Meu corpo ainda carregava os resquícios de um relacionamento morno, mãos que me tocavam como se cumprissem um protocolo, beijos frios, olhares que desviavam no meio da noite. E ali, com a bagagem no porta-malas e a alma cansada, tudo o que eu queria era esquecer. Ou talvez... lembrar de como era sentir de verdade.
Estacionei o carro em frente a uma mansão de pedras escuras, com trepadeiras subindo pelas colunas e janelas altas que pareciam me observar. Havia algo de antigo e sensual naquela construção. Ela exalava mistério. Promessas não ditas.
E então o vi.
Athos.
Alto, postura impecável, barba por fazer e olhos como brasas em uma lareira acesa. Não me sorriu ao se aproximar, apenas me olhou como se me reconhecesse de um sonho antigo. Um que terminava com lençóis revirados e gemidos abafados.
- Isadora - disse ele, como se saboreasse meu nome. Sua voz era baixa, grave, com uma rouquidão que fez minha pele se arrepiar.
Assenti, engolindo em seco.
- Bem-vinda à Casa de Dionísio.
Ele estendeu a mão, e quando a toquei, senti. Como uma descarga lenta e quente que se espalhou por meu braço até os mamilos. Meu corpo inteiro respondeu antes que eu tivesse tempo de pensar. Meu ventre apertou. Minhas coxas se encostaram por reflexo.
- A casa foi preparada para você. Cada detalhe. - Ele se aproximou mais. Muito mais. Seu hálito tocou meu ouvido como uma brisa íntima. - Esperamos que você se permita... descobrir.
Tentei manter o controle. Sorri com as pontas dos lábios, como quem joga um jogo que ainda não entende, mas não quer perder.
- É só um retiro - murmurei. - Um lugar para descansar.
- Claro - ele respondeu, dando um passo para o lado e pegando minha mala. - Descansar. Esquecer. Ou talvez... lembrar.
Subimos por um corredor com o chão de madeira antiga, que rangia suavemente a cada passo. A casa tinha um cheiro de especiarias e madeira queimada, com incensos acesos em pequenos altares. Estátuas de deuses antigos decoravam os cantos, Dionísio, Afrodite, Pan. A energia era densa. Quase palpável.
Quando ele abriu a porta do meu quarto, parei na soleira. O espaço era vasto, quente, dominado por tons de vinho, dourado e âmbar. Havia cortinas pesadas, uma cama imensa com dossel e lençóis de cetim. No canto, uma banheira de cobre fumegava, pronta para um banho.
Athos se virou e me estendeu uma pequena chave de metal envelhecido. Quando sua mão tocou a minha, sua pele roçou levemente a parte interna do meu pulso.
Foi só um toque.
Um toque ridiculamente sutil.
Mas minha pele ardeu. O calor se espalhou como vinho derramado.
- A primeira noite é sempre... transformadora - ele disse, ainda segurando meu olhar. - Se precisar de algo... qualquer coisa... basta me chamar.
E então ele se foi, deixando apenas o som do meu coração acelerado e um perfume amadeirado pairando no ar.
***
O banho foi longo, silencioso, e deliciosamente solitário. Minhas mãos vagaram mais do que o necessário, como se meus próprios dedos tivessem ganhado vida. Toquei meus seios sob a água, sentindo os mamilos enrijecerem ao menor estímulo. Fechei os olhos e imaginei aquela voz - grave, suja, arranhando meu nome entre os dentes.
"Esperamos que você se permita..."
Um arrepio subiu pela minha espinha. Encostei o pescoço na borda da banheira e afastei lentamente as pernas. Meus dedos escorregaram por entre os pelos já molhados, encontrando a carne pulsante que latejava desde o primeiro toque de Athos. Massageei com lentidão, pressionando o clitóris com a ponta do dedo médio, sentindo os músculos das coxas se contraírem.
Meu gemido escapou como um sussurro.
Sozinha, mas imaginando mãos maiores do que as minhas. Mais firmes. Mais exigentes.
Gozei com um tremor contido, como uma explosão sutil, mas devastadora. Meus lábios entreabertos, a respiração descompassada e a sensação de que algo havia sido apenas iniciado.
***
À noite, vesti uma camisola de seda preta, curta, quase transparente. Sentei-me diante da janela com uma taça de vinho e observei o céu sem estrelas. A Casa parecia estar viva. Cada ruído, passos, sussurros distantes, portas se abrindo, parecia orquestrado.
E então ouvi.
Uma batida baixa na porta.
Meu corpo reagiu antes que eu pensasse. Meus seios ficaram duros sob a seda fina. Me levantei e abri com hesitação.
Era Athos.
Mas agora ele usava uma camisa escura de linho, aberta no colarinho, revelando parte do peito. Havia algo de pagão nele. Algo sagrado e proibido.
- Está tudo ao seu gosto? - ele perguntou.
Assenti. Não consegui falar.
Ele se aproximou, lento, com os olhos nos meus.
- Eu... senti sua presença na casa - disse ele. - Como se algo tivesse mudado. Como se ela tivesse... despertado.
- A casa? - sussurrei, com os olhos fixos em sua boca.
- Sim. - Ele se aproximou mais. - Mas não foi só a casa, foi?
Eu deveria tê-lo mandado embora. Deveria ter recuado. Mas não consegui.
Athos ergueu uma mão e tocou meu rosto com a ponta dos dedos, deslizando até minha mandíbula e depois até a base do pescoço. Seu toque era elétrico. Preciso. Ele não me beijou. Não ainda.
- A primeira noite é sempre uma promessa - murmurou ele, os lábios perigosamente próximos dos meus. - Mas é você quem escolhe se ela será cumprida.
Meu coração batia tão forte que doía.
Ele se afastou então, como se me poupasse de mim mesma. Parou à porta, e antes de sair, lançou um último olhar, aquele que tira o ar e planta fogo nos quadris.
- Boa noite, Isadora.
Fiquei ali parada, com as pernas trêmulas e a calcinha úmida. Senti o vinho quente no meu estômago, mas nada era mais quente do que a expectativa entre minhas pernas. A promessa de algo mais.