r dos pneus no asfalto ainda morno, traçando uma linha reta entre o passado que deixei para trás e o desconhecido que me aguardava à frente. O balan
ontos tremeluzentes que, aos poucos, iam desenhando o contorno de uma cidade que, por tantos anos, existiu para mim apenas como símbolo, uma
s. Brasília sempre me pareceu mais conceito do que lugar. Uma utopia arquitetônica. Um plano de cidade idealizada, nascido de uma prancheta e do sonho de um
a chegada dos que ousam atravessar suas fronteiras. A Catedral de Brasília, com suas colunas brancas erguidas ao céu, parecia feita para acolher tanto a fé quanto a dúvida. Ao longe, o Palácio da Alvorad
cas. O vento seco penetrava pelas frestas da janela, trazendo consigo o cheiro de terra úmida de irrigação, resquícios de eucalipto e o perfu
tão suave que parecia estar vindo de dentro de mim. Era como se Brasília tivesse sua própria trilha sonora, íntima e discreta, feita para aqueles que decidem escutá-la com aten
penas existia. Não pedia nada. Não explicava. Apenas se mostrava, paciente, como quem espera s
um gesto familiar a quem viaja com frequência. Quando desci, o asfalto áspero sob minhas botas me deu uma estranha, quase absurda, sensação de pertencimento. Co
opostas. Despedidas contidas, reencontros silenciosos. Vozes abafadas, malas deslizando pelo piso em unís
ava ali. Inteiro. Desa
el. Brasília me recebeu sob um céu limpo, onde as estrelas pareciam mais distantes do que em qualquer outro lugar, e m
ciam de cor. Eu, por outro lado, fiquei parado. Sentindo o ar seco da madrugada tocar meu rosto como um
quentes do interior recortavam a escuridão como um farol doméstico. E lá dentro, o cheiro inconfundível d
, Brasília ainda dormia. Mas dentro de mim, algo havia acordado. Algo antigo. Algo novo. Algo que não se ex
m gesto silencioso de acolhimento. Um primeiro pequ
s, esperanças e uma história que precisava ser reescrita. Mas, ao contrário dele, eu não trazia raiva no peito nem se
eria descobrir se era possível ser diferente. Se era possível reinvent