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A jovem herdeira e o impostor

A jovem herdeira e o impostor

5.0
5 Capítulo
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Sinopse

Índice

Elías retorna à vida da família Altamirano com um propósito: vingança. Mas o que ele não esperava era encontrar Victoria, a filha da família, presa entre seu dever e um amor proibido. À medida que ambos descobrem segredos obscuros da família, seus corações são atraídos por uma paixão perigosa. Entre mentiras, traições e um passado que ameaça destruir tudo, Elías e Victoria devem encarar a verdade... mesmo que isso os mude para sempre. Até onde você iria para revelar suas origens?

Capítulo 1 O Homem do Rio

A chuva tinha parado, mas o chão ainda estava macio, como se não quisesse ceder. A lama cobria seus pés, pegajosa, como se quisesse segurá-lo um pouco mais antes de soltá-lo. Elias lutou para seguir em frente, com os braços cobertos de arranhões, os músculos tensos e o peito queimando a cada respiração.

Eu estava correndo há horas. Ou talvez dias. O tempo na floresta não é medido como no mundo dos relógios. A vegetação rasteira havia rasgado sua pele, e os insetos zumbiam como se conhecessem sua história. Ele não sabia se estava sendo perseguido ou escoltado.

De repente, as árvores se abriram em direção a uma curva do rio. Água limpa. Fluido. Como uma promessa. Elias caiu de joelhos e tateou com as mãos, bebendo desesperadamente. Eu sentia que se fechasse meus olhos agora, nunca mais os abriria. Seus dedos moveram o cascalho como se estivessem procurando algo enterrado ali. Algo perdido há muito tempo.

O motor de uma caminhonete rugia à distância.

Uma figura se aproximava pela estrada de terra: um veículo escuro, de cabine dupla, deslizando com dificuldade pela lama. O motorista - um homem idoso, de cabelos grisalhos, sozinho - parecia não ver o tronco de árvore meio caído bloqueando o caminho.

Elias se levantou de repente, cambaleando.

-Cuidadoso! - ele gritou, mas sua voz falhou, quase um murmúrio no ar úmido.

Ele correu sem pensar. Ele apenas reagiu. O porta-malas cedeu, o pneu raspou nele e o caminhão ficou instável. Elias chegou bem a tempo de abrir a porta do motorista, tirar o homem do carro e empurrá-lo ladeira abaixo. Houve um estrondo alto, seguido pelo som agudo de metal batendo em uma pedra.

Silêncio.

Depois, apenas o som constante do rio.

Uma lembrança nublou sua mente:

Corridas.

Uma voz sem rosto. Uma mão o empurrando para a escuridão.

Não olhe para trás.

O rangido de uma porta de metal. O cheiro do confinamento: óleo velho, umidade rançosa, sangue seco.

Uma corrente arrastando. Um grito abafado.

E então... nada.

O homem que ele salvou estava respirando pesadamente. Sua camisa estava rasgada e sua testa estava ensanguentada, mas ele estava consciente. Ele sentou-se lentamente, atordoado. Ela olhou para Elias como se não soubesse se estava vendo um garoto... ou um fantasma.

-Qual o seu nome?

Elias permaneceu em silêncio. Não por desconfiança. Mas porque a questão o atingiu. Como se nomear a si mesmo revelasse algo de que ele ainda não se lembrava completamente.

"Você não precisa dizer isso", acrescentou o homem, com a voz mais suave. Mas você salvou minha vida. E isso não é esquecido.

Não era um padrão comum. Isso transparecia na maneira como ela olhava para ele, sem arrogância ou piedade. Como se ele também tivesse estado no limite, um dia.

-Você tem um lugar para dormir?

Elias balançou a cabeça, quase sem fazer nenhum movimento.

-Então venha comigo.

Eles viajaram em silêncio por uma estrada estreita. O caminhão ainda conseguia se mover, embora com o farol quebrado e a carroceria amassada. Elias estava no banco de trás, enrolado em um cobertor que o homem encontrou entre suas ferramentas. Lá fora, as árvores passavam lentamente, borradas. Lá dentro, o ar cheirava a umidade, cigarros baratos e lama recém-revolvida.

"Você é forte", disse o motorista, sem tirar os olhos da estrada. Poucas pessoas se atiram na lama por um estranho.

Elias não respondeu. Ele se agarrou ao cobertor como se ele o mantivesse preso ao seu corpo. Como se o frio não viesse de fora.

-Meu nome é Renato. Renato Altamirano.

O nome não significava nada para ele. Ou ainda não.

Renato deu uma longa tragada antes de continuar:

-Não sei de onde você vem, mas se o que você procura é uma oportunidade... Eu posso te dar uma.

Elias olhou para cima. Ele observou pelo espelho retrovisor. Seus olhos estavam escuros, cheios de cansaço. E vazio.

-Porque?

Renato olhou para ele pelo canto do olho. Ele não respondeu imediatamente. Ele diminuiu a velocidade ao se aproximar de uma curva e murmurou, como se estivesse falando sozinho:

-Às vezes você ajuda alguém que não conhece... porque não conseguiu salvar alguém que conhecia.

A casa era grande e silenciosa. As luzes quentes contrastavam com a noite úmida. Elias entrou como se estivesse entrando em território proibido. O quarto que lhe foi atribuído era modesto, mas limpo. Uma cama arrumada. Uma toalha. Pão fresco assado num prato. Água quente em uma jarra. Ninguém perguntou seu nome. Ninguém tentou tocá-lo.

Ele ficou parado por alguns segundos, sem saber se deveria sentar, dormir ou fugir. Então ele tirou a camisa lentamente. Nas costas, as cicatrizes se estendiam como um mapa do que não é dito. Eles não pareciam recentes. Mas também não está longe.

Ele se aproximou do espelho do banheiro. Ele olhou para si mesmo. Algo em seu rosto parecia estranho para ela. Como se já não fosse seu. Como se eu ocupasse um corpo emprestado.

E então, de um canto escuro de sua memória, ou de sua consciência, surgiu uma voz suave, quase infantil, sussurrando:

Você não é ninguém.

Elias olhou para baixo. Ele não respondeu. Mas dentro dele, algo estava começando - muito lentamente - a despertar.

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