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 Apenas Fique Comigo

Apenas Fique Comigo

5.0
35 Capítulo
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Sinopse

Índice

Quando uma notícia cai como um bomba para Camile Maier, a sua vida programada para ser boa se torna um pesadelo, cada escolha tem uma consequência e a dela teve. Abandonada pelo namorado e sozinha ela se vê sem muitas escolhas. Rendendo aos apelos de sua melhor amiga ela decide ir apara um bar tentar se divertir, ela só não esperava que a sua volta para casa poderia mudar de novo o seu destino. Diogo Zotin era um cara galanteador que nunca tinha se apaixonado de verdade, recentemente vivia ainda mais fechado e cauteloso com os relacionamentos depois de um breve namoro forçado que não tinha terminado nada bem. O trauma que Alexia tinha deixado em sua vida tinha o marcado para sempre e essa dor ele preferia esconder, por isso ele só tinha duas regras, sem repetições e devidamente protegido. Mas naquela noite as coisas poderiam mudar. O amor supera tudo?

Capítulo 1 Solidão

"Eu só queria entender porque não foi tão diferente

Eu jurava que seria com você

Mas a cabeça me enganou tão lentamente

Que acordei sozinho sem pode te ver. ”

Solidão – Maria Gadú

Estava parada na porta do quarto com os braços cruzados frente ao peito observando Eduardo fazer suas malas. Não conseguia expressar nenhuma reação, ainda estava imóvel como uma estátua assistindo a cena que me assombrava os pensamentos e me tiravam a paz a cada dia nos últimos meses.

Aquele dia em especial tinha sido estressante com alguns problemas no estúdio em que eu trabalhava e já se passavam das seis da tarde quando cheguei em casa totalmente exausta, como todos os dias o esperei para decidirmos o que iríamos jantar seguindo a nossa rotina, mas assim que ele passou pela porta eu soube que tudo seria diferente.

Eduardo não havia vindo até mim e me dado o beijo carinhoso na testa enquanto acariciava meu cabelo e perguntava sobre o meu dia. Tinha chegado com um semblante fechado, sequer se aproximou e tudo que disse quando me olhou foi que estava indo embora e seguiu para o quarto começando a fazer as malas.

— Acho melhor darmos um tempo... tanto eu quanto você precisamos pensar. Ouvi sua voz firme e decidida quebrar o silêncio, já que era a segunda coisa que ele dizia desde que havia chegado e jogado a notícia sobre mim.

Duas malas estavam abertas em cima da cama enquanto remexia no guarda roupa retirando suas camisas bem engomadas que eu separav¬¬¬a por cores. As jogou sem nenhum cuidado na mala como se tivesse pressa em sair dali.

O nó em minha garganta apenas aumentava, mas eu precisava falar, não queria aquilo. Pisquei meus olhos para segurar as lágrimas que ameaçavam a rolar antes de suspirar para começar a dizer:

— Eu não preciso de tempo para pensar, Eduardo! — Murmurei. — Eu amo você, não acredito que está desistindo de nós... você tem outra, é isso? Acusei e vi a fúria em seus olhos quando me encarou alguns segundos calado.

— Você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas Camile! Nosso problema não é infidelidade, já estamos caminhando para o fim há quatros meses e você sabe muito bem o porquê!

— Eu sei? Aumentei a voz descruzando os braços e levando os dedos das mãos sobre minhas têmporas que doíam.

Edu e eu quase nunca discutíamos, geralmente quando acontecia eram brigas bobas e relacionadas a ciúme, brigas essas que na maioria das vezes eram protagonizadas por mim, mas independentemente dos motivos, todas eram resolvidas na cama, perceber que aquela que estávamos tendo agora não terminaria como as outras me deixava apavorada.

— Sabe! — Jogou algumas últimas roupas na mala e levou as mãos sobre o rosto esfregando os olhos em um ato que sempre fazia quando estava irritado. — Não posso mais, Camile! Amo você, mas não posso ficar e assistir o que está fazendo, não foi eu quem desistiu de nós, você desistiu!

