Estava a apresentar o projeto dos meus sonhos na Quinta dos Magalhães. A minha voz firme falava sobre a paixão e a história dos azulejos do século XVIII. De repente, Tiago Sá Pereira, o melhor amigo de Duarte de Magalhães, cortou-me com uma pergunta venenosa: "Técnicas precisas? Ou a sua melhor técnica é encontrar um 'padrinho' rico?" Um boato malicioso da universidade foi atirado para a reunião mais importante da minha carreira. A humilhação foi pública e crua. Fui despida de toda a credibilidade e removida do projeto, substituída pela invejosa Inês. Depois, o meu chefe, Senhor Bastos, tentou vender-me a um cliente predador num bar, uma armadilha repugnante. Vomitei num beco, a minha dignidade desfeita. Porque é que esta mentira antiga me perseguia com tanta força? Porque é que Duarte de Magalhães, que me humilhou anos antes, assistia a tudo sem mover um músculo? Eu era uma profissional talentosa, não a oportunista que pintavam. A injustiça queimava-me a alma. Sem escolha, e com o predador a aproximar-se, entrei no Bentley escuro de Duarte. Qual seria o preço para a minha "salvação" desta vez? E como escaparia eu deste inferno, sem perder a minha alma?