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Meu Querido Professor

Meu Querido Professor

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Sinopse

Índice

Nicolle Salvatore possuía tudo que os adolescentes anseiam no ápice do ensino médio: beleza, dinheiro e popularidade. Nascida em círculo social milionário, a jovem sempre obteve um tratamento majestoso, no qual se deleitava. No colégio Cornélio dos Anjos, onde estudava, os alunos eram fragmentados entre cobiça-lá e abomina-lá, afinal, se a realidade fosse uma comédia romântica adolescente, Nicolle certamente seria a personagem fútil e mimada que todos os garotos são apaixonados. Tudo encontrava-se impecável na prática, entretanto, com a entrega dos boletins trimestrais, estava a péssima notícia. As notações vermelhas nas matérias de exatas chamavam demasiada atenção; equações não adentravam em sua cabeça e na verdade, a garota não se empenhava a compreender. Mas seus pais jamais deixariam a sociedade saber que a proprietária da herança não tem capacidade para administrá-la, então contratam um professor particular. Gustavo é um matemático amadurecido e atraente. Nicolle não entende se é o sorriso genuíno, a feição delicada ou o olhar impetuoso, mas sem dúvidas algo nele lhe faz perder o oxigênio. O propósito era dar auxílio às necessidades da garota, porém o cenário torna-se um espetáculo perigoso de sedução. É audacioso, fascinante. E sem demoras, a Salvatore perceberá que lidar com seus sentimentos é mais complicado que qualquer equação.

Capítulo 1 Meu Querido Professor

“Ninguém tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender.” — Raul Seixas.

NICOLLE SALVATORE

A vivência de quem nasceu mediante a ostentação, na alta sociedade, comendo os melhores alimentos e desfrutando do poder, não existe comparação. Esses são alguns dos inúmeros privilégios que meu prestigiado sobrenome — Salvatore — idealiza à quatro gerações. Não nos confunda com um seriado adolescente sobre vampiros, comunico porque as pessoas são fanáticas por The Vampire Diaries. Sinto muito, colega, minha família tem muito mais poder que criaturas místicas apaixonadas. Eu sou jovem, deslumbrante e excelente. Mimada? Talvez, mas quem não seria nascendo em minhas condições? Entretanto, infelizmente os indivíduos não compreendem e me chamam de fútil, esnobe, entre outras palavras que só pessoas de baixo calão falariam e prefiro não comentar sobre. Isso é apenas uma pequena demonstração das situações inevitáveis que passo dos estudantes, tudo porque sou a adolescente mais popular do Colégio Cornélio dos Anjos. Voltando a proferir sobre o significativo nome familiar Salvatore; uma família que tem um peso exorbitante na sociedade, que comanda quase toda a cidade. Muitos queriam estar no nosso lugar, para assim, usar e abusar de toda a fortuna que possuímos. Sou bastante jovem, mas em meu império, sou a figura suprema, dou ordens para qualquer um e eles devem atender aos meus caprichos. Talvez por essas atitudes alguns possam me odiar, mas prefiro pensar que me amam, pois os empregos de todos eles dependem disso. Regularmente, sou julgada e invejada por considerável parte dos alunos do colégio, eles me esnobam, mas no fundo querem estar no mesmo patamar social que eu. Nascer em um berço de ouro e ter tudo o que desejar, sem jamais precisar lutar para conquistar algo. Afinal quem não amaria uma vida assim? Mas existe a outra parte dos alunos que me amam, e eu sei que esse amor é mais pelo que eu tenho. Sempre sonhei em ter todo o meu dinheiro e popularidade, ao menos uma vez por dia. Mas pense bem, eu não sou culpada por ser assim, pelo menos não diretamente. Qualquer pessoa que nasceu no meio do luxo e sempre teve tudo a sua disposição, desde pequeno se aprende que suas vontades devem se sobressair às dos outros. Pode ser terrível o que vou pronunciar, mas não me arrependo: tem horas que o dinheiro é mais importante do que os laços sanguíneos, talvez mais vezes que possamos contar nos dedos.