— Você dramatiza tudo, Eduardo! Continuo a mesma! Sou eu aqui! A mulher que você conheceu há quatro anos! Eu não consigo entender... por isso eu aposto que está com alguém, foi na última viagem de trabalho?

— Para com isso! — Gritou me fazendo arregalar os olhos assustada. — Já falei que não tem nenhuma mulher. Abaixou seu tom se demonstrando chateado.

Revirei os olhos o encarando. O silêncio que se passou naqueles rápidos segundos em que nos olhávamos foi tempo suficiente para eu sentir meu coração se quebrar.

— Você diz muitas coisas, Eduardo. — Minha voz saiu esganiçada e embargada pelo choro. — Que nunca me abandonaria foi uma delas.

Seu rosto bonito se transformou em uma carranca, minhas palavras haviam o atingido, mas a dor em seus olhos durou pouco, logo soltou o ar e começou a fechar as malas me ignorando como se eu não estivesse ali.

— Essa discussão é inútil, você nunca me ouve... deixei seis meses de aluguéis pagos, você não precisa se preocupar por enquanto. Anunciou agarrando as alças das malas e passou os olhos pelo quarto analisando se não estava esquecendo nada importante.

— Edu. — Atravessei na sua frente impedindo que saísse. — Eu não importo com a merda dos aluguéis, não quero o seu dinheiro... não faz isso, por favor! Clamei deixando uma lágrima escapar.

— Para mim não dá mais.

Não fui capaz de replicar mais nada, dei um passo para o lado deixando que passasse e quando escutei a porta do apartamento se fechando foi como se tivesse sido deixada em uma caverna escura.

Cai de joelhos e deixei as lágrimas que tanto segurei anteriormente caírem, lágrimas que se transforaram em um choro alto cheio de soluços em pouco tempo.

Levantei os olhos para o guarda roupa com as portas abertas e o vazio lá dentro ironicamente mostrava como eu me sentia agora. Eduardo tinha ido e levado uma parte minha com ele, o pior de tudo era saber que ele tinha me avisado que se eu tomasse aquela escolha nós dois acabaríamos.

Encarei o teto e minha mente viajou em toda a minha história com ele. Tudo tinha começado há quatro anos atrás quando eu me mudei de Goiânia para o Rio de Janeiro, tinha passado no vestibular de Direito na Universidade Federal, lá também foi onde tinha conhecido a maluca da minha melhor amiga, Bárbara Magalhães ou Babi, que era como era chamada por todos.

Babi era minha colega de sala e logo nos tornamos muito amigas, enquanto eu era um pouco comedida em minhas ações, ela era uma alma livre, amava promover inúmeras festas na imensa mansão que vivia com seus pais na Barra. Foi em uma dessas que Eduardo e eu nos conhecemos, Edu era um dos melhores amigos de Bruno irmão de Babi. Na noite em que fomos apresentados eu tinha gostado logo de cara já que ele era muito bom de papo além de definitivamente ser um colírio para os olhos.

Eduardo carregava em si um charme e gingado que faziam com que ficássemos encantadas, nos seus um metro e oitenta de altura corpo forte e levemente bronzeado chamava atenção por onde passava, o rosto bonito era limpo, sua barba nunca aparecia já que ele a fazia fielmente todas as manhãs, os olhos escuros como ônix davam um ar de mistério que se desfazia quando ele sorria e a alma de garoto que ele tinha resplandecia.

Pela sua boa aparência, Edu carregava a fama de galinha conquistador, então não foi surpresa para as pessoas ali quando ficamos juntos aquela noite, surpreendidos ficaram foi quando depois da festa engatamos um romance.

Primeiro porque ele nunca engatava namoros e existia uma penca de mulheres que comprovava isso, segundo por minha aparência.

Eu não era feia. Definitivamente não, mas, não podiam me encaixar no padrão que Eduardo costumava desfilar por aí, nem era o padrão em que a sociedade fazia questão de impor, eu era uma mulher de curvas, meus um e sessenta e cinco de altura era composto de coxas grossas, bumbum e seios grandes que me incomodavam desde a adolescência. Adolescência em questão que eu tinha passado toda lutando para diminuir medidas através de dietas malucas, mas sem sucesso.

