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Rainha de Ferro

Rainha de Ferro

5.0
9 Capítulo
39 Leituras
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Sinopse

Índice

Os Ferros governam Allen desde os primórdios. A dinastia inabalável fundou o país com magia, e fez do reino a maior soberania do continente de Stór. No entanto com os seus poderes adormecidos, o sangue escuro que rege a coroa começa a perder apoio político e civil e se tornar constantemente o alvo de um grupo rebelde que age contra a monarquia e o sistema que divide a população. O estopim surge quando a família real é totalmente dizimada em um terrível ataque contra o palácio. Agora, com o caos implantado e o trono vazio uma guerra é semeada. Disputas ferozes são iniciadas onde princípios e honra perdem o seu valor. Nesse meio tempo Victoria Megan, uma sulista sem nada que luta para sair da vida que lhe foi imposta, tem a revelação de que o seu passado misterioso está ligado com o sangue escuro, e que agora ela era a única solução para um país à beira do colapso. Como a única herdeira de uma dinastia poderosa, Toria terá que decidir se vale a pena lutar por um povo que ela não conhece e enfrentar a alta corte cheia de intrigas e traições que a querem fora do caminho. Reivindicar uma coroa que foi destinada a ser sua nunca foi tão difícil. E cada vez o preço para tê-la se torna surpreendentemente, mais perigoso e sangrento.

Capítulo 1 Prólogo

Allen, nosso amado grande reino está localizado no continente de Stór, entre Lunar, o Império de Eyja e o País de Gralaham.

As vertentes de Stór em suas raízes compartilham da mesma colonização portanto em sua maioria, também da mesma língua (com exceção de Lunar). Embora as culturas de cada reino sejam tão individuais e próprias que seus territórios parecem estar a quilômetros de distância um do outro. O que não é o caso já que, por exceção da grande ilha Lunar separada pelas águas marítimas, o resto dos reinos se divide apenas por um punhado de terras e árvores.

Cada reino de Stór foi construído sobre anos de trabalho árduo e dedicação. Os quatro reis militares fizeram o primeiro pacto de união quando compreenderam que não poderiam sobreviver aos ataques de piratas e estrangeiros, e a escassez de alimentos, sem o apoio um do outro. Lunar cedeu suas estratégias de navegação e os avançados barcos para facilitar a proteção e o comércio de todo o litoral dos reinos de Stór. O império de Eyja possibilitou o acesso para treinamentos mais eficazes em campos densos e fechados, demonstrando as práticas agrícolas para elevar o nível dos reinos que sofriam com as mudanças drásticas de estação. Gralaham expandiu seu conhecimento nas matemáticas, ciências e artes por todo o continente. Incentivando que conhecimento era a arma principal para qualquer um sobreviver.

E então havia Allen, o mais antigo dos quatro reinos, com o maior território e o mais exemplar dos governos. Seus reis eram guerreiros monstruosos, estrategistas brilhantes e soberanos sábios. Enquanto os demais aprendiam sobre guerra, Allen já construía armamentos e mantinha um exército feroz e inigualável há meio século. Eles eram conquistadores obstinados e estadistas brilhantes, o excesso e a extravagância os tornaram irreais, mas eles não deixam de ser tão poderosos e populares quanto os fatos. Até mesmo para os que viam de outros continentes tão distantes e cujo os nomes não eram falados sabiam o que significava ser um Ferro, o portador do sangue da escuridão.

Eles eram imbatíveis, donos de uma força que não poderia ser explicada, abençoados por sombras majestosas; uma magia da escuridão. Um poder tão forte que poderia cegar o Mundo.

Com manchas de sangue, baixelas de ouro e diamantes, lances de escudo e espadas, corpos rasgados e perseguição do destino, ascensão e queda, fascínio e destruição. O pacto entre os reinos com o tempo caiu, porquê embora todo o conhecimento do mundo fosse compartilhado, nem Eyja, nem Lunar, nem Gralaham jamais poderiam ter o que Allen tinha.

Magia.

Magia absoluta, pura e poderosa.

Magia perigosa que poderia mudar o mundo, ou destruí-lo.

Magia que estava morta. Havia cem anos que um escuro não nascia com o dom de controlar e criar sombras. Cem anos que poderosos começaram a se tornar vulneráveis, cem anos em que ser um Ferro não significava mais tantas coisas, cem anos em que Allen não era temida, em quê os seus Reis dançavam sobre uma corda bamba e fina, criada por seu próprio povo com a intenção de quê em um puxão; eles fossem levados ao pó.

Capítulo 1

"Sempre estive à espera do amanhecer, ansiosa pelo dia em que o sol tocaria a terra, aqueceria o meu Mundo, e mostraria a beleza que a escuridão me escondeu."

