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O código da fama

O código da fama

5.0
2 Capítulo
38 Leituras
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Sinopse

Índice

Julia é uma escritora em ascensão, com um conjunto de regras rigorosas e a mais importante delas é: "Não durma com seus ídolos", porém Alex está tornando essa decisão cada vez mais difícil. Será que essa mulher decepcionada com o romance, terá forças para recusar o homem que rondou suas fantasias adolescentes?

Capítulo 1 Código da subcelebridade - Parte 1

Código da subcelebridade

• Não vou focar em perder trinta quilos, só porque mandaram;

• Não vou usar salto em todas as aparições publicas;

• Não vou fazer uma lipoaspiração;

• Vou viver apenas com o necessário até lançar o ultimo livro da série;

• Não vou transar com os fãs;

• Não vou usar drogas;

• Não vou mudar do Brasil;

• Não vou transar com meus ídolos.

"Essa é a ultima regra do meu código...”.

Julia parou a caneta permanente em cima da lona, surpresa. Mandou fazer aquele cartaz aos quinze anos, quando começou a escrever seu livro. Três anos depois conseguiu terminar a primeira etapa da preparação do texto e passou a submetê-lo ao crivo das poucas editoras brasileiras que ainda faziam publicação tradicional.

Mais dois anos passaram, e a faculdade estava atingindo um nível critico, então demandava atenção demais para ficar sonhando em se tornar a próxima Brianna Canvas. Decidiu que ainda gostaria de publicar sua história, mas faria aquilo sozinha, pois já não aguentava mais ouvir tantos “nãos”. Quando concluísse o curso iria colocar o livro a venda pela Amazon e seja o que Deus quiser!

Uma grande editora começou um concurso e uma amiga a convenceu a se inscrever, era gratuito e não precisava fazer nada mais além de esperar, já que a história estava revisada. Não levou aquilo a serio, porque enviara seu livro para a editora em questão à algum tempo, e eles nem se dignaram a respondê-la.

Qual não foi sua surpresa quando chegou ao final do concurso, perdeu para a história autobiográfica de uma mãe de três, que casou-se aos dezesseis anos, sofreu abuso psicológico e físico do marido, mas renasceu como uma fênix ao estudar para passar em um concurso público, podendo assim custear uma vida universitária e abandonar seu provedor abusivo. Nem se chateou de perder, escrevia romances cheios de fantasia, não poderia competir com um relado de dor e superação.

Pegar o segundo lugar foi muito bom, além de renovar seu sentimento com relação ao livro e lhe dar cinco mil reais (que não poderiam ser sacados), fez o manuscrito despertar curiosidade no meio editorial, e em poucos meses fechou contrato com uma editora francesa, que traduziu sua história para dez línguas. Financeiramente não significou muita coisa, continuava fazendo estágio em uma revista online, onde corrigia cerca de cinquenta posts semanais sobre os assuntos mais variados, tornando-a uma grande colecionadora de conhecimento inútil.

Demoraram mais dois anos para sua vida mudar da água para o vinho, nesse meio tempo:

1- Formou-se;

2- Leu a serie inteira de Viktor Thorne de novo;

3- Namorou, foi traída;

4- Namorou de novo, foi trocada;

5- Teve uma ficante fixa que não queria compromisso, mas uma semana depois de pararem de se ver começou a namorar;

6- torrou boa parte do dinheiro do premio com sua habilitação (se soubesse que reprovaria na prova pratica três vezes nem a teria feito) e o restante em um curso de inglês intensivo, esse, podia dizer, foi um bom investimento;

7- E, claro, leu a serie inteira de Viktor Thorne de novo.

Viveu tão normalmente depois da publicação, que quando começou a receber ligações de números estrangeiros, ignorava-as ainda no primeiro toque, sem preocupar, pois a editora conversava com ela por e-mail. Possuía um perfil de Instagram, gerenciado por outra pessoa, para os fãs acompanharem poucos aspectos da sua vida, e ele estava crescendo rapidamente, de forma que acessava a conta, para ler feedbacks, pelo menos uma vez por semana. Então ali, nas varias solicitações de mensagem, havia a foto de alguém com conhecia muito bem...

Alan Thompson era um grande produtor de cinema e responsável pela adaptação de seu livro preferido, na mensagem dizia “é mais fácil falar com o presidente do que com você”. Entrou em pânico, clicou na mensagem no mesmo momento em que batia seu peito no copo de lámen instantâneo, derrubando o caldo no teclado do computador, levantou limpando as coisas, mas era tarde demais, as teclas começaram a cheirar a queimado.

Apanhou o celular, tentou desesperadamente entrar na outra conta, mas a pessoa que administrava-a mudava de tempos em tempos a senha, e como ela estava logada pelo computador, nunca se preocupou em saber a nova, pois até decorá-la ela já teria mudado. Mandou mensagem para a administradora, sabendo que não seria respondida, pois eram duas da manhã em Paris.

Ligou para uma prima que morava um quarteirão para frente, pedindo o teclado dela emprestado, desceu as escadas de pijama, e encontrou seu pai e a mãe na sala assistindo um filme.

— Pai você pode me emprestar o carro? – Julia dava pequenos pulinhos no lugar.

O pai olhou-a de cima a baixo e ignorou seu pergunta, ela sabia que ele não confiava em sua habilidade de condução, pois foi à única da família que precisou fazer a prova uma segunda vez (três, na verdade). Pensou em explicar a necessidade daquilo, mas, se o conhecia bem, teria um faniquito se soubesse que ia perturbar seus tios naquela hora por causa de Viktor Thorne.