Minha barriga não era chapada, ela mostrava que eu não frequentava academia, comia chocolate e tomava a boa e amada cerveja, eu era gordinha e nunca consegui mudar, após todas tentativas vãs eu tinha apenas desistido e aceitado, aprendido a me amar como eu era e a me sentir linda.

A única coisa que todos me enchiam de elogios eram meus cabelos cumpridos naturalmente dourados acobreados, Babi chegava a me exaltar a ter um cabelo “loiro ruivo”.

Surpreendendo até mesmo a mim, Eduardo me levou a sério, estava terminando sua faculdade de Publicidade e acabado de abrir a sua agência, enquanto eu estava começando a minha de Direito e conseguia me sustentar com a ajuda que recebia do meu pai e do emprego de meio período que eu havia conseguido como fotógrafa em um estúdio na Barra, mas nada daquilo tinha sido empecilho para nós, tínhamos uma química boa engrenando o nosso relacionamento fazendo planos para o futuro.

No primeiro ano do nosso namoro comemoramos felizes e muito apaixonados, de surpresa me levou para conhecer o confortável apartamento na Barra da Tijuca em que ele iria morar, meio a minha felicidade por sua conquista me fizera o convite para que morássemos juntos explicando que já havia planejado tudo, revelou que o apartamento era o lugar estratégico para ser perto da minha faculdade, do estúdio e da sua agência, eu tinha demorado cerca de dois segundos para aceitar sua proposta, aquele foi um dos melhores dias dos muitos nos últimos dois anos que vivemos aqui.

Tudo ia maravilhosamente bem até cerca de seis meses atrás quando após a festa de lançamento de uma grande conta que a agência de Eduardo tinha conseguido, me senti mal novamente o que não estava sendo novidade ultimamente, mas naquela noite eu tive uma crise convulsiva e descobrimos que os pequenos mal-estares eram mais graves do que imaginávamos.

As lembranças de tudo passavam como um filme, deixei meu corpo cair sobre o chão gelado me encolhendo em posição fetal enquanto o choro continuava. Tinha acabado, tudo que vivemos e planejamos tinha sido em vão. Meus olhos pesaram o suficiente e eu os fechei clamando mentalmente que aquilo fosse um pesadelo.

— Camile! Abri os olhos dando conta que tinha dormido ali no chão duro, ouvi a voz conhecida enquanto minha campainha tocava mais três vezes seguidas.

Me remexi virando sobre as costas e encarei o teto. Não havia sido um pesadelo, Edu tinha ido embora e quanto tempo eu tinha dormido eu não sabia, mas não achava ser muito já que ainda estava escuro lá fora. Meu corpo doía pela posição que eu tinha a adormecido, só não doía mais que as pontadas em minha cabeça, e essas eu sabia que infelizmente não melhorariam. Sentia meus olhos pesados e inchados, logicamente estaria com a cara parecendo uma bolacha depois de chorar tanto.

A campainha tocou mais uma vez e me firmei de pé indo até a porta a abrindo de imediato. Bárbara estava parada com os olhos arregalados aparentemente preocupada entrou sem nem mesmo ser convidada.

— O que aquele imbecil fez? Parou na minha sala cruzando os braços sobre o peito depois de deixar uma sacola sobre a mesinha de centro.

— Como você sabe que foi Eduardo quem fez algo? Sussurrei a vendo se jogar no meu sofá negro aveludado.

— Porque ele me ligou e disse que você precisava de mim.

— Ele ligou?

— Ligou e disse para eu vir checar se você estava bem, já que vocês haviam decidido terminar... que merda está acontecendo, Camile?

— Nós decidimos? — Falei para mim mesma e soltei uma risada rancorosa. — Ele teve coragem de dizer isso?

— Sim, falou algo sobre diferenças irreconciliáveis.

Soltei uma bufada de ar enquanto o meu ódio interior por Eduardo brotava.

— O que acontece é que eu não sou mais o que ele quer. Passei a mão pelo rosto e apertei os olhos que queimavam feito brasa me sentando ao seu lado.

— Você está dizendo que o cretino arranjou outra? Sua voz saiu estalada.