Mesmo tendo chegado a pouco de uma viagem, eu já estou morrendo de saudades das minhas merecidas férias em Cancun, o lugar é simplesmente maravilhoso, as noites são repletas de festas regadas a muita bebida e sexo, claro, sem falar nas praias incríveis; lá às praias não são como as do Brasil, cheias de lixo e farofeiros, elas são privadas, com barmans gostosos nos servindo. Meus queridos, Cancun é outro nível, eu facilmente moraria lá, mas papai prefere morar no Brasil, porque segundo o senhor Salvatore, assim ficaria mais próximo dos hospitais que ele tanto lutou para construir. Entrei na escola para mais um dia de aula, mal sabia eu que depois desse dia minha vida não seria mais a mesma. Assim que passei pelos imponentes portões de ferro, vários alunos interromperam seus afazeres para me verem passar, passar não, melhor dizer, desfilar, por que meu bem, eu sou rica, e rico não anda, rico desfila. Caminhei até a ala sul do segundo andar, me sentei na última carteira da terceira fileira, sim meus queridos, participo da turma do fundão. Sinceramente não sei por que tenho que estudar, graças à fortuna que papai fez com a rede de hospitais Salvatore, a família terá dinheiro por umas cinco gerações. Isso graças a uma lei idiota, eu sou obrigada a frequentar esse lugar. E para o dia começar bastante péssimo, minha primeira aula é de matemática.

— E aí, qual é a primeira aula? — Pietro questionou, jogando sua mochila no chão.

— Matemática. — Tathy respondeu, retirando uma tonelada de material de sua mochila.

— Por Deus, eu sou péssima em matemática e já vi que irei me foder bonito nessa matéria — disse batendo minha cabeça contra a superfície da mesa. Os minutos se arrastavam lentamente, enquanto a sala era tomada pelas altas vozes dos alunos, que conversavam e gargalhavam. Ao meu lado, Tathy e Pietro formavam um grupo para jogar baralho. Isso pelo fato de a professora Carmem, ainda não ter chegado, apesar de ela ser sempre pontual. A diretora Lívia, entrou na sala de aula causando um silêncio repentino, ela estava acompanhada de um homem alto, com ombros largos, que vestia um suéter na cor grafite que realçava seus braços fortes e uma calça slim clara. O cabelo era bem cortado em um undercut, seu rosto era coberto por uma barba rala, castanha, mas o que mais me chamou a atenção foi o seu sorriso, que foi capaz de molhar minha calcinha. Minha senhora das calcinhas molhadas, que homem é esse?

— Bom dia! — A classe respondeu em uníssono. — Este é o professor Gustavo Chagas, ele irá substituir a professora Carmen, até o fim do ano letivo. — Glória a Deus! Eu não sou cristã, mas com certeza glorifiquei a saída dela. Não que eu não gostasse dela, apenas a sala inteira não gostava, aquela mulher era insuportável.

— O que aconteceu com a professora, Carmen? — Dane-se o que aconteceu com a velha! O que importa é não ver mais a cara enrugada daquela mala sem alça, e de quebra ver esse gatinho à minha frente.

— Devido a um problema pessoal, ela retirou sua licença prêmio antes do previsto. A professora Carmem voltará ao corpo estudantil somente no ano que vem. — Alguns alunos se manifestaram em alegria com a notícia. — Bom, recado dado, agora a turma é toda sua, senhor Chagas — disse sorrindo.

— Obrigado, senhorita Santos! — Nosso novo professor percorreu a sala de aula lentamente, atentando-se aos fios acobreados e olhos azuis que o analisaram minuciosamente, no caso euzinha e sua atenção logo fora roubada por uma vaca que balançava sua mão freneticamente.

— Professor, você pode vir até aqui? — Gustavo, caminhou até a terceira fileira, parando em frente à antepenúltima carteira.

— O que deseja senhorita…?

— Kate Miller, mas pode me chamar só de Kate.

— Bom, no que posso ajudá-la, senhorita Miller? — Me segurei para não rir, pois um corte épico estava bem concluído.

— Gostaria de saber sua idade, prof! — disse enquanto mordia levemente a ponta de uma caneta. A sala começou a rir baixo, fazendo com que surgissem alguns cochichos. Era evidente o interesse daquela piriguete ao fazer a pergunta.

— Parece que alguém nem tentou esconder os seus interesses pelo novo professorzinho! — ralhei, rindo para Tathy. Mas no segundo seguinte percebi que tinha falado um pouquinho alto demais, pois logo em seguida Gustavo olhou pra mim.

— Perdão, qual é o seu nome?

— Nicolle Salvatore.

— Pois então, Nicolle, não vejo nenhum mal na pergunta de sua amiga, afinal ainda não nos conhecemos, certo? Nada mais comum do que fazer perguntas. — Ele estava defendendo ela? Argh, era só o que me faltava! A sala ficou em silêncio, alguns pressionavam os lábios e se encolhiam em suas cadeiras, com uma leve cara de espanto. Kate me olhava com sua cara nojenta de deboche. O quão infantil eles podiam ser? Aquilo não era nada, certo? Antes que eu pudesse responder, Gustavo continuou a falar:

— Bom, respondendo sua pergunta, senhorita Miller, eu tenho vinte e seis anos, e se a senhorita está preocupada com a minha capacidade de ensinar. Não se preocupe, pois sou muito bom naquilo que faço. — Virou-se e caminhou em direção a lousa, com um sorriso maroto nos lábios. Bela comissão traseira, prof! Sibilei em pensamentos.

— Não era bem por isso, mas…

O dia mal tinha começado e eu já queria ir embora. Depois de várias aulas chatas, enfim o maldito sinal tocou, pondo um fim ao meu tormento. Meu irmão já me esperava em frente ao colégio, encostado em sua Range Rover branca, com um olhar misterioso e um sorriso fácil. Ao seu redor algumas garotas tentavam chamar a sua atenção, mas o seu foco estava em uma linda morena, de cabelos cacheados e olhos cor de avelã, que caminhava ao meu lado. Víctor negava, mas eu tinha certeza que ele era apaixonado por minha melhor amiga. Ao meu lado, vi que minha amiga não tirava os olhos dele. Dei um sorriso de lado. Se meu irmão não fosse um cafamântico, eu poderia facilmente ajudar esses dois bobões a ficarem juntos. Nos aproximamos dele, e as lagartas ambulantes abriram caminho, enquanto eu as fuzilava com o olhar.

— Vamos pra casa antes que isso vire uma orgia — rosnei, encarando as meninas que se insinuavam para ele. Víctor as encarava como um predador prestes a dar o bote em sua presa. Chega a ser cômico o que algumas garotas fazem para atrair a atenção de um homem, mas Víctor Hugo Salvatore é um cafamântico de carteirinha, ou seja, ele é um cafajeste, com uma bela mistura de romantismo, o que é altamente perigoso e posso garantir que em breve essas garotas irão aprender isso. O caminho para casa fora feito em silêncio, a mansão da minha família se encontrava em um dos maiores e mais caros condôminos da capital de São Paulo. Era uma grande área formada por monstruosas mansões de altíssimo padrão. A mesma fora um grande desafio arquitetônico, sua estrutura era altamente luxuosa, tudo que se referia a minha família exalava luxo e dinheiro. Entro em minha mansão e olho para o sofá, onde vejo minha família sentada. — Buon pomeriggio famiglia! [1] — falei em italiano, a língua que tanto amo.

— Olá, minha piccolo fiore [2] — Papai sibilou depositando um beijo em minha testa.

— Vai almoçar conosco hoje, papai?

— Não, eu só passei para lhe dar uma notícia.

— Qual? — Questionei movida pela curiosidade.

— Sua mãe e eu tomamos a decisão de contratar um professor particular de matemática para lhe dar aulas.

— Mas pai… —Tentei protestar, na esperança de convencê-los a mudarem de ideia.

— Mas nada, Nicolle — interferiu minha mãe. — Sabe muito bem que não toleramos notas baixas e suas notas estão horríveis! — disse minha mãe, furiosa, e depois se virou para mim — Nossa filha, irá reprovar-se assim. Você fará essas aulas, está me ouvindo?

— Sim — respondi realmente enfurecida, mas tentando a todo custo manter a classe. Subi furiosa para meu quarto, e me joguei em minha cama frustrada. Já era uma tortura ter aulas na escola e agora terei que estudar em casa também? Isso é um pesadelo e vai me enlouquecer! Graças ao universo eu teria a chance de preparar meu psicológico para ter as benditas aulas particulares com sei lá quem, nunca fiquei tão feliz por um final de semana.

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NOTAS DE RODAPÉ

[1] Tradução do italiano para o português; buon pomeriggio famiglia significa “boa tarde família”.

[2] Tradução do italiano para o português; piccolo fiore significa “pequena flor”.

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