Grávida de oito meses, a vida parecia perfeita. Estava à espera do meu filho Lucas, preparando um futuro feliz. Mas tudo desabou numa tarde, quando o nosso carro capotou. Meu mundo virou ao contrário, o meu irmão Leo inconsciente ao meu lado. Liguei desesperada ao meu marido, Miguel. Ele atendeu, zangado, com a voz da sua amante, Sofia, no fundo. Implorei por ajuda, a dor na minha barriga era insuportável. Mas ele, preocupado com o tornozelo torcido de Sofia, abandonou-nos à beira da estrada. "Chama tu a ambulância," disse, e desligou. O meu filho Lucas não sobreviveu. No hospital, Miguel e os seus pais só se importavam com a reputação. Ele chamou o abandono de "sorte" para a amante. A dor era avassaladora, a injustiça queimava. "Sem o bebé, não és nada," cuspiu Miguel. Senti-me vazia, destruída, mas no fundo, algo acendeu. Quando o meu irmão Leo acordou e revelou a traição contínua de Miguel, vi a verdade. Não foi um acidente. Foi uma escolha. Essa revelação transformou a minha dor em fúria. Ele tirou-me tudo, menos uma coisa: o medo. Agora, sem nada a perder, eu seria perigosa. Eles iriam pagar por cada lágrima.