— Não sei Babi... não sei mais de nada. Deixei minha cabeça cair para o encosto.

— Porque exatamente vocês discutiram? Aposto que ele estará aqui amanhã de manhã, isso é drama dele.

— Não brigamos. — Minto fechando os olhos. No final das contas eu sabia bem o porquê de Eduardo ter ido embora, e que daquela vez ele sair de casa era diferente de nossos desentendimentos, amanhã de manhã ele não estaria na cozinha usando apenas cueca enquanto me preparava um café para fazermos as pazes. Edu não ia voltar, mas ao menos eu agradecia por ele não ter contado para Bárbara toda a verdade. — Acho que ele tem razão, nós mudamos muito durante esses anos juntos, não estava mais dando certo.

— Mudaram? — Babi se remexeu ao meu lado. — Te conheço faz quase cinco anos e se você mudou alguma coisa nesse meio tempo foi parar de reclamar de pão de alho no churrasco, de resto? Igualzinha!

— Talvez para ele eu tenha mudado, amiga. Disfarcei encarando a minha TV desligada.

— Ok, acho que tem coisa aí que não está querendo contar, mas eu vou respeitar... vamos abrir esse sorvete que eu trouxe e procurar algum filme para você se distrair, ou se quiser ainda está em tempo de pegarmos uma baladinha para você beber todas até tirar esse canalha da cabeça.

Encarei minha melhor amiga e pela primeira vez na noite consegui sorrir. Babi era o meu oposto em todos os sentidos, seu corpo era sarado de academia, os olhos azuis brilhantes destacavam seus cabelos negros cortados em camadas, as roupas de grife a deixavam com um ar descolado e não com aparência da patricinha que ela definitivamente era e amava ser. Apesar de quase nunca concordarmos em algo a gente se completava, eu só tinha a agradecer por ter ao meu lado uma amiga fiel.

— Amiga, acho melhor deixarmos esses planos para depois, hoje eu não só quero, como preciso ficar sozinha.

— Eu não te dei essa opção. Brincou.

— Por favor. Insisti e senti seus braços circularem meu corpo em um abraço.

— Promete me ligar se precisar de algo? Qualquer coisa mesmo.

— Você sabe que sim. Respondi sorrindo.

— E promete também que amanhã iremos sair?

— Amanhã? Eu acho que não.

— Qual é, descolo uns ingressos para gente.

— Provavelmente eu não estarei no clima ainda.

— Descolo umas drogas para você.

Reviro os olhos. — Não uso essas porcarias de drogas.

— Está bom caretinha, só estava brincando. — Foi a vez de ela rir. — Só trate de se animar sozinha, porque amanhã as dez estaremos indo. Anunciou se colocando de pé e agarrando a bolsa.

Me mantive calada encarando o chão da minha sala.

— Tudo bem mesmo em ficar sozinha? Eu posso dormir aqui sem problema.

Levantei os olhos para ela e falei: — Não estou bem amiga, mas eu vou ficar, prometo!

— Não chore mais por ele, ok? — Passou os dedos pelos meus olhos inchados. — Vou avisar Bruno para que ele corte as relações com Eduardo, não quero saber dele lá em casa mais!

Pela segunda vez na noite eu sorri. Até parece que Bruno se afastaria de uma amizade de anos como a que ele tinha com Eduardo porque a amiga da irmã tinha terminado o namoro. Àquela altura eu apostava ele já estava ciente e já tinha arrastado Edu para “comemorar” em algum lugar pois vivia criticando a vida de casado que tínhamos.

— Obrigada pela tentativa, só preciso de um banho e uma boa noite de sono. Forcei um sorriso enquanto a levava até a porta e lhe dava um último abraço de despedida para vê-la entrar no elevador.

Olhei para o corredor silencioso e me senti imensamente sozinha ali, mas não podia agir como se a vida tivesse acabado, eu tinha amigos, a maioria conheci por intermédio de Babi assim que cheguei ao Rio. Tinha me mudado para cá deixando um irmão e pai para seguir o meu sonho de fazer universidade. Minha mãe havia falecido quando eu ainda estava com dez anos e apesar de ter sido criada repleta de amor, sentia muita falta dela, era somente eu junto de dois homens protetores cresci sentindo falta de uma opinião feminina na minha vida, Babi tinha se tornado essa pessoa quando nos conhecemos e eu tinha certeza que era este o motivo de amá-la tanto.

