O som metálico das xícaras batendo nos pires era quase um alívio para Rafael. Melhor do que o silêncio sufocante de sua própria cabeça. Ele estava no café do campus, tentando terminar um capítulo do livro que vinha arrastando há semanas. Aos 19 anos, tentava manter uma rotina séria, focada na faculdade de engenharia, enquanto os amigos pareciam viver em uma eterna maratona de festas.
Rafael tinha pele clara, cabelos pretos lisos caindo de leve sobre a testa, rosto marcante e uma expressão quase sempre concentrada. Magro, de estatura mediana, usava roupas que raramente combinavam entre si - camisa social com tênis esportivo, mochila de estudante e casaco grande demais. Mas ele não ligava muito para isso.
E então ele a viu.
Ela entrou rindo de algo que uma amiga havia acabado de dizer. Era morena, de estatura mediana, magra, cabelos castanhos ondulados que caíam até os ombros. Os olhos grandes e também castanhos tinham um brilho inquieto, quase travesso.
"Definitivamente de outro mundo", pensou.
Ela ocupou uma mesa perto da janela, rodeada de amigos. Rafael tentou se concentrar no livro, mas seus olhos insistiam em voltar para o grupo animado. Era estranho, mas parecia que o barulho deles não o incomodava. Pelo contrário, o fazia sentir que talvez sua vida estivesse... quieta demais.
Ele passou alguns minutos debatendo consigo mesmo se deveria ir até lá. A cada risada dela, o coração acelerava um pouco mais, e a coragem parecia crescer - mas nunca o suficiente para levantá-lo da cadeira.
Até que ela olhou para ele. Rápido, mas certeiro.
Não era só ele que reparava.
Capítulo 1 – O Encontro (Visão Dela)
Isabela adorava aquele café. Tinha uma energia boa, gente diferente, cheirinho de pão doce recém-saído do forno. E, principalmente, tinha ele.
Já o tinha visto algumas vezes, sempre sozinho, sempre com livros grandes demais para parecerem leitura casual. Parecia sério, focado, como se estivesse num mundo próprio. Um mundo silencioso, o oposto do dela, que era barulhento, colorido e cheio de planos que mudavam a cada semana.
Ela reparou também nos traços dele: pele clara, cabelo preto desalinhado, rosto marcante, quase bonito demais para alguém que parecia não perceber. Magro, roupas meio sem harmonia, mas com algo curioso - parecia não se importar, e isso o tornava ainda mais autêntico.
Quando os olhos dele cruzaram com os dela, Isabela sentiu algo estranho no peito. Não sabia se queria que ele notasse ou não. Até que notou.
E, naquele instante, ela teve certeza: algo ia começar.