Durante cinco anos, dediquei a minha vida a Ricardo, o artista dos meus sonhos. Ele vivia da minha generosidade, eu acreditava no seu 'talento' e nas suas promessas de futuro. Até que, numa madrugada, o meu mundo ruiu. O meu pai sofreu um ataque cardíaco fatal em Coimbra. Desesperada, liguei a Ricardo para me levar ao hospital, pois o meu carro estava na oficina. Mas, do outro lado da linha, só ouvi música, risos e a voz da sua 'musa', Clara. Ele recusou-se, alegando que a sua carreira era 'demasiado importante', e que eu era 'dramática' por querer estar ao lado do meu pai. Mandou-me apanhar um Uber às duas da manhã. Naquela noite, a caminho do hospital, chocada, descobri a sua verdadeira face. Ao regressar a casa, encontrei um recibo: um colar caríssimo comprado para Clara, na mesma hora em que o meu pai lutava pela vida numa unidade de cuidados intensivos. Cinco anos de sacrifício, ilusões e humilhações transformaram-se num nojo profundo. Como pude ser tão cega? Ele amava apenas o meu dinheiro, a minha estabilidade, nunca a mim. A calma fria que me invadiu foi assustadora. Mandei-lhe uma mensagem: 'Não voltes a casa.' E quando ele, furioso, tentou manipular-me e destruir as minhas coisas, fui buscar o meu contrato de arrendamento e chamei a polícia. Era hora de expulsar o parasita da minha vida e da minha casa.