— Rainha de Ferro

V I C T O R I A

Encontrava-me no único lugar onde poderia realmente sentir-me leve e feliz. Os meus olhos ainda fechados, abriam espaço para os outros sentidos se aguçarem mediante aquela onda de paz. Um sorriso involuntário permanecia sobre meus lábios. Transbordei ao sentir todas as batidas do meu coração; uma força latente contra o peito.

Abro meus olhos sacando das costas o arco, posiciono a flecha na arma de madeira, inclinado sua estrutura para o céu. Meu braço se esticou, as articulações dos meus dedos moldando-se para dar suporte a mira, o batente da flecha entrando em contato com a minha pele. Meus dedos próximos do nariz se preencheram de energia no instante em que a flecha voou metros acima, atravessando o ar cortante, feroz e decisiva. Mesmo sob uivos de pássaros e trajetos de pequenos animais, o som foi unânime ao raspar próximo de uma ave branca que bateu asas de desespero, sem repostas. A flecha atingiu o pico da árvore mais alta, e o pássaro desapareceu para o norte.

Levo o antebraço à testa, onde pequenas gotículas de suor percorrem minha face em caminhos agonizantes.

Gostava de atirar. Mas a morte viria só quando necessário.

Um chacoalhar de terra me mostrou que o riacho próximo transbordava em vida, as águas um pouco mais adiante fazendo seu percurso em um som fluído. O doce e o suave cantar dos pássaros saindo de encontro aos meus ouvidos. Suspirei com tranquilidade, ciente de que só momentos como aquele poderiam realmente me fazer sentir completa.

Mas como de costume, fui interrompida da minha absorção particular com um barulho vindo de fora do bosque. Caminhei rumo à direção contrária deixando para trás os arbustos e os pinheiros que outrora me cercavam. Aproximei-me da saída do local e os meus olhos prontamente começaram a procurar algum tipo de sinal. Estreitei-os quando finalmente vislumbrei algo que poderia ser explicativo. Na vista da Campina, uma carruagem e alguns cavalos na porta de casa se estabeleciam de maneira reluzente, certamente não eram da região, pois a mesma esbanjava adornos requintados e luxuosos, não era como os típicos veículos de madeira velha que circulavam por Golden Fox. Os cavalos eram de raça nobre e o brasão na porta dourada era da capital; Vêrmenia.

Somente a menção da cidade imperial, era o suficiente para fazer meus ossos se atrofiarem.

Mesmo mediante as dúvidas, os meus passos foram como imãs de encontro a carruagem estranha, o que me fez em consequência deixar para trás a paz e o bosque por completo. Guardei meu arco nas costas e mexi os punhos, ingressando no caminho de volta para casa, uma propriedade modesta no campo há alguns quilômetros da pequena cidadezinha de Golden Fox, um mero flagelo sobre o Mundo que pertencia a minha família por uma dezena de gerações.

A estrutura antiga ficava a uns vinte metros acima do celeiro e dos estábulos. Era de madeira como todas as outras casas do Sul costumavam ser, de dois andares ela esparramava-se por uma ampla área, na suposição de que, mesmo com tempestades, parte dela talvez continuasse de pé. Em toda a sua volta crescia o mato, naquela época do ano inteiramente coberto de ricas flores amarelas; vermelhas, junto à relva da região. Nem mesmo em pleno inverno, quando a geada persistia, a relva se amedrontava. Além da casa estendia-se uma planície ondulada perfeitamente verde, salpicada de milhares de pequenos vultos cor de creme que chegando mais perto, via serem carneiros. No ponto em que os morros curvos recortam o céu azul-claro, uma grande montanha sobe dois mil metros de altura, enfiando a cabeça entre as nuvens, as vertentes ainda alvas de neve, com uma simetria tão perfeita que até os que o viam todos os dias, como eu. Nunca deixaram de se apaixonar.

A curiosidade estava gritando dentro de mim e meu controle sobre ela findou-se quando me vi entrando pela porta dos fundos, que interligava a nossa cozinha à sala, tentei ser o mais cautelosa possível. Se havia desconhecidos dentro da minha casa seria mais sensato descobrir quem eram, o que faziam ali, e o porquê de estarem em uma carruagem de alto escalão. Entrar pela porta da frente anula minhas chances de descobrir a verdade, ainda mais se considera-se que meus tios não me contariam sobre ela, mesmo que fosse um prêmio em ouros que estivéssemos ganhando, eles não me contavam sobre as decisões de suas vidas.

Circundei a cozinha com cautela, medindo meus passos e cuidando de suas incisões sobre o piso, embora não houvesse ninguém no cômodo. Por toda a extensão, nada além da bagunça no balcão que se preenchia por recentes verduras cortadas que estavam espalhadas de qualquer maneira . Como se minha tia tivesse deixado as coisas às pressas, desleixadamente e para segundo plano.

Me aproximei do arco de saída do ambiente, e logo ouvi algum tipo de conversa vinda da sala.

