Agora, vestida de branco, Evelyn ergueu com cuidado a barra do vestido e subiu no muro do jardim. Estava deslumbrante: os olhos brilhavam como estrelas, a maquiagem de noiva, impecável. O cabelo, preso de forma simples com uma pequena coroa de joias, e o véu esvoaçava suavemente ao vento.
Atrás dela, a festa de casamento corria a todo vapor; risadas e brindes ecoavam no ar. Estavam naquela mesma mansão onde, em sua vida passada, fora sequestrada durante a cerimônia - tudo parte do plano de Nathaniel.
Ela não permitiria que se repetisse. Sem hesitar, correu para o fundo do quintal e escalou o muro. Olhou para baixo, a altura a fez tremer levemente. Respirou fundo e, quando se preparava para pular -
Congelou.
Julian Everett. O herdeiro mais novo dos Everett, filho do homem mais rico de Lichester. Os rumores diziam ser um filho ilegítimo da família. Um playboy de carteirinha - charmoso, sedutor, nunca levava nada a sério.
Ele estava encostado com descontração no muro, os braços cruzados. Seus olhos astutos se curvaram em diversão, os lábios desenhando um sorriso provocante.
Evelyn ficou paralisada sob aquele olhar cativante. Um piscar de olhos lento e deliberado dele fez sua respiração falhar. Moveu-se inquieta no parapeito estreito, procurando um lugar seguro para saltar.
Foi então que - o pé escorregou.
Um suspiro agudo escapou-lhe dos lábios. O mundo girou.
Ela se preparou para o impacto, os olhos fechados com força -
- mas em vez da fria pedra, caiu em calor e músculos.
Julian se atirara instintivamente para frente, os braços abertos. "Cuidado!"
Eles caíram juntos em meio a um turbilhão, o ar sendo arrancado dos pulmões de ambos. As costas dele bateram no chão com um baque abafado, e ela caiu por cima, todo o peso do corpo sobre o seu.
Por um segundo que parou o tempo, tudo ficou suspenso.
O rosto de Evelyn estava a centímetros do dele; durante a queda, seus lábios roçaram a linha do maxilar. A leve barba dele arrepiou sua pele. As mãos dela, em busca desesperada de apoio, pressionaram-se contra o peito firme dele, os dedos abertos sentindo a respiração acelerada sob as palmas.
Julian gemeu baixo, piscando para ela. Um braço deslizou em volta de sua cintura, num gesto ao mesmo tempo protetor e possessivo. "Não se mexa", murmurou, a voz rouca pelo impacto - e por algo mais.
Evelyn permaneceu imóvel.
O bafo quente dele tocava sua bochecha, a mão firme na base de suas costas. Ela conseguia sentir o coração dele batendo forte e profundo, ecoando o seu próprio. Seu corpo ficou tenso, mas ela não se afastou.
O olhar de Julian escureceu, descendo até seus lábios entreabertos. A distância entre eles agora era mínima - quase inexistente. Sua pele formigava onde se tocavam, as bochechas queimavam enquanto os dedos dele se apertavam levemente em sua cintura.
O ar entre eles ficou pesado, carregado. Todo o resto desapareceu.
Ficaram ali, um diante do outro, as respirações misturadas, nenhum ousando diminuir a distância - nem aumentá-la.
Foi então que o caos irrompeu do outro lado do muro, quebrando o feitiço.
Sem perder a pose, Julian aproximou os lábios do seu ouvido, num sussurro provocante: "Caindo direto nos meus braços, é?"