Ela olha para as roupas no banco e rapidamente as segura na frente do corpo para tentar se esconder do olhar nojento de Júnior.
- Não se esconda de mim. Posso te proporcionar prazer e dinheiro pelos seus serviços. Sei que é uma mulher solitária e...
- Cale-se! Você não sabe nada sobre a minha vida. Saia. SAIA!
Contudo, alguém ouve seus gritos e tenta abrir a porta. Como não consegue entrar no cômodo, bate na porta.
- Jéssyca, abra a porta! Quem está aí com você?
- Se me denunciar, terá problemas no futuro - diz, colocando as mãos no bolso com um meio sorriso de deboche nos lábios.
- Não tenho medo - diz, indo abrir a porta, mas antes de tocar a maçaneta, ele a segura com firmeza.
- Se abrir a porta, vai me denunciar. Estou avisando que, se eu tiver problemas, você sofrerá as consequências.
Ela puxa o braço e, com os dedos trêmulos, destranca a porta, saindo apenas com as roupas de baixo e os olhos úmidos. Claudio, um senhor de meia idade, olha para Júnior com desprezo.
- Saia daí, deixe-a se trocar. O que estava fazendo? O chefe não vai gostar de nada disso.
- Ela queria...
- Ah, o quê? Seu mentiroso!
- Entre no vestiário, Jéssyca. E você, venha comigo.
Uma hora depois, Jéssyca entra na faculdade às pressas, é seu último ano. Ela estudou com excelência por quatro anos, mas, neste último ano, está frequentemente ausente nas primeiras aulas. Tentou explicar a importância de seus estudos para os patrões, mas eles não se importaram, disseram que, se quisessem, poderiam pedir demissão e procurar outro emprego.
Ela abre a porta no meio da segunda aula, fazendo com que o professor pare de falar e todos olhem para ela enquanto vai até sua mesa e se senta, o rosto vermelho de vergonha pelo atraso. Em um determinado momento da aula, ela lembra do que aconteceu após se trocar: foi direto ao escritório do patrão e não pensou duas vezes antes de acusar o colega de ofendê-la e tentar abusar dela.
Recolocando seus pensamentos em ordem, ela volta a prestar atenção na aula. Ela escolheu administração de empresas e espera conseguir um emprego assim que se formar. Seu objetivo é mudar de vida, deixar sua pequena kitnet e morar em uma casa maior.
Na saída, ela consegue uma carona com uma de suas colegas, e só de pensar que não precisa andar por quase uma hora, ela agradece, pois está exausta.
- Você está tão quieta hoje. O que houve? - perguntou Marta.
- Tive problemas com um abusador no trabalho.
- Nossa, que situação difícil.
- Ele saiu algemado da padaria. O que mais me preocupa é que ele disse que se vingaria.
- Então, fique atenta, amiga. Esse cara provavelmente vai sair sob fiança, você vai ver. Espero que ele não venha atrás de você. Desculpe, não quero te preocupar mais. Amanhã é sexta-feira, que tal sairmos para a "Night"?
- Fala sério, sou caseira, não gosto desses lugares. As músicas são ensurdecedoras, e os garotos só querem transar. Estou fora, nem pensar.
- Você até poderia transar com alguém e esquecer um pouco essa tristeza. Deve estar sem sexo há décadas.
- Não exagera. - Ela para de falar e olha para a colega um pouco envergonhada. - Tem um tempo, uns dois anos. Foi com meu último namorado, infelizmente não deu certo.
Marta escuta o que a colega diz e toma a decisão por ela.
- Você vai e não se fala mais nisso. E se aparecer um gostosão, agarre ele e seja feliz.
Jéssyca sorri com o comentário, fica calada, mesmo achando graça. Ela está certa, precisa sair um pouco e espairecer. Tem apenas um vestido adequado para essas ocasiões, e sabe que usar o mesmo vestido sempre pode ficar repetitivo, mas não tem dinheiro para comprar roupas que não sejam para o dia a dia.
Assim que desce do carro, agradece a Marta. Olhando para os lados, ela abre o cadeado do portão. Ela se sente aliviada por não precisar passar pela porta dos vizinhos; seu quarto é o primeiro assim que entra no corredor, o que a permite sair e voltar sem ser vista por ninguém. Alguns vizinhos são bem intrometidos, faz de tudo para evitar ser o próximo alvo de seus comentários, mas de vez em quando, ela ainda ouve burburinhos.
No dia seguinte, ela entra para trabalhar. Antes de ocupar seu lugar, é chamada até a sala do patrão, onde recebe uma notícia bombástica.
- Aqui está seu aviso prévio. Pode assinar e escolher se quer sair uns dias antes ou trabalhar os trinta dias saindo mais cedo.
Ela observa o patrão como se ele fosse uma cobra prestes a atacá-la, virando a cabeça de um lado para o outro indignada.
- Não acredito que estão me dispensando por causa do que aconteceu ontem à noite. É como se eu fosse a culpada pelo que aconteceu.
- Não foi por isso. Estamos cortando custos, e você é uma das funcionárias mais novas. Não queremos dispensar os mais antigos de casa.
Ela não acredita nessa desculpa esfarrapada. Não deixaram nem a poeira baixar antes de inventarem essa explicação. Não há outra justificativa; com certeza foi pelo incidente com o Júnior, fato mais do que evidente. Bando de canalhas!
Sem vontade de trabalhar, ela vai para o vestiário e libera toda a sua tristeza em lágrimas. Não é fácil encontrar outro emprego, e ela não tem economias. Trabalha na padaria há apenas dois anos, então não receberá muito. Seu receio é que o dinheiro não seja suficiente para pagar o aluguel, a faculdade e sua alimentação.
- Droga!
Horas depois, ela chega à faculdade. Como optou por sair mais cedo, teve tempo de passar em casa e fazer uma refeição.
Deixou o vestido estendido na cama e o par de saltos altos no chão, ambos pretos e brilhantes. O vestido sempre lhe caía muito bem, realçando todos os seus atributos. No entanto, ela sabia que, se ganhasse peso, por ser justo, não serviria mais, e também não teria dinheiro para comprar outro tão cedo.
- Terra chamando, Jéssyca - diz Marta. - Você vai, certo?
- Se você me der uma carona, eu vou.
- Ótimo, sua carona está garantida.
Após as aulas, ela guarda o material, bocejando várias vezes, pois o cansaço da semana toda é extremo, especialmente por ser sexta-feira.
- Espero que você não durma enquanto estiver dançando - diz Marta, sorrindo.
- Pode acontecer - responde, também sorrindo.
Marta a deixa em casa, prometendo voltar em uma hora. Após esse tempo, ela entra no carro da colega e fica surpresa quando param em uma danceteria Country.
- Como você disse que curtia algo mais suave, te trouxe para conhecer o cowboy dos seus sonhos.
- Até parece que vou encontrar o homem da minha vida nesse lugar; é mais fácil encontrar o pesadelo da minha vida.
- Não seja pessimista.
- Não sou, mas também não serei ingênua.
- Você é uma garota de pouca fé, devo dizer - diz a colega.
Marta para de falar, observando um burburinho perto delas.
- Aquelas garotas estão bem animadas; deve ser um tremendo gostosão sentado no bar. Vamos lá ver.
- Acho melhor ficarmos aqui...
- Você vem comigo - diz, puxando a mão dela. - Ah, Deus. É um coroa, que delícia. Vai lá, amiga. Esse aí vai fazer você se molhar fácil.
- Está louca?
- Vai logo, aqui a única que está há muito tempo sem sexo é você.
- Não faço sexo casual.
- Hoje vai fazer - diz, empurrando-a para o bar e seguindo para a pista para dançar com um grupo de caras.
Jéssyca engole em seco, não tinha reparado no homem e está com medo de tomar uma decisão que possa se arrepender depois. Se ele é um coroa, poderá pensar várias coisas erradas sobre ela. Talvez uma caçadora de tesouros, mas, por ele estar nesse tipo de lugar, provavelmente não tem muito dinheiro.
Enquanto pensa se vai até o balcão ou não, Marta volta e a empurra, fazendo-a dar alguns passos para frente e esbarrar no cowboy. Pede desculpas, olhando para baixo, com o rosto avermelhado de vergonha.
Ela olha para o barman, ele aguarda pacientemente que fale. Como ela não diz nada, o barman a incentiva.
- O que gostaria de beber?
Do outro lado, algumas mulheres a olham com cara de poucos amigos. Ela se vira novamente para o barman.
- Vou querer uma Piña Colada, por favor.
- Excelente escolha, senhorita.
Enquanto o barman prepara a bebida, ela observa sua agilidade. Está muito envergonhada para olhar o tal coroa, por isso não desvia o olhar do barman por nenhum momento.
Ruan achou muito engraçado o nome da bebida que a moça ao seu lado escolheu. Com a mão no queixo, ele olha para o lado e observa a bela jovem.
Sentindo-se observada pelo homem, ela começa a ficar um pouco desconfortável, pois não tem coragem de olhar para ele.
- Aqui está, espero que esteja do seu agrado, senhorita.
Ela prova um pouco pelo canudo e fecha os olhos, sentindo prazer com o sabor.
- Hum! Está ótimo, simplesmente perfeito.
O barman sorri satisfeito e agradece. Ao lado dela, os olhos de Ruan brilham ao ver lábios tão lindos e carnudos sugando a bebida pelo canudo.
- Também quero uma bebida dessas.
Jéssyca fica surpresa e acaba olhando o homem ao seu lado.
- Sim, senhor - diz o barman, indo preparar a bebida.
Ainda observando-a, Ruan é o primeiro a falar:
- Você tem lindos olhos verdes, são como duas grandes esmeraldas. Chamo-me Ruan, e você, moça bonita?
- Jéssyca... - respondeu, sentindo toda sua pele se arrepiar com o timbre da voz dele.
- Muito prazer, Jéssyca.
Ele estende a mão, ela faz o mesmo. Seus dedos se entrelaçam em um aperto firme, e um calor intenso se espalha entre eles. Ruan inclina-se delicadamente e, com uma provocação sutil, deposita um beijo na palma da mão de Jéssyca, passando a língua de leve sobre a pele sensível. Seus olhos permanecem fixos nos dela, uma troca silenciosa de desejo. Jéssyca dá um salto, sentindo um formigamento elétrico percorrer todo o seu corpo, um arrepio de excitação que a envolve por completo. A química entre eles era palpável, e o jogo sedutor estava apenas começando.