Era uma tarde de domingo de Inverno, feia e chuvosa, e acabei por ficar o dia inteiro deitada no sofá sem fazer nada além de ver séries na tv. O corpo doia, sentia me cansada sabe se lá porquê, e a fome dominava mas nem isso me fez levantar do sofá! De repente a campainha toca "Triiiiiimmm triiiiiimmmm", ignorei porque não estava à espera de ninguém no momento e também porque não me apetecia sair do conforto. O meu cão Tommy que já tem 7anos, começa a ladrar sem parar, e a abanar a cauda, pelo que percebo que tenho de o acalmar e decido ir abrir a porta.
Quando a abro vejo uma amiga de infância, que não falava há mais de 2 anos porque ambas fomos estudar em cidades diferentes ( Eu vim para Lisboa e ela para Leiria). Ela corre para mim com um enorme sorriso e abraça me:
"Márcia amiga, que saudades!!! Estás igual, não envelheceste nadinha...". Fiquei sem jeito, e só me saiu :
" Olá Célia, estás bem? Que fazes aqui? Entra...(dois anos sem a ver e esta foi a minha única reação..)". Mostrei lhe a casa, e quando ia oferecer algo para comer e beber percebo que não tenho nada pronto para oferecer, nem para petiscar porque fiquei o dia todo no sofá e não fui às compras...
- "Celia, deves ter fome, e eu estou faminta, vou pedir algo online para o jantar e jantas comigo, faço questão" e assim foi. Escolhemos jantar comida tradicional portuguesa, o famoso Bitoque que nos lembra a nossa infância, e um belo vinho tinto.
Enquanto esperamos pelo jantar a Celia explica me que veio para Lisboa hoje porque vai começar a fazer um Mestrado em Finanças e que precisava de um sítio para ficar e por isso estava aqui.
Ficamos a falar durante uns 30 minutos até que a comida chegou.
Após o jantar, decidi que devia mostrar-lhe o bairro mas já era tarde, então levamos o Tommy (o meu cão) por precaução, mesmo não sendo um bairro perigoso, o meu cão por ser um pitbull mete respeito! Estávamos nós a meio do passeio quando começou a chover torrencialmente e tivemos de voltar para casa a correr.
- "Celia" disse eu, "estás encharcada e vais ficar doente, o melhor é tomares um banho quente, e eu arranjo umas roupas para ti, e podes ficar ca em casa até conseguires um sítio para morar".
"Márcia, vou aceitar" disse ela. " acabei de chegar, e vim aqui porque a tua mãe me deu a tua morada, eu ia ficar num hotel ate conseguir arrendar um quarto, mas se puder ficar contigo eu prefiro, conheço-te desde pequena, somos amigas, a nossa família conhece se e somos da mesma terra. Além disso sempre quiz ter um cão e os meus pais nunca deixaram, esta será a minha oportunidade de viver com um animal em casa e com a minha amiga de infância, eu agradeço te muito ".
Acordámos cedo, porque é Segunda feira , colocamos música alta, comemos fruta e fizemos um café (única coisa que tenho em casa para um pequeno almoço), depois fumamos um cigarro na varanda, onde observámos os pássaros nas árvores e o enorme jardim de frente a casa, onde já havia gente a correr. Decidi que hoje não ia trabalhar, pois precisava ajudar a Célia no seu primeiro dia de Mestrado, mostrar lhe como chegar a escola de transportes, ajudar a tirar o passe mensal de estudante, precisava comprar mercearias para casa e tinha de levar o cão a rua antes de tudo isto. Olhando para as horas e embora tivéssemos acordado cedo, tinhamos de acelerar para nao chegar atrasadas!