Eu já estava acostumado a ver ele chegar daquele jeito em casa, bêbado e agressivo e na maioria das vezes baixava o pau em mim e na minha mãe que sempre tentava de tudo para me defender, mas para isso acabava apanhando no meu lugar. Mas meu tio Zezinho, que era chefe do morro, O dono da porra toda havia me ensinado algumas coisas, e dessa vez eu não deixaria passar baixo nada do que Celso fazia quando chegava assim, já não sou mais aquela criança e uma hora ou outra eu acerto o passo desse cara.
Zezinho era na verdade primo do meu pai, mas não se envolvia nos rolos da minha mãe, deixa que ela pedisse sua ajuda mas a dona era orgulhosa demais para pedir arrego e aguentava tudo calada. Em algumas vezes ele até se meteu mas ai ele botava o verme pra fora de casa e minha mãe ficava com pena e ia buscar ele e nós voltamos para a fossa de sempre.
Mas eu já estava cansado daquilo tudo, o caro era mó viciado no pó e minha mãe mesmo indo pra igreja sempre não caia fora daquilo, eu não entendia aquilo, ficava por horas me perguntando o por que de tudo ser daquele jeito. Meu pai é outro verme que não prestou nem mesmo para a assumir a merda que fez quando engravidou a minha mãe. Na época ele era o chefe do morro, e pegava quem queria e minha mãe foi umas das bobonas que cairam na labia do miseravel.
Mas um dia o passo dele foi acertado e ele foi pra vala assim como todos que sentam naquele trono dos infernos, passei muito temppo seguindo os caminhos "certos" da igreja, mas eu to de saco cheio disso tudo e cai fora faz dois anos, desde os 14 anos eu já não entendia aquilo tudo e me recusava a acreditar em um deus que nos permite viver essa vida de merda.
_ Ai JP, presta atenção aí no bagulho! - Fala Finin e eu percebo que simplesmente voei em pensamentos no meio da pelada.
- Pow, foi mal! Acho que ja deu por hoje... - Falo ja pegando a bola e jogando pro meio da galera que ali estava jogando.
Hoje o dia começou estranho, eu e minha mãe nem mesmo fizemos a oração de todos os dias, coisa que ela me obriga a fazer sempre antes do café da manhã mas hoje ela nem mesmo falou sobre isso. Eu achei estranho mas não a lembrei de fazer já que eu acho isso tudo um saco e prefiro não fazer já que nem mesmo acredito que haja um Deus assim todo poderoso pois se houvesse nós não estaríamos onde estamos e nem mesmo passariamos por todos os apertos que passamos.
Pego meu chinelo e coloco ele na mão como sempre faço ao sair de uma pelada com os meninos, saio andando devagar apreciando a vista do lugar, aquele amontoado de casa, cada uma de uma cor e algumas nem mesmo são pintadas, só no cimento cru pois era o que a realidade financeira de cada um permitia naquele lugar, a cada beco havia um usuário de droga jogado pela canto e uma gritaria sempre que sempre aparecia do nada.
Meu barraco não era muito longe dali e eu nesse caminho até comecei a sentir uma especie de frio na barriga, não sei bem explicar acabei correndo para chegar mais rapido e algo me dizia que tinha algo errado, já chegando perto eu vejo um tumultuo, eu morava no finalzinho do beco e tava cheio de gente e de aviãozinho do zezinho lá.
- Ai muleque, onde tu se meteu? - Fala o cara em frente a minha casa e em seguida ele me pega pela camisa e quase me arrasta para dentro da casa.
Quando eu entro tudo o que eu não queria ver era aquela cena, senti uma dor tão forte em meu peito que me deixou sem ar e eu gritei tão alto e forte que assustou a todos ali dentro. Minha mãe, a minha rainha estava ali estirada no chão toda ensaquentada e com o rosto desfigurado, com varios cortes por todos os lados.
Esse dia de longe foi o mais dificil da minha vida, ai sim eu deixei a fé de lado e embarquei nos trabalhos do morro, no tráfico e jurei vingar a minha mãe, o verme do Celso conseguiu fugir sem deixar rastros, cacei ele por todos os cantos mas não o achei, mas eu guardei muito bem todos aqueles anos de sofrimento que minha mão passou na vida ao lado daquele monstro que destruiu as nossas vidas desde o primeiro dia em que tivemos contato.
Hoje com 20 anos, eu assumi o lugar de Zezinho desde que uma invasão dos cana, em que ele foi jogado na vala junto com mais outros avião da favela e hoje eu sou conhecido como O Dono do Alemão, O JP do Alemão. Eu sou temido pelos inimigos, e querido pela minha comunidade, pois aqui eu faço o bem, eu cuido da minha comunidade, mas não é por que eu sou traficante que eu não estudei, sou estudado, sou advogado e tenho OAB, sou safo e das leis eu entendo. Na escola ainda fui tido como superdotado, mega inteligente e com isso consegui avançar series e por isso formei muito cedo.
Sou o rei dos bailes, mas amo ir pro asfalto curtir as baladas tops dos playboy filhinho de papai e de catar as patricinhas que são uma pitelzinho, praia é a minha segunda casa e ali eu me sinto livre e nem mesmo me lembro de toda essa merda que eu vivi minha vida toda nesse morro, que apesar de carregar junto a ele todos os meus motivos de sofrimento, também é o meu motivo de orgulho.
Aqui eu sou eu mesmo e tenho a minha história e vou deixar o meu legado, as novinhas aqui também são maneiras, mas eu gosto mesmo é de uma patyzinha, cheirosinha e é nessas que o pai põe a mira nas festas de "granfino" com diz Finin que é meu amigo de infância e hoje tambem é meu sub aqui na favela e nós dois juntos fazemos um bom trabalho a frente da comunidade, temos boas relacões com os demais donos de morro e aqui o que eu falo é lei e poucos tiveram coragem de me desafiar até hoje.
( Oiii, sempre aos finais dos capitulos vou deixar uma mensagenzinha pra voces minhas leitoras queridas.
esse é apenas primeir capitulo desse livro que pra mim ainda é apenas um teste, não costumo escrever livro
de morro e essa sempre foi uma vontade minha. Então, ai temos o primeiro capitulo.
espero que gostem. Me segue no instagram para que possamos interagir. @autora_mzbentes)