O inimigo do meu (ex) marido

O silêncio do estacionamento é apenas tomado pelo barulho do pequeno salto da senhorita Moores. Com o olhar no celular e a chave do carro na mão esquerda ela segue até o carro onde acaba se assustando quando ouve uma voz e ao se virar pra ver era ele, o próprio, o único, Xavier. Ela suspira e apenas ignora.

_ Vai querer saber o que tenho pra falar.

A voz dele era fria e firme o que fez a pele dela arrepiar.

_ Não temos nada a conversar, Xavier.

Aquele homem era inimigo do marido dela, então por que iria perder o tempo conversando com ele? Não, ela tinha que ir pra casa ver o marido que estaria trabalhando no escritório. Sim, ele estaria lá, né?

_ Acredite, pois temos e é sobre seu companheiro.

A voz dele soou baixa, mas era possível ouvir um leve rosnado na palavra "companheiro".

_ Ele tem outra e nesse momento eles devem está juntos...na mesma casa em que disse que era sua e dele.

Ele falou tão sério, como se fosse uma trivialidade da vida dele e ela teve que se segurar pra não cair pra trás de tão surpresa que ficou, e pior ainda na forma que ele disse, sem emoção, sem medo, sem hesitar.

_ N...não fale do meu mari-

A voz dela é cortada por ele rapidamente. Ele não quer ouvir ela completar a frase.

_ Se não acredita, então vá pra casa...tenho certeza que você verá com seus próprios olhos.

Ela permanece firme, mas sentindo que desmoronaria se continuasse ali ouvindo aquele homem, então entrou no carro e deu partida. A cada rua perto da sua casa o nervosismo aumentava e a dor no peito era maior. Ela sabia que o marido se afastava dele aos poucos, imaginando ser apenas o trabalho, ela ignorou, mas traição ela nunca pensou. E só de imaginar agora sentia a dor no peito.

Chegando em casa ela corre pra dentro e o lugar que deveria está silencioso tem ecos de risadas e vozes. Vozes essas que ela não quer admitir que seja a do marido, Bruno. Espera, outra voz? Feminina? Ela conhecia muito bem aquela voz. Natália, a mulher que deveria ser a sua melhor amiga estava rindo com seu marido. E isso não era o problema, o problema em si era..o local. Quarto. Por que no quarto? Ela sobe devagar e encontra Natália nua em cima do Bruno.

_ Natália..?

Ela murmura e Natália ligeiramente olha pra trás arregalando os olhos e o Bruno tentava cobrir rapidamente a mulher nua invés de tentar se explicar, o que certamente não ia jogar ao seu favor.

_ O..o que vocês..

A voz some e ela tem que engolir a vontade de chorar, então o Xavier tinha toda razão sobre aquele homem, e pior, ela não acreditou nele. Ela acaba saindo do transe quando a "amiga" fala enquanto se veste.

_ Desculpa, amiga...foi apenas um erro.

Um erro? Como ela poderia ser tão cínica? Quando eu tinha conhecido a Natália, ela era doce, simpática e me ajudava sempre, mas agora estava ela aqui, jogando a bunda pra o meu marido. A raiva era crescente que involuntariamente minha mão se levanta e da um tapa no rosto dele.

_ Como vocês podem?

A voz sai embargada, mas firme.

_ Eu confie em vocês e simplesmente me traem pelas costas. - Desviando o olhar de Natália para o Bruno que colocava as calças- E você? Foram dois anos jogados fora? Não signifique nada agora você?

_ Millena, vamos ser sinceros....você tem uma ótima sentada, mas não tem os atributos que a Natália pode me oferecer.

Ele fala tão calmo que sentia meu rosto ficar vermelho de raiva.

_ Atributos? Que atributos?

As palavras saem de minha boca como murmuros e me xingo mentalmente por isso. Estreito os olhos quando vejo o Bruno se aproxima da Natália e segurar ambos pares de peitos dela. Admito que ela tinha seios de da inveja, mas fui corna por isso? Por ela ter os "atributos" maiores? Isso faz meu sangue esquentar e do outro tapa na cara dela irritada e jogo a aliança no chão.

_ Era isso que queria? Ótimo, Bruno...então fique aí com os seus...atributos..

Rosno e saio do quarto rapidamente e sem olhar pra trás. Entro no carro e dirijo por alguns minutos e quando sinto minha visão turva por não conseguir mais parar de chorar, encosto o carro e me encolho chorosa enquanto lembrava de tantos sorrisos, amor, risadas, promessa.

Tudo foi em vão...

Ela sai de seus pensamentos quando ouve uma batida na janela do carro.

_ Não chore por ele...

A voz era baixa, mas ao mesmo tempo firme.

_ Vem, saia do carro.

Não foi um pergunta ou uma frase onde ela poderia escolher. Foi uma ordem. Uma ordem gentil pelo o que parecia, a voz baixa e rouca. Ela sai do carro trêmula e abraça ele caindo em prantos.

_ X..Xavier, fica aqui comigo...n..não me deixa sozinha

A voz era baixa e embargada de tristeza. Quanto mais se lembrava da dor, mas se agarrava a ele. Ele retribui o abraço, mas a expressão continua a mesma. Sério. Ele suspira e afaga o cabelo dela carinhosamente e sussurra no ouvido dela.

_ Pare de chorar...ele não te merece.

O silêncio era constrangedor, mas ao mesmo tempo acolhedor.

_ Ele não sabe o que perdeu, mas não se preocupa com isso, Millena. Se você quiser posso ensinar uma lição nele.

_ N.. não, não, por favor...não precisa ensinar nada a ninguém..eu só...apenas quero ir embora, deitar, esquecer essa dor.

Ela olha nos olhos dele, era como se ela necessitasse de algo além de palavras. Força e vontade. Aquilo doeu no peito do Xavier, ele sabia que ela não estava com aquilo que precisava, não estava forte o suficiente pra lutar contra um idiota como o Bruno, contra a dor de ser traída por pessoas que ela amava. Ele então puxa ela pra mais perto, pressionando a cabeça dela contra o peitoral dele.

_ Vamos pra minha casa....quer ir comigo?

Ele não olha para ela, mas sorrir quando sente ela concordar com a cabeça. Ele segura ela no colo, a garota se assusta e enrosca a cabeça no vão do pescoço dele e suspira soluçando. O corpo dela estava molenga, mas mesmo assim estava enroscado nele. Os passos eram rápidos, mas suaves, como e tilintar das chaves ele abre a porta do carro e coloca ela sentada no banco antes de puxar o cinto.

O coração dói quando traido e ele sabe melhor do que ninguém que isso é verdade. Maldita dor que o amor traz quando não correspondido. Olha pra ela de soslaio e limpar a lágrima que desce per

_ Já disse pra não chorar por ele...não aqui, não comigo...

O som da voz agora era rude, frio, mas mesmo assim o toque era gentil, quase de um anjo. Um anjo que lutava pra não deixar os demônios fugirem e cometer uma loucura que sabia que iria se arrepender, não por querer, mas sim por que iria levar uma bronca dela.

Um suspiro escapa dos lábios dele ao ver ela enxugar as lágrimas.

_ Pois bem, se eu ver você chorando você tá me devendo um sorvete.

Ele tenta fazer algo tipo...uma piada? Mas não rir, era sério, frio, mas tentava ser gentil. Ela pisca algumas vezes ainda processando o que ele disse e depois apenas concorda com um "ok".

_ vem, quero te levar pra um lugar que...a muito tempo que você fosse...comigo.

Ele estende a mão e espera ela pegar e deixar ele guiar ela para onde ele quisesse, o lugar que ele sabe que ela vai amar.