O meu carro capotou na A5, a caminho de Cascais. Estava grávida, e a dor que rasgou a minha barriga era a última coisa que esperava. Perdi o nosso bebé. Num hospital frio e estéril, o vazio no meu ventre gritava a verdade. Corri para o telemóvel, o meu último fio de esperança, para ligar ao meu marido. A voz dele, distante e irritada, disse-me que estava "ocupado" com a sua "melhor amiga", Catarina. Nem a minha mãe me confortou, culpando-me por ter "criado um escândalo" e priorizando a "empresa" acima de tudo. Dias depois, exausta, voltei para a minha casa. Encontrei-o no meu quarto, com ela, na nossa cama. Ele confessou, sem uma ponta de remorso, que nunca quis o bebé. O mundo parou. A dor da perda era uma ferida aberta, e aquilo era sal puro. Como pude ser tão ingénua? Mas a raiva gelada deu-me clareza. No seu portátil antigo, encontrei o diário da traição: e-mails, planos para me descartar após o parto, e um rasto de milhões desviados da empresa para a conta dela. Ele não me traiu, ele roubou. Agora, eles vão pagar. Um por um.