Apanhou sua chave no prego perto da porta, saiu de casa ainda de pijama bufando, olhou no celular, já fazia dez minutos que havia lido a mensagem e não respondera, pensou em qual era o fuso de onde o produtor estaria, e se estivesse com sorte, ele não ia abrir o Instagram. Correu por cinco minutos sem parar, nem sabia que conseguia fazer aquilo, a prima parada na porta de casa também de pijama, entregou-lhe o teclado gamer e ameaçou sua integridade caso alguma coisa acontecesse com ele.

Levou o dobro do tempo para voltar para casa, com as costelas doendo e com os pulmões em chamas, subiu as escadas, desanimada, limpou bem a área de trabalho para tirar o aspecto pegajoso, conectou o novo teclado e respondeu: “Desculpe a demora para responder, pouco acesso essa conta, sobre o que se trata?”, sorriu satisfeita consigo mesma por parecer tão profissional a despeito de toda fantasia que borbulhava em sua cabeça, onde ele respondia: “amei seu livro, que tal me deixar transformá-lo em filme?”.

Para sua total incredulidade, Thompson leu sua mensagem assim que enviou-a e respondeu: “Gostaria que você tivesse me respondido antes de eu ter movimentado toda minha agenda para ir até a França, atrás de você e de sua acessória”.

Julia boquiabriu-se... É claro que ele não conseguia falar com ela, que acessória? Tinha uma editora e uma moça que movimentava a conta que o contrato com a empresa exigia, e só, ganhava cerca de 10% do lucro liquido das vendas, que não dava duzentos euros por mês, era por isso que não tinha um carro e ainda morava com seus pais. Então ocorreu-lhe um triste pensamento.

"Eu não tenho uma acessória e estou no Brasil, não na França, tem certeza que sou eu com quem quer falar?”

"Claro que sim, minha filha passou algum tempo em Paris, e seu livro é uma febre, até minha esposa está apaixonada por Antony!” disse de imediato. “Olhe vou lhe enviar o número do meu assistente e ele marcará uma reunião para conversamos sobre alguns negócios, por favor não nos ignore”.

Aquela ultima mensagem tinha o tom de encerramento, mas não foi a ultima conversa...

Depois que encontrou Alan descobriu uma porção de coisas, mas principalmente que seu livro era bem famoso, e que ela não estava recebendo os valores certos. Teve que contratar um advogado e entraram em uma guerra judicial horrível para revogar os direitos de publicação da editora, Julia achou uma pena que a estivesse enganando, pois o segundo volume da série estava quase pronto...

No final tudo deu certo, assinou contrato com uma grande editora americana e o senhor Thompson deixou escapar para algumas pessoas que haveria uma possível adaptação para o cinema. Julia estava nas nuvens e em meio a essa publicidade, lançaram o segundo livro da série.

Foi a tantas entrevistas em programas americanos de televisão que começou a ser reconhecida na rua, passou a ganhar presentinhos e a ser paparicada, tratavam-na como se fosse realmente uma pessoa muito especial, e de repente, a garota de BH precisava se mudar para os Estados Unidos para dar conta da agenda de compromissos.

Enquanto sua mãe a ajudava a organizar suas coisas para a mudança (contra sua vontade, pois se dependesse dela compraria tudo novo), achou um cartaz de lona de uns trinta centímetros, era listrado em preto e branco, intitulado como “o código da subcelebridade”. Ficaram encantadas com aquilo, pois era tão novinha quando o mandara fazer, que acreditava que o mais longe que chegaria era no status de uma ex-BBB.

Sua mãe parou o olhar na penúltima regra e riu, pegou um marca texto do pote de post-it e riscou a frase rindo, mas a tinta escorria quando tocavam, então Julia foi até as coisas do pai e pegou um canetão permanente para riscá-lo.

— Você precisa levá-lo! Tem umas besteiras, mas com certeza “não vou usar drogas” é um bom mantra. – Julia riu nervosa, pensando nos pequenos comprimidos que colocava na boca nas balada. – Serio filha, eu não vou poder estar junto de você para cuidar de ti, prometa que toda vez que for quebrar uma dessas regras vai pensar em mim primeiro e em como isso afetaria sua família, certo?

Achou aquilo meio estranho, mas quando viu as lágrimas cintilarem nos olhos da mãe entendeu, ver um filho ir embora já era muito difícil quando ele se mudava para outro bairro, ela estava deixando o pais sem previsão de volta, sozinha, aos vinte e três anos. Enlaçou a mãe para confortá-la, tirou o cartaz da sua mão e o jogou na bolsa junto do canetão.

Foi parada na revista do aeroporto, teve de tirar o pedaço de madeira que ficava na parte superior do cartaz, e precisou esclarecer, na fila, para os seguranças o porquê estar contrabandeando um pedaço de cabo de vassoura para os EUA, ao som dos soluços incontroláveis de sua mãe.

Seu pai a abraçava sem demonstrar preocupação com a filha que estava indo, ou com os seguranças que os rondavam, não estavam acostumados a ver um homem negro de bermuda de tactel, camiseta do Atlético Mineiro e chinelo dentro daquele lugar.

Julia sabia que seu pai já havia notado os olhares, mas como ele mesmo dizia: “Eu que quero mais é que me abordem! Ando com a OAB no bolso!”, achava aquilo desnecessário, ele vivia de terno, para que enfrentar justo ali? Até compartilhou o pensamento com a mãe, mas ela se irritou muito com a filha.

— Você é branca, não sabe o que ele passou até colocar aquela carteirinha no bolso! Só vai começar a entender quando tiver seus filhos... – sua mãe referia-se aos filhos mais velhos, que puxaram a pele do pai, e também eram advogados.

Conseguiu entrar no avião com o cartaz, irritada por ter passado tudo aquilo, olhou para trás e deu adeus a sua família e ao Brasil, por um tempo.

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