Meu pai estava entre a vida e a morte, precisando de uma cirurgia urgente de 50.000 euros. Com meu marido Tiago, tínhamos uma poupança conjunta exatamente para isso. Confiava que estaríamos seguros. Mas ao verificar a conta, o saldo era de inacreditáveis 17,34 euros. O dinheiro da vida do meu pai havia sumido. Liguei para Tiago, e ele, com outra voz feminina ao fundo, confessou casualmente: "Eu usei-o." Ele gastou tudo num Mercedes de luxo para a prima, Sofia. "Ela merecia", disse ele, enquanto meu pai lutava pela vida. Minha sogra, Helena, interveio, chamando-me de egoísta por priorizar meu pai. Para eles, a felicidade da prima valia mais que a vida. Tiago "fez uma escolha pela família dele", excluindo-me de sua lógica fria e distorcida. A traição era avassaladora. Meu pai estava morrendo, e a resposta deles foi de uma indiferença cruel. Percebi que eu não fazia parte daquela família; nunca fiz. Como o amor por um carro podia triunfar sobre a humanidade? Sentei-me, a mágoa transformando-se em uma clareza gélida. A decisão foi súbita: o divórcio. Salvaria meu pai sozinha, custe o que custar, e Tiago pagaria por essa afronta. A luta acabara de começar.
