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A perdição de Blake

A perdição de Blake

5.0
4 Capítulo
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Sinopse

Índice

Blake Rossi é o filho do meio de uma das famílias mais influentes da máfia. Responsável e comprometido com seus deveres, ele é o oposto de seu irmão mais velho, Theo, herdeiro dos Rossi, que prefere gastar os dias bebendo e apostando em vez de assumir suas responsabilidades. Após um ato de traição, Leonardo Rossi, o patriarca da família, sofre uma tentativa de assassinato. Embora sobreviva, ele fica gravemente ferido. Theo assume o comando dos negócios da família temporariamente, mas sua personalidade imatura o torna incapaz de liderar sozinho. Cabe a Blake, o filho do meio, apoiar o irmão e tentar colocá-lo nos trilhos enquanto mantém os negócios da máfia sob controle. Sophia Winston, uma jovem enfermeira de 21 anos, leva uma vida simples e comum, marcada por altos e baixos. Tudo muda quando ela cruza o caminho de Blake durante uma nova tentativa de assassinato contra seu pai. Entre eles, nasce uma paixão proibida, intensa e inevitável. No mundo da máfia, casamentos entre mafiosos e mulheres civis são vistos como uma afronta às tradições. Mas Blake é um homem determinado: quando deseja algo, ele não mede esforços para conseguir.

Capítulo 1 BLAKE

- Então... Mark quer expulsar você de lá por causa dos seus gatos? - perguntei retoricamente, pois escutei claramente o que a senhora havia dito.

A Sra. Hamilton era uma mulher idosa, entre 50 e 60 anos. Ela tinha os cabelos pretos com raízes grisalhas, pele negra clara e uma expressão sempre muito amável. Todos do bairro a conheciam por causa do seu amor excessivo por gatos. Inclusive, ela viera ao escritório Coppola com um a tiracolo, chamado George, de pelagem preta e branca, obeso e cego de um olho.

Ela também adorava falar sobre os benditos gatos. Fazia meia hora que eu estava sentado ouvindo