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Entre e o Poder e o Amor

Entre e o Poder e o Amor

5.0
236 Capítulo
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Sinopse

Índice

Leonardo vive seu maior sonho, atuando como Governador do Estado de São Paulo, ele gerencia o maior estado do país com mãos de ferro em um partido conservador. Sua vida se resume a trabalho. Depois de um divórcio conturbado, ele entende que sua vida pessoal deve ser estar em segundo plano. Até que o passado pode colocar em jogo sua vida política. Jéssica mora no Rio de Janeiro, dando o seu melhor como mãe solo. Depois de receber uma ligação avisando que sua tia Maria, a sua única parente, está doente e precisa da sua ajuda imediatamente. Ela decide voltar para São Paulo, lugar onde ela provou o amor e a humilhação. Quando Leonardo reencontra o passado ele descobre que seus inimigos políticos podem jogar todo o seu esforço na lama, por algo que que ele nem sabia, a paternidade de uma criança que mora em uma comunidade. E agora Jéssica fará de tudo para não perder a guarda da sua filha, até mesmo reacender a fagulha que o homem poderoso a sua frente sentiu um dia.

Capítulo 1 Prólogo

É sempre assim, todas as noites eu finjo dormir para que o monstro não perceba que sinto seu toque nojento por cima da minha vagina e continue tudo que faz comigo.

Titia sempre traz esses homens para nossa casa e tenho que esconder todo o medo que sinto em ter eles sorrindo para mim. Tia Maria é a única pessoa que tenho nesse mundo. Ela diz que quando eu for mocinha, vai me ensinar como viver nesse mundo e que meu corpo precisa se formar logo para que assim eu consiga ganhar muito dinheiro atraindo homens apenas com ele. Não entendo por que a titia diz essas coisas. Não quero crescer e sim continuar criança como agora.

Controlo a respiração, quando ele passa o dedo por dentro da minha calcinha de bichinhos e não posso chorar ou o monstro vai ficar esfregando o negócio dele na minha bunda como sempre faz.

Relaxo um pouco, quando percebo que ele saiu do meu quarto e abro os olhos em meio a escuridão. Me sento em minha cama, conferindo se ele não sujou meu lençol e ainda bem que essa noite não tinha nada que eu precisasse limpar depois. Titia saía com esses homens e muitas vezes me deixava sozinha em casa. Sou criança, mas entendo quase tudo. Hoje de tarde fui comprar refrigerante no bar do seu Manuel eu vi o filho do tio Francisco. O Pedro parece um príncipe usando aquela roupa do trabalho. Ele vai ficar no lugar do pai dele um dia. Titia me contou uma vez. Tia Maria vive falando do Pedro aqui em casa, de como ele é bonito, inteligente. Pena que ele nunca vai olhar para mim, porque sou criança e ele é adulto. Saio da cama, para trancar a porta do quarto, mas não consigo. A chave não está na fechadura e vou ter que dormir com ela encostada.

Volto para minha cama, me embrulhando da cabeça aos pés. Faz tanto calor, mas é melhor dormir assim, que ter aquele monstro me tocando novamente. Fecho os olhos tentando dormir. Quem sabe eu não sonho com o Pedro outra vez, ele sorrindo para mim quando me viu comprando refrigerante. No sonho sou uma mulher como a titia Maria diz que serei um dia e que vou ter quem eu quiser usando a minha beleza. Titia as vezes fala tanta coisa boba, coisas que não gosto de ouvir, mas prefiro me calar que apanhar dela sempre que faço algo que ela não gosta.

Isso vou dormir, rezando para que os dias ruins acabem e que eu possa ser feliz com um príncipe como o Pedro que me trate como as princesas dos contos de fadas que gosto tanto de assistir.