Tia Eliz estava de costas para mim, tão absorvida com os papéis corroídos nas mãos que mal ergueu os olhos quando lhe analisei, mesmo de longe ela costumava saber quando alguém estava por perto, espiando, principalmente se o alguém fosse eu. Silenciei meus pensamentos, vendo-a entregar os tais papéis relutantemente nas mãos esguias de um senhor com farda. Logo ela deu a volta no sofá para ficar de frente ao segundo dos homens, pelas medalhas no peito, aquele era o general. Eliz estava em uma distância segura dos dois, embora sempre parecendo espreitá-los por cima do ombro, como se não pudesse suportar a ideia dos papéis ficarem fora de sua vista nem por um instante.

— General, tem certeza de que deseja falar com a garota? — Eliz mexeu nas dobras do vestido gasto. — Deve haver algum erro. Isso só pode ser um tremendo engano.. Preciso saber porque estão aqui, exatamente.

Um dos guardas se moveu, encarando através da parede. Me virei rapidamente, milésimos de segundos separavam-nos da realidade de um arco vazio e a vergonha de uma garota bisbilhoteira sendo pega em flagrante. Por sorte não fui vista, se havia chances de ser eu a garota que eles procuravam era melhor me esconder atrás da parede e tentar escutar o máximo que eu conseguisse.

— Lamento senhora, mas este é um assunto totalmente particular se a madame puder nos ajudar a encontrá-la, esclarecemos tudo o mais rápido possível. — disse o primeiro dos homens educadamente, manuseando os pedaços de papéis na mão. A floreada caligrafia manuscrita estava tão desgastada e tão rebuscada que não parecia valer a pena decifrá-la. Apenas folhas, mais estás ostentavam uma espécie de timbre no topo. Demorei para identificá-lo, mas a resposta surgiu como um soco no estômago; aquela era a marca da realeza.

— Pode falar para o seu senhor que eu vou encontrá-la, mas eu exijo saber o que está havendo! — Eliz grunhiu com prepotência.

De quem eles falavam? Quem eram os dois homens com quem a minha tia conversava, e o que eles e o seu senhor queriam aqui? Milhões de coisas passavam pela minha cabeça, mas nenhuma delas poderiam me preparar para o que eu ouviria do homem em seguida:

— Ache Victoria que falarei com o meu senhor a respeito do seu pedido.

Não. Não. Não.

Isso estava errado, por que homens aparentemente importantes tratariam de algo confidencial logo comigo?

Pisquei algumas vezes para me dar conta da situação constrangedora em que eu me encontrava, então tratei logo de sair dali, se me encontrassem naquela situação seria humilhante demais.

Agilizei meus passos me direcionando para a saída da cozinha ainda atordoada, assim que alcancei o perímetro de fora da casa disparei sem pestanejar, meu estômago se embrulhava junto a uma dor ardente na garganta, não era comum palavras me deixarem tão absorva mas nada fazia mais sentido. E, no meio de meu próprio caos, com a mente em trabalho e o corpo desconexo, um forte impacto veio contra o meu corpo quando esbarrei em algo e cai dura no chão áspero e incisivo. O travamento veio como um choque contra realidade, me trazendo de volta à terra e recortando o fato de eu ser terrivelmente desastrada.

— Você está bem senhorita? — um certo homem alto e grisalho estendeu a mão para mim e apoiei-me na mesma para levantar. Eu provavelmente não o tinha visto por essa razão havia esbarrado e caído, ao menos essa era a explicação mais lógica comparada a minha outra opção; cuja ideia fosse de que eu estivesse de fato ficando louca.

— É.. está sim,.. obrigada..quer dizer preciso ir.. — Por estas e outras razões eu me considerava uma verdadeira catástrofe ambulante.

O grisalho me analisava com presunção, e também sorria da forma como eu estava desajeitada e perdida. Nem sequer consegui dizer mais nada, apenas abaixei a cabeça e corri para qualquer lugar; o mais longe possível dali. O mais rápido que eu conseguisse..

— Olha ela ali! TORIA QUERIDA PRECISO DE VOCÊ AQUI.

Os meus passos foram interrompidos brutalmente quando escutei Eliz me chamar e fazer consequentemente o meu plano de fuga ir por água abaixo. Virei-me em um lance, para diante da sua figura pequena e esguia parada de pé na beira da varanda. Notei a presença de todos os outros olhares sobre mim, o dos dois homens que estavam do lado de minha tia, aparentemente guardas reais, e o olhar mais perturbador de todos eles, a confusão em iminência nas íris do tal senhor grisalho, que por alguma razão, me encarava atentamente, desde o momento em que nos esbarramos.

— Então você é a Victoria?

O mesmo pronunciou tais palavras e pude sentir um calafrio percorrer minha espinha como resposta ao seu tom. Talvez uma parte de mim soubesse, afinal, algo grande estava prestes a acontecer.

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