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Luz na Escuridão

Luz na Escuridão

5.0
5 Capítulo
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Sinopse

Índice

Sempre soube que não seria fácil, que eu passaria por muitas provações. O passado sempre volta a me confrontar, quando enfim eu consegui superar, quando a minha vida já havia tomado um rumo. Formei uma nova família, tenho dois filhos com a mulher que eu amo. Aí ela ressurge, como se o tempo não tivesse passado, com a sua suposta morte não tivesse acabado comigo durante anos. Eu sei se sou capaz de perdoar o que ela fez comigo, eu não sei se acredito nessa historinha bem montada por ela. Mas infelizmente ainda existe dentro de mim algo sentimento por ela, que me faz querer acreditar nela.

Capítulo 1 Eloá

Eloá

Finalmente estou voltando para o Brasil.

Que saudade da minha terra, do meu povo, dos meus padrinhos e do meu irmão.

Morei nos EUA durante seis anos, e agora estou de volta, meu coração parece até uma furiosa bateria do Acadêmicos do Salgueiro, que saudades do samba ao som dessa bateria.

Fiquei olhando através da janela, várias lembranças boas, de quando ainda tinha 16 anos.

Vou contar pra vocês um pouco da minha história.

Eu sou cria do Morro do Salgueiro que fica localizado na Tijuca, desde de sempre morei lá. Meu pai era o frente de lá, mas infelizmente quando eu tinha meus 8 anos ele foi morto numa operação que teve lá no Salgueiro, com isso meu padrinho que era o segundo no comando ficou no lugar dele.

Minha mãe não suportou a dor de perder meu pai e acabou se afundando nas drogas, todo dinheiro que o meu padrinho dava da minha pensão, ela gastava para comprar drogas.

Então ele parou de dar a minha pensão pra ela, e me pegou pra criar.

Desde de então eu moro com ele e com a madrinha.

Eu tenho um irmão mais velho por parte de pai com outra mulher, pelo que eu sei que minha mãe era amante dele e acabou engravidando de mim e meu pai ficou com ela e largou a mãe dele.

Apesar disso, somos bem próximos sabe.

Eu amo meu irmão, morro de ciúmes do meu irmão e ele de mim, ele é envolvido no crime também, então já viu né.

Ele não podia me ver conversando com nenhum menino que já vinha cheio de marra e me botava pra casa, assim como ele eu também não posso vê ele com mulher nenhuma que já fecho a cara, aquelas coisas de irmãos ciumentos.

Quando eu tinha os meus 16 anos, passei a frequentar os bailes com a Luísa, uma das poucas amiga que eu tenho lá no Salgueiro.

Em um dos bailes eu conheci a Bruna, ela era do morro do Borel e vinha pra cá curtir baile, mina muito louquinha, mas é gente boa.

Toda sexta feira os bailes lotavam, meu irmão e o meu padrinho marcavam durinho em mim, vários meninos vinham falar comigo, mas era tudo de fora.

Já os do Salgueiro morriam de medo do meu padrinho e do meu irmão.

Mas eu dava meus perdidos, beijava na boca, já fiquei com alguns meninos daqui, mesmo eles com medo, mas ficavam comigo.

Mas eles sempre me respeitaram, até porque eu tinha vontade de ter nada além de uns beijinhos.

*****

Aos domingos meu padrinho sempre fazia churrasco na casa dele e ia tanta gente que virava até resenha, num desses churrasco foi que eu conheci ele, o homem que mudou a minha vida, literalmente.

Ele era um pouco mais velho que eu, todo marrento, cara séria o tempo todo, não dava confiança pra ninguém, era raro ver com alguma mulher, ele tinha vindo de outra favela e ia ficar como braço direito do meu padrinho.

Toda vez que tinha baile as meninas jogavam na cara dele, mas ele não dava confiança pra ninguém, eu sempre sentia ele me olhando de longe, bem discreto e sutil, mas eu sabia que era ele.

Ele nunca chegou em mim, cheguei a achar que era até coisa da minha cabeça, que eu estava criando esperança de algo que nunca iria acontecer.

Até que um dia tudo mudou, certo dia voltando da escola, eu estudava numa escola particular no asfalto.

Flashback de seis anos atrás

Caminhei calmamente cumprimentando a todos, sempre era assim, todos me conheciam.

Chegando na metade do morro comecei escutar os fogos sendo lançado e logo depois o tiroteio começou.

Eu cortei desesperada, entrei num beco chorando muito, fiquei agachada ali. Tentei ligar para meu padrinho e para meu irmão, mas eles não atendiam.

Estava abaixada atrás de uma lixeira, quando senti alguém me agarrando por trás. Eu ia gritar, mas a pessoa tampou a minha boca.

—— Xiiiuuuu.– quando eu olhei direito vi que era ele, fiquei mais aliviada.—— Tá maluca ficar na rua no meio dessa guerra porra.– ele falou com aquela voz grossa, me olhou dos pés a cabeça.—— Tá vindo da escola.– só assentiu com a cabeça.—— Bora que eu vou te tirar daqui.– ele me levou pra uma casa perto do beco, a casa parecia aquele quarto de segurança do filme "O quarto do Pânico", fiquei em pé encostada na parede. —— Nós vai ficar aqui até a parada lá fora cessar, já é?!– confirmei com a cabeça.—— Tu não fala nada não?– perguntou tirando a camisa, eu fiquei olhando admirando ele, ele é lindo demais. Os braços todo tatuado, uma tatuagem no pescoço, sobrancelha com um risco, piercing no nariz...—— Oooh garota, tô falando contigo.– ele falou com um sorriso no canto da boca.

—— Desculpa. – abaixei a cabeça sem graça.—— Eu não entendi o que você disse.– não conseguia nem olhar pra ele de tão sem graça.

—— Relaxa, tu estuda naquele colégio bacana né, deve ter um bando de playboy encima de tu lá.- ele falou com uma certa ira.

—— Tem alguns, mas eu não dou confiança pra eles.– fiz um coque no meu cabelo, ele acompanhou cada movimento meu.

—— Tô ligado, tu não dá moral nem pra nós favelado.— ele riu.

—— Não é bem assim.- ele arqueou a sobrancelha. —— Todo mundo tem medo do padrinho é é do meu irmão, então fica difícil ficar com alguém aqui do morro.– ele balançou a cabeça.

—— Mas não é impossível, correto?– eu ri.—— Eu sei dos seus perdidos, sei quantos caras desse morro tu beijou.– eu fiquei assustada, será que ele tá me seguindo.—— Fica assustada não, eu sei todos os seus passos.– ele foi se aproximando parou na minha frente botou uma mão em cada lado, senti o cheiro dele, como ele era cheiroso.—— Eu vi tu beijando cada um deles.– ele riu sem humor.—— Sabe o que me deixava mais puto.– neguei com cabeça.—— Que não era eu no lugar deles.– quando eu menos esperei ele me beijou me levantando.

Entrelacei minhas pernas na cintura dele, ele me levantou e caminhou comigo, senti algo macio nas minhas costas, ele deitou sobre mim ainda me beijando.

Ele parou bem na minha frente e ficou me olhando.

—— Tu é tão linda.- ele falou me deixando sem graça e voltou a me beijar, a mão dele passou por todo meu corpo me deixando cada vez mais excitada.

Ele colocou a mão dele debaixo da minha blusa e começou a apalpar um dos meus seios com uma mão e com a outra ele apertava a minha bunda. Ele tentou abrir a minha calça, mas na hora eu lembrei que era virgem e não era dessa maneira que eu iria perder a minha virgindade.

—— Eiii.– falei, mas ele continuou me beijando.—— PARA.– dei um grito que fez ele parar.

—— Achei que estava curtindo.- ele falou sem entender.

—— Eu estava... Quer dizer eu estou.. mas é que..– como eu vou falar pra um cara de 28 anos que eu ainda sou virgem. Ele arqueou a sobrancelha, mas depois sua feição mudou.

—— Já entendi tudo.– ele falou puxando um baseado do bolso acendeu, deu um trago e soltou a fumaça.—— Tu é virgem, não é?! - afirmei com a cabeça toda sem graça.—— Foi mal se fui rápido demais, eu sou assim não sei me controlar.– ele terminou de fumar.—— Ainda mais assim, tão perto de tu.– ele riu e se sentiu na cama.—— Vem cá, senta aqui. – falou batendo na perna dele, sentei no colo dele.

—— Desculpa, você deve tá me achando tão boba.– ele ficou me olhando.—— Você deve está acostumado com um monte de mulher com mais experiência do que eu, que deve fazer até borboleta Paraguaia.– falei e ele soltou uma risada tão linda.—— Não rir de mim poxa.– dei um tapa nele.—— Não é que eu não queira, mas se for pra acontecer com você, não quero que seja aqui, nesse barraco num meio de tiroteio.– falei e balançou a cabeça.

—— Correto, deixa as coisas fluírem, eu quero tu minha preta desde da primeira vez que eu bati o olho em tu lá na casa do padrinho.– ele falou com os olhinhos puxadinhos.—— Perguntei logo pro DasTrevas, quem aquela preta ali. Ele me olhou de cara fechada tá ligada.– ele riu jogando " a cabeça pra trás.—— Ele disse serião, " aquela preta é a minha afilhada, acho bom ficar bem longe dela que ela não pro seu bico". Eu não falei mais com ele sobre tu, mas sabe que eu gosto é do perigo, não conseguia mais te tirar da mente, fiquei galudão na preta e nem sabia o porque.– eu apenas ouvia tudo.—— Eu sei que tu sentiu algo também, sei que tu já reparou nas minhas olhadas pra tu no baile.– ele olhou pra mim e riu como se lembrasse de algo. —— Ver tu dançando instigando a rapaziada, geral de olho na minha preta índia, mas nem podia chegar junto em tu.– ele falava olhando nos meus olhos.

—— Eu nem sei como e nem o porquê, mas eu também senti algo diferente por você.– ele pega meu cabelo colocando uma mecha atrás da minha orelha.

—— Tu tá ligada que se lance nosso vai ser difícil, mas eu tô disposto a entrar na bala pra ficar contigo e tu, quer isso mesmo ?– eu não sabia o que responder.

—— Olha, foi tudo muito rápido.– respirei fundo.—— Eu achei que isso.. quero dizer nós dois.- fiz um gesto com a mão apontando pra nós dois.—— Nunca fosse acontecer sabe, eu quero ficar com você, mas podemos ir com calma, vamos nos conhecendo mais. Pode ser ? – ele assentiu com a cabeça.

—— Correto, mas a parada é eu e tu.– ele coçou a cabeça.—— Não quero te ver com ninguém, eu não também vou manter minha postura. -- ele falou.

Eu ia responder, mas o telefone tocou. E ele atendeu.

Início da ligação

— Suave, tô na base do meio.

....

— Rlx DasTrevas, - ele me olhou deu um sorriso sacana.— Ela tá comigo!

....

— Porra tirei sua afilhada do meio do tiroteio, tu ainda vem bater neurose. Tá de sacanagem.—— falou boladinho

....

— Vou levar ela cara, relaxa que não eu encostei nela não.– ele é sem vergonha.

.....

— Daqui a pouco eu broto aí com ela, vou acionar meus seguranças...

Fim da ligação

—— Sua cara nem queima né?!– ele se jogou na cama rindo e me puxou junto.

—— iiiih, colfoi? Encostei em tu?– falou passando a mão na minha bunda.

—— Não do jeito que você queria né.— ele riu me abraçando.

—— Preta a partir de agora sou eu e tu, eu te dei meu papo de homem.— ele segurou meu queixo.—— Falei sério quando disse que não quero te ver com ninguém, vai tudo no sigilo pros outros, mas pra nós não. Tu entendeu? — ele fechou a cara.

—— Entendido chefe.— falei brincando.

—— Brinca mais que brincadeira tu, agora bora aproveitar mais um pouco antes de devolver pro seu padrinho...

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