Leonardo

Hoje era o dia em que assumiria o comando do maior Estado do País. Minha posse como governador de São Paulo aconteceria daqui alguns minutos. Pedi que meus pais me deixassem sozinho por um instante. Minha vida mudou tanto desde o momento que assumi o cargo como diretor até ser eleito no primeiro turno. Durante os quatro anos que passei como secretário de saúde, dei o meu melhor. Trabalhei com afinco, me dediquei de coração a tudo que fazia e segui sendo o mesmo homem que meus pais criaram. Mesmo que no caminho algumas coisas tenham acontecido e por pouco não me desviei do que era certo, no final tudo acabou bem e agora eu começaria a lidar com uma nova fase na minha vida. Minha campanha foi limpa, sem atacar o adversário e justa com tudo que me propus a fazer. Marcelo foi condenado pelos crimes que cometeu e agora cumpria pena em Brasília. Pelo que ouvi de alguns conhecidos ele lutava para sair da prisão antes do tempo. Eu tinha uma boa relação com praticamente todos os membros do partido, consegui até mesmo manter uma relação de forma civilizada com Pedro e jamais deixei de ajudar Estrela Guia. As poucas vezes que estive lá, quando encontrei Viviane ela me tratou bem, e percebi que o sentimento que tinha por ela um dia já não existia. Eu vivia bem solteiro, sem ninguém em minha vida. Sara e eu voltamos a nossa relação depois que ela voltou ao Brasil, descobri muito depois o motivo dela ter ido embora para o exterior e que ela precisava passar mais um ano fora agora para controlar a doença e assim não precisar passar novamente por tratamento agressivo outra vez.

Pela janela do meu gabinete eu vi a movimentação de pessoas e a imprensa lá fora. Meu nome se tornou importante no cenário político pelo jeito limpo de fazer política. Eu tinha plena consciência de que muitos me odiavam, porém nada me faria mudar quem eu era de verdade.

A porta se abriu e minha assessora entrou me avisando que era a hora de descer. Arrumei meu terno, conferi minha gravata no espelho que tinha ali e peguei meu celular e a pasta com o discurso que faria pela primeira vez como governador eleito.

Saímos juntos do gabinete rumo ao meio daquelas pessoas, que confiavam em mim, no meu trabalho. Eu jamais sujaria meu nome, seguiria fazendo um mandato de forma honesta, limpa e sem mentiras ou enganação.

Jéssica

Rio de Janeiro

Cuidar de uma garotinha de quatro anos, esperta, que não parava um minuto sequer era bastante cansativo. Valentina era uma menina inteligente demais para a idade, curiosa e que amava brincar de médica com suas bonecas. Minha filha era a cópia exata daquele homem. Os olhos, o sorriso e tudo lembrava aquela pessoa que eu odiava. Morava em uma casa num bairro distante do centro com minha amiga Fernanda. Ela foi quem me acolheu quando decidi largar tudo em São Paulo e recomeçar em outro lugar.

—Mamãe olha o que tá passando na TV — distraída não vi que minha filha havia colocado no jornal da tarde e ao ver a imagem que passava na televisão, larguei a verdura que estava cortando na pia para mudar de canal.

Ao ouvir o que aquele homem dizia, a raiva dentro de mim foi tanta, quando ele disse que cumpriria a promessa de criar escolas de ensino fundamental integral a partir da primeira série e que se comprometia a trabalhar em parceria com a prefeitura com a construção de creches para as comunidades e assim ajudar mães solos.

Era piada ouvir o que aquele desgraçado dizia. Conquistou tudo, com aquela conversa dele, com seu jeito de bom homem que no fim não passava de um personagem mascarado que ele fazia. Boba era a mulher que se deixava enganar pelo maldito.

Mudo de canal, colocando em um aleatório e ouço Valentina brigando comigo por isso.

—Mamãe eu quero continuar vendo o moço na televisão.

Minha filha tenta pegar o controle da minha mão, porém sou mais rápida e coloco em cima da estante bem no alto para que assim ela não consiga alcançar.

—A senhorita não tem idade para ficar assistindo essas coisas e vamos para o quarto que daqui a pouco sua tia Nanda chega.

Aponto para a porta do nosso quarto. Vendo Valentina fazer seu bico quando ficava emburrada tentando me convencer a mudar de ideia. Aponto para o quarto, ela faz carinha triste, mesmo assim acata o que mando indo trocar de roupa para tomar o banho antes do jantar.

Assim que minha filha entra, pego o controle e coloco outra vez no jornal. A reportagem sobre a posse do novo governador de São Paulo continuava e rever aquele homem outra vez apenas trazia lembranças que eu queria esquecer. Já era difícil demais ter minha filha me relembrando todos os dias quem era o pai dela. Eu o odiava tanto, porém amava demais minha filha e por ela faria qualquer coisa para manter sua identidade escondida do mundo. Nanda conseguiu me livrar de muitas coisas, só que um dia eu acabaria sendo descoberta. Fugir do meu passado era o melhor a se fazer.

Vi seu rosto pela última vez, antes de desligar a televisão e ir até o quarto ver o que minha filha fazia. Era melhor esquecer Leonardo, o que ele representou e tudo que passei depois que ele me expulsou da sua vida.

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