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ÓDIO A 300 KM/H

ÓDIO A 300 KM/H

5.0
5 Capítulo
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Na Fórmula 1, cada segundo conta. Cada curva pode ser a última. E cada rivalidade... pode virar obsessão. Isadora Klein é uma engenheira brilhante, fria, controlada - e disposta a vencer. Axel Dervaux é o piloto indomável, insolente, perigoso... inconsequente - e a última pessoa que ela deveria desejar. Desde o primeiro olhar, eles se odeiam com a mesma intensidade com que se atraem. Mas o que começa como uma guerra de olhares e palavras afiadas logo acelera rumo a algo mais intenso. Algo que nenhuma equipe, nenhum contrato, nenhuma lógica pode segurar. Em um universo onde reputações valem mais que verdades, e onde o amor pode custar uma carreira, Isadora e Axel precisam decidir o que estão dispostos a perder... e o que não podem mais negar. Porque algumas colisões são inevitáveis. E há corações que só aprendem a amar a 300km por hora.

Índice

Capítulo 1 O Problema com Axel Dervaux

Eu odeio Axel Dervaux.

Não é uma figura de linguagem. Não é uma metáfora dramática. É um fato científico: se colocássemos meu coração sob um monitor cardíaco toda vez que ele entra no paddock, o gráfico pareceria o de um paciente em choque - só que de puro ódio.

Axel é o tipo de homem que deixa o caos onde pisa. Ele chega tarde, fala pouco, sorri torto e pilota como se não tivesse medo de morrer. É enigmático, perigoso e tatuado até onde os olhos podem ver - inclusive na parte de dentro do bíceps, onde uma serpente se enrola em algo que parece uma coroa de espinhos. Metáfora visual perfeita: veneno com ego. Paparicado como o favorito da mídia, campeão já há cinco temporadas, e sempre rodeado pelas modelos mais deslumbrantes do mundo, se tornou um símbolo sexual egocêntrico que tem pleno conhecimento sobre o poder de sua presença.

Ele também é, por obra divina ou maldição, o maior rival do meu irmão.

E eu sou engenheira de pista da Kronstadt Motorsport, equipe do meu querido e teimoso irmão mais velho, Victor Klein - o atual segundo lugar no campeonato. Sabe quem está em primeiro? O Dervaux maldito. Como sempre.

- Tá de olho em mim, Klein? - a voz de Axel corta meu devaneio como um estilete amolado.

Levanto os olhos. Ele está encostado casualmente no painel dos boxes da Eclipse Racing, a escuderia dele, do outro lado da divisória. Tem uma garrafa d'água na mão, uma barba por fazer e uma cara de quem se diverte provocando pequenas guerras.

- Eu só observo desastres anunciados - respondo, digitando algo no tablet e me forçando a não encarar a linha do maxilar dele.

- Nesse caso, deve passar muito tempo no espelho.

Ele sorri. Filho da mãe.

Há algo no sorriso dele que me desarma. É torto, quase preguiçoso, como se ele soubesse de segredos que o resto do mundo ignora. É o tipo de sorriso que diz: eu te enxergo. E o pior é que talvez enxergue mesmo.

Ele sabe o efeito que causa. E abusa disso como um viciado em adrenalina.

- Vai mexer nos freios do Victor? Espero que capriche - ele provoca, aproximando-se com passos lentos, como quem sabe que está cruzando uma linha invisível.

- Por que, medo dele passar por cima de você de novo? - digo, mantendo o tom calmo. O tipo de calma que precede um furacão.

Ele para a meio metro de mim. O cheiro dele é uma mistura de óleo, couro e algum perfume amadeirado indecente. Eu odeio que seja bom. Odeio mais ainda que meu corpo registre isso como um dado útil.

- Medo, não - ele diz, baixando a voz. - Mas admito que gosto quando você fica... acalorada.

Eu rio. Um som seco, sem humor.

- Cuidado, Dervaux. Flertar comigo é mais perigoso do que correr a 300 km/h.

- Acha mesmo que eu vim pra esse esporte procurando segurança?

Ele me encara. Longamente. O tipo de olhar que me faz esquecer por um instante quem ele é - e lembrar com muita força o que ele é. Axel Dervaux é um problema em forma de homem. E, infelizmente, eu nunca fui boa em ignorar problemas.

A verdade inconveniente é que eu sempre soube que esse ódio que a gente sente um pelo outro... não é só ódio. Tem faísca demais pra ser puro desprezo. Tem silêncio demais entre as farpas. Olhares que se prolongam demais onde não devem. Calafrios que não deviam estar ali a cada respiração. Sangue correndo mais veloz nas veias toda vez que ele se aproxima.

E quando ele me olha assim - como se cada frase fosse uma provocação e cada segundo uma promessa - o circuito mais perigoso do mundo passa a ser o meu próprio corpo.

Mas uma coisa é certa: isso não vai acontecer.

Não importa o quanto ele me provoque. Não importa o que eu sinta.

Eu sou Klein. Ele é Dervaux. E essa guerra já tem história demais pra virar outra coisa.

Mesmo que eu, secretamente, queira saber como seria perder essa guerra.

Mesmo que, toda vez que ele sorri desse jeito, parte de mim já esteja rendida.

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