Confirmei que a porta estava trancada, encarei o relógio que já marcava pouco mais da meia noite, evitei olhar para a parede que dividia a nossa sala da cozinha americana porque tinha a tornado um painel enorme de fotos minhas e dele, apaguei as luzes marchando para o quarto indo direto para o banho.

Me enfiei embaixo do jato quente do chuveiro desejando que a água me lavasse não só o corpo como a minha alma, rezei para que a tristeza que estava sentindo fosse ao menos uma parte embora, já que o motivo pela minha vida estar desmoronando estava dentro de mim e, eu tinha decidido por não o retirar.

Escovei os dentes ainda entorpecida pela água quente, os pensamentos vagavam entre os acontecimentos anteriores, abri o armário do banheiro e joguei dois relaxantes musculares dentro da boca, me enfiei debaixo das cobertas no escuro, rolei poucos minutos na cama até os comprimidos começarem a fazer efeito e o sono me tomar.

Nas duas semanas que se seguiram eu continuei a base de aspirinas para dormir e também tinha voltado a tomar o remédio que Doutor Ciro havia me receitado porque as dores de cabeça estavam constantes e só com eles diminuíam um pouco.

Tinha conseguido convencer a Babi que não seria uma boa companhia para sair, já que apesar de estar oficialmente solteira, eu ainda não tinha me conformado.

Eduardo tinha sumido, nenhuma ligação ou notícia, nada, não tinha tentado nenhum contato. Eu estava vivendo uma rotina monótona de acordar, ir para a aula e logo depois estúdio, as quatro da tarde voltava para casa em busca de me entupir de comprimidos e dormir.

Estava sentada frente minha pequena mesa de escritório esperando que as fotos de uma cliente ficassem prontas quando encarei meu celular, tinha virado uma mania apertar o botão central para ver se havia recebido mensagem ou ligação, no fundo eu tinha esperança que Eduardo mudaria de ideia e apareceria, mas depois de quinze dias eu estava começando a ficar uma pilha de nervos, tinha procurado e visto que ele estava ativo em suas redes sociais porque nossas fotos juntos haviam sumido e o seu status no perfil social tinha sido alterado para solteiro, na última semana tinha até adicionado uma foto jogando futevôlei na praia coisa que ele fazia todas as quartas, morri de ódio ao ver tantos comentários de mulheres, a maioria de amigas dele que eu sempre morri de ciúmes e ele insistia dizendo não ser nada demais.

Joguei o telefone de volta na mesa e fui até a máquina para pegar as fotos quando o celular tocou. Voltei correndo, mas desanimei ao perceber que não era ele, porém ao menos também não era aquele número que eu estava ignorando há meses.

— Oi. Falei desanimada.

— Que isso? Quem morreu? Babi implicou logo de cara.

— Ninguém. Respondi monossílaba

— Ótimo, pensei que teríamos de ir há algum enterro, já que não, sem desculpinhas hoje, vamos sair!

— Hoje? Minha voz saiu irritada. Eu amava minha melhor amiga, mas também a odiava por ser tão insistente.

— Sim, e não aceito não como resposta, vamos arrumar juntas.

— Por acaso você lembra que hoje é terça-feira?

— Claro que sim, terça-feira dia de balada...levo uma roupa para você, beijo!

Desligou antes que eu pudesse discordar. Fiquei encarando meu telefone pensando na foto de Eduardo que havia visto. Ele parecia estar seguindo a vida. Como ele conseguia? Uma queimação surgiu dentro de mim. Medo e ódio se juntavam me deixando uma bomba de emoções, mas meu cérebro gritava alto que só me restavam duas opções:

1- Continuar com o que estava fazendo, ficando trancada em casa e sofrendo por alguém que não voltaria, já que estava tocando a vida.

2- Sair e viver.

Optei pela segunda.

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