O aeroporto estava cheio, e eu lá, esperando minha Ana, com um buquê de rosas e oito anos de um casamento "dink" que parecia perfeito. Dois anos de saudade estavam prestes a acabar, e meu coração batia forte pela mulher que voltava para casa. Mas o sorriso no meu rosto congelou quando a vi sair pelo portão de desembarque empurrando um carrinho de bebê duplo, com dois bebês dormindo profundamente lá dentro. Meus, não eram. Dela, pelo visto, sim. Ela, impaciente e fria, confirmou: "São meus filhos." E então, a bomba: "Eu menti. Eu sempre pude ter filhos." E o pai? "É o Pedro," seu primeiro amor, aquele que ela dizia estar morrendo, mas que, na verdade, estava vivo o suficiente para me trair por dois anos. Pior: ela exigia que eu largasse tudo para criar os filhos deles, pois Pedro não podia cuidá-los. Como assim? Ela não só me traiu, gerou filhos com outro, como agora me impunha essa monstruosidade? Eu, que "não podia ter filhos", que dediquei minha vida a "nós", descubro que tudo foi uma farsa, um plano meticuloso para me deixar sem nada. A raiva me consumiu quando encontrei o álbum de fotos dela com Pedro, sorrindo e se abraçando, com a barriga de grávida e a legenda "Nossa família. Para sempre." Aquilo não era um favor, era uma trapaça cruel. Então, peguei meu celular. Não havia mais nada a fazer além de ligar para o meu melhor amigo, João, que também era advogado. Minha voz saiu firme, com uma nova determinação, apesar de toda a dor. "João, preciso de você. Quero o divórcio." O jogo dela tinha acabado.