taram Alicia como filha, ela amava estar junto com eles e tinham ali também os avós por parte dos pais, das duas famílias. O cheiro do churrasco no ar - tudo isso criava uma atmosfera perfeita para qualquer coisa, menos para estudar. Joana estava lá, sentada em uma mesinha com dois copos de refrigerante, alguns papéis voando com o vento e o caderno de matemática aberto na parte de equações, de novo. - A ideia era você me ajudar com os exercícios, não me distrair comendo churrasco - ela disse, semicerrando os olhos para ele, que vinha da cozinha com duas fatias de pão de alho e um sorriso largo. Ele realmente era lindo que olhos e ombros largos compunham uma bela figura. - Eu consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo - ele disse, sentando ao lado dela, tão perto que ela sentiu o cheiro do perfume dele. Aquele cheiro bom, amadeirado com hortelã, meio perigoso e refrescante. Joana tentou focar nos números, mas era difícil. Ainda mais com ele olhando o caderno por cima do ombro dela, encostando só um pouco mais, como quem não quer nada. Só o suficiente para fazer a pele dela esquentar. - Aqui, ó - ele apontou quase encostando o seu rosto no dela. - Você tem que multiplicar cruzado. Regra de três é tipo relacionamento: se você errar o cruzamento, dá tudo errado. - E você entende muito de relacionamento, né? - ela retrucou, sem conseguir esconder o sorriso. Tarso riu e encostou o queixo no ombro dela, rápido, como uma brincadeira. Mas ficou um segundo a mais do que devia. Joana nem respirou fundo, ele percebeu. - E se eu entendesse? - ele murmurou perto demais. - Você me deixaria te ensinar? O coração dela disparou. Ela fingiu procurar uma caneta dentro da mochila só pra quebrar o momento. Mas o clima... Já estava feito. No quintal, alguém aumentou o som. Uma música romântica e brega começou a tocar, daquelas que a mãe do Tarso adorava colocar nesses churrascos, ele riam e dançavam, sempre bebendo alguma coisa para se refrescar. - A gente pode ir lá dentro, se quiser - ele sugeriu, quase num sussurro. - Tem menos barulho... E ar-condicionado. Ela hesitou. Olhou para o caderno, para a letra dela toda torta no meio da equação inacabada. E então olhou para ele. - Você só quer fugir da parte difícil da matéria - ela disse. - Não é a matéria que tá difícil - ele respondeu. - É você. Joana segurou o lápis com força. Sentiu o rosto queimar até as orelhas. Tarso se levantou e estendeu a mão para ela, como quem convida para dançar. Mas ela sabia: não era só uma dança. Nem só um estudo. Era mais um passo naquela corda bamba que os dois caminhavam juntos, sem saber até quando conseguiriam se equilibrar. Ela pegou na mão dele e foram. Tarso falou já no caminho sem olhar para trás, pois seus pais estavam dançando de um jeito intimo, as avós organizando as coisas e os avôs, bom tinha um avô na piscina com Jamal e os outros dois tomando conta da churrasqueira que foi deixada de lado por Leandro e Oliver tirarem suas mulheres para dançar agarradinhos, isso nunca mudava, eles eram eternos namorados. Quando chegaram ao andar de cima, no quarto dele, fecharam todas as janelas e portas e Tarso ligou o ar condicionado. Joana percebeu que o quarto estava arrumado e perguntou se estava tudo bem com ele, pois isso era um milagre, ele riu de lado e disse que arrumou porque sabia que eles iriam estudar ali. O quarto do Tarso estava arrumado do jeito mais charmoso possível: livros