Lucas ajeitou a gravata borboleta. O perfume do coq au vin, prato favorito de Sofia, enchia o apartamento. Cinco anos de casamento. Sofia estava duas horas atrasada para o aniversário, e a comida esfriava. Quando ela chegou, sequer olhou a mesa, entregando um presente impessoal e falando ao celular com Bernardo, seu amor verdadeiro. Dona Laura, sogra de Lucas, vendo sua dor, fez uma confissão chocante: o casamento, forçado por ela, foi um arranjo precipitado. Lucas salvou Sofia de uma lancha, enquanto Bernardo hesitou. Ela propôs o matrimônio para esquecer Bernardo e financiar o tratamento da mãe de Lucas. Dona Laura, em lágrimas, ofereceu-lhe dinheiro para recomeçar em Lisboa e divorciar-se. Foi um alívio sombrio. Ele preparou sua saída. Mas Sofia, em sua alienação, assinou os papéis do divórcio pensando serem outra coisa. Lucas se mudou, mas ela, furiosa pela falta do "marido faz-tudo", bombardeou-o, enquanto Clara e Bernardo o humilhavam por telefone. A injustiça doía. "Você é um ninguém, Lucas! Um encostado!", Clara gritou. Ele era apenas uma conveniência, seu talento e sacrifício ignorados. A cegueira de Sofia e a manipulação de Bernardo eram um fardo insuportável. Contudo, a paciência de cinco anos findou. A decisão era firme. Lucas, finalmente, libertar-se-ia.