A gêmea má

Pov Isabel

Eu sempre soube que tinha uma irmã gêmea. Desde pequena, eu sentia uma conexão especial com ela, mesmo sem conhecê-la. Eu sonhava com o dia em que eu poderia abraçá-la, conversar com ela, compartilhar os meus segredos e as minhas alegrias.

Mas esse dia nunca chegou.

Eu nasci em uma família rica e poderosa, os Albuquerque. Meus pais eram donos de uma das maiores empresas do país e me deram tudo o que eu podia querer: educação, conforto, amor, carinho. Eu cresci em um ambiente de luxo e sofisticação, cercada de pessoas que me admiravam e me respeitavam.

Porém, eu sempre senti que faltava algo na minha vida.

A minha irmã gêmea.

Eu não sei por que os meus pais decidiram me separar dela. Eles nunca me contaram a verdade sobre o nosso nascimento. Eles apenas disseram que ela tinha morrido logo depois de nascer e que era melhor eu esquecer dela.

Mas eu nunca esqueci.

Eu sempre tive certeza de que ela estivesse viva em algum lugar, esperando por mim. Eu sempre imaginei como seria a sua vida, se ela seria parecida comigo, se ela teria os mesmos gostos, os mesmos sonhos, os mesmos medos.

Eu sempre quis encontrá-la.

E hoje, finalmente, eu vou encontrá-la.

Eu estou no meu quarto, me arrumando para ir ao encontro mais importante da minha vida. Eu estou nervosa, ansiosa, emocionada. Eu não sei o que esperar dessa reunião. Eu só sei que ela vai mudar tudo.

Eu olho no espelho e vejo o meu reflexo. Eu sou loira, de olhos verdes, alta e magra. Eu tenho 25 anos, mas aparento ser mais nova. Eu sou bonita, mas não me acho deslumbrante. Eu sou simples, mas não me acho sem graça. Eu sou feliz, mas não me acho completa.

Eu pego o meu celular e vejo a mensagem que recebi ontem à noite. A mensagem que mudou a minha vida.

"Olá, Isabel. Meu nome é Isadora e eu sou a sua irmã gêmea."

Eu fico sem reação por alguns segundos. Eu leio a mensagem várias vezes para ter certeza de que não é um engano ou uma brincadeira. Eu sinto um frio na barriga e um nó na garganta. Eu não sei se fico feliz ou assustada com essa revelação.

Eu respiro fundo e decido responder à mensagem.

"Olá, Isadora. Eu sou a Isabel e eu também sou a sua irmã gêmea."

Eu espero alguns minutos até receber outra mensagem dela.

"Isabel, eu sei que isso pode parecer estranho e inacreditável, mas é a verdade. Nós somos irmãs gêmeas e fomos separadas no nascimento. Eu tenho provas disso e posso te mostrar se você quiser."

Eu sinto uma mistura de curiosidade e desconfiança. Eu quero saber mais sobre essa história, mas também tenho medo de ser enganada ou iludida.

"Como você sabe disso? Como você me encontrou? Onde você está?"

Eu pergunto rapidamente, esperando uma resposta convincente.

"Isabel, eu sei disso porque eu fiz uma pesquisa sobre a nossa família biológica. Eu descobri que nós nascemos em um hospital particular e que fomos entregues para famílias diferentes logo depois do parto. Eu achei o nosso registro de nascimento e a nossa certidão de óbito falsa."

"Você encontrou o nosso registro de nascimento? E a nossa certidão de óbito falsa? Como isso é possível?"

"Isabel, isso é possível porque eu tive acesso aos arquivos do hospital onde nós nascemos. Eu trabalho lá como enfermeira há dois anos e consegui hackear o sistema de informação."

"Você trabalha no hospital onde nós nascemos? E você hackeou o sistema de informação? Você é louca?"

"Não, Isabel, eu não sou louca. Eu sou determinada. Eu sempre quis saber a verdade sobre a minha origem e eu não desisti até encontrá-la. E agora eu quero te conhecer pessoalmente e te contar tudo o que eu sei."

"Você quer me conhecer pessoalmente? Onde e quando?"

"Eu quero te conhecer hoje, no café da esquina da sua casa. Eu sei onde você mora porque eu te segui ontem à noite. Eu te vi saindo do seu carro e entrando na sua mansão. Você é muito bonita e elegante, Isabel. Você tem uma vida de sonho."

Eu fico arrepiada com as palavras de Isadora. Ela me seguiu ontem à noite? Ela sabe onde eu moro? Ela me elogiou ou me invejou? Eu sinto um medo crescer dentro de mim.

"Isadora, eu não sei se eu quero te conhecer hoje. Eu preciso de mais tempo para digerir tudo isso. Eu preciso falar com os meus pais, com o meu marido, com alguém que me ajude a entender o que está acontecendo."

"Não, Isabel, você não precisa de mais tempo. Você precisa me encontrar hoje e ouvir o que eu tenho para te dizer. Você precisa saber a verdade sobre a nossa família, sobre os nossos pais, sobre o nosso destino. Você precisa saber que nós somos iguais, mas diferentes. Você precisa saber que eu sou a sua irmã gêmea, mas também a sua inimiga."