertado as mãos de clientes em po
arras da morte não era apenas mais um empresário rico, mas alguém cujo poder e influência transcendiam o comum, mesmo entre os privilegiados. Que este acidente, aparen
l e figurativamente. E das cinzas daquela colisão, algo novo e imprevisível começaria a
horizonte, deixando Rafael sozinho com seus pensamentos e com a sensação