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Lisana

Lisana

5.0
43 Capítulo
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Sinopse

Índice

Lisana veio ao mundo com problemas de saúde: ao nascer, foi diagnosticada com um sopro no coração. Entre seus familiares, cochichavam que ela era um verdadeiro milagre. Acostumada a que todos dessem muita atenção às suas necessidades e caprichos, tornou-se uma mulher disposta a transgredir as regras da sociedade em que vivia. Quando conheceu Lucas, sua vida mudou. Foi se afastando de seus pais e cada vez mais se tornava comum chegar em casa depois da meia-noite. Sua família fez o possível para afastá-la dele, mas seus esforços foram em vão. Ele a arrastou para um mundo sombrio, muito diferente da forma como ela havia sido educada. Em uma das muitas festas que foram como casal, aproveitou um descuido de Lucas para dar uma volta pela propriedade. Demorou o tempo suficiente para sentir muita sede e, quando se preparava para voltar ao salão, a viu. Foi naquela noite que conheceu Mateo e se obstinou a vê-lo novamente, repetidamente. Situação que foi se complicando à medida que os meses passavam. Mateo estava apaixonado por Dana, a mulher que ameaçava tirar o amor de sua vida. Ele não tinha dúvidas de que conseguiria arrancá-lo de Dana, mas será que conseguiria fazer com que Mateo se apaixonasse por ela? E Lucas ficaria tão tranquilo assim?

Capítulo 1 A Viagem

Naquela manhã, Lisana se aproximou da varanda de seu quarto, como fazia a cada amanhecer. Admirava o tapete de vegetação que se alternava com o laranja dos telhados das casas que surgiam entre tanto verde. Ao longe, seu olhar se deteve na casa de Lucas, embora ela não quisesse se lembrar dele, seus pensamentos a traíam. Romper com seu passado foi a decisão mais acertada que ela tomou em sua curta vida, colocar distância entre eles lhe daria a vantagem necessária para salvar seu casamento.

A luz do sol tinha um brilho incomum que destacava os reflexos de seus longos cabelos. Ela usava um elegante roupão de seda, embora não tivesse dormido bem, já estava maquiada e penteada, pronta para se trocar e sair em direção ao aeroporto. Estava revisando pela quarta vez a bagagem de seu marido quando sua mãe entrou no quarto.

- Eu te imaginava dormindo, seu voo é à tarde, meu amor, por que não descansa mais um pouco? Vocês dois precisam relaxar, além disso, seu pai e eu ficaremos mais tranquilos.

O olhar de Lisana se voltou para o teto, mostrando o branco de seus olhos.

- Olha, mãe, não vê que estou ocupada? Quero levar as roupas certas, principalmente quero que meu marido não fique sem nada. Preciso que ele se sinta confortável em nosso novo lar, tudo tem que ser perfeito.

- Sim, meu amor, entendo. Vou pedir para prepararem um chá para você ficar mais calma - disse a senhora Ana, sabia que, se a contradissesse, não conseguiria nada, então procurou ser paciente.

Com um gesto de sua mão e franzindo os lábios, Lisana se recusou.

- Olha, o que acha disso? Na verdade, não sei se devo levar esse vestido - disse, enquanto apontava para o vestido cinza pendurado perto do espelho -. Mas, vendo bem, combina com o traje que empacotei para ele. Que maravilha quando estivermos longe de tudo isso, longe deste pesadelo!

Sua mãe a observava, franzindo a testa, sabendo que Lisana não estava tão tranquila quanto ela tentava aparentar. Sua filha não podia enganá-la sob essa fachada de normalidade.

- Qualquer coisa que você coloque fica linda, você é tão bonita. Quando te vi pela primeira vez, soube que você seria uma verdadeira princesa, a menina dos meus olhos.

O telefone tocava incessantemente, e Lisana já podia adivinhar quem estava ligando. Sua mandíbula se tencionou, e seus olhos olharam para o aparelho enquanto desejava que ele parasse de incomodá-la.

As ideias se cruzavam em sua cabeça. Minutos antes, Mateo havia saído para o velório do avô de Dana, o que a deixou irritada e muito nervosa. Ela o havia alertado de que aquele seria o último encontro dele com aquela mulher, e agora isso, aquela inoportuna ligação. O que ela planejava era levá-lo para longe, aproveitando que Dana havia anunciado que se casaria com Adán.

- Olha, você não vai atender o telefone? Posso atender? - disse Ana.

Lisana largou bruscamente as roupas que estava segurando e atendeu a ligação.

- Alô - respondeu secamente.

- Sou eu, quero que você venha agora.

Seus olhos se abriram ainda mais ao ouvir aquela voz. Algo se estremeceu dentro dela ao confirmar que era Lucas.

- Não, eu não vou. Não vai me ver nunca mais - gritou, enquanto suas mãos tremiam.

- O que você está dizendo? Você não sabe o que está falando. Você precisa do meu carinho, assim esses nervos vão embora.

Ela pensava tão rápido que ficou muda, não queria que aquele homem destruísse seus planos, e muito menos que ele suspeitasse que ela estava indo embora para outro país para sempre.

O tom dele era suave e melodioso, seguro de cada palavra que dizia.

A mãe de Lisana pegou o telefone, enquanto caminhava pelo quarto visivelmente preocupada.

- Olá, aqui é a mãe de Lisana, por favor, deixe minha filha em paz. Não ligue mais - disse, bastante alterada.

- Senhora, é melhor você não se meter nos nossos assuntos. Sua filha e eu ainda temos muito o que conversar. Nossa história precisa continuar.

- Não a incomode mais, deixe-a tranquila, não vou permitir que destrua ela - disse, com a voz entrecortada.

A senhora estava disposta a defender sua filha daquele homem.

- Diga a ela que estou esperando, que em meia hora ela tem que estar aqui em minha casa.

- Ela não vai. Já disse que não vai. Não insista, eu proíbo.

- Ela virá, senhora, porque Lisana sabe do que sou capaz, se não me obedecer; se não, pergunte a ela, ela vai confirmar. Esse segredo que ela tem escondido vai ser revelado, eu não tenho por que me calar.

- Não, você não pode ameaçá-la, ela não está sozinha.

- O que não posso? - disse, com uma risada sarcástica tão insuportável que provocou náuseas na senhora -. Claro que posso, senhora. Não me importa que se saiba, mais ainda, seria muito divertido contar a verdade na cara de Mateo.

A verdade é que Lisana queria se afastar de tudo, especialmente da influência que Lucas exercia sobre ela, só desejava ser feliz com seu marido em um país distante.

Ana caiu na cama e largou o telefone, seu rosto estava pálido, e a atenção de Lisana se voltou para seu bem-estar.

- Você está bem? Mãe! Responde!

O rosto de Lucas brilhava ao ouvir o mal-estar que causava nelas e ele se deleitava imaginando o que estava acontecendo naquela sala.

Lisana pegou o telefone e o atirou contra a parede enquanto gritou:

- Basta! Fora da minha vida! Eu te odeio!

As lágrimas escorriam por suas bochechas e ela as secou bruscamente com as duas mãos.

- Eu vou ter que ir, caso contrário ele pode aparecer aqui e será pior. Não vou correr o risco.

- Não se arrisque, falta tão pouco, pense, filha, pense.

- Eu sei como lidar com isso, não vai demorar muito. Fique atenta a tudo, eu volto logo.

Balançando o cabelo diante do espelho, ela vestiu um macacão da cor de sua pele e colocou os acessórios que estavam na gaveta de sua cômoda.

- O que eu digo se seu marido perguntar onde você está?

- Nada, não diga nada. A casa de Lucas está a poucas quadras, vou e volto rápido. Ele deve estar acordando depois de uma noite de excessos, sei lá. Estou acostumada a entrar e sair ilesa de seu mundo turbulento; deixe que eu resolva.

Com movimentos bruscos, terminou de se arrumar, pegou a bolsa e as chaves do carro, saindo do quarto.

Enquanto atravessava o corredor para descer para o andar inferior, as palavras de sua mãe ecoavam em sua cabeça. Lucas se recusava a sair de sua vida, ele se tornara um obstáculo no caminho de sua felicidade. Seus pais haviam avisado desde a primeira vez que ele foi à sua casa, e agora ela carregava o peso de uma decisão errada. No entanto, não podia deixar de admitir que, sem a ajuda dele, ela não seria hoje a esposa de Mateo.

A cumplicidade dos dois ultrapassou os limites na juventude, e no começo se ocupavam com pequenas travessuras. A adrenalina tomou conta de seus corpos e, cada vez, queriam mais. As reclamações dos vizinhos alertaram para suas loucuras, sem solução. Suas ações irresponsáveis escalaram até o ponto de cometer um crime que os amarraria, um segredo que juraram levar até a tumba e do qual se vangloriavam quando estavam a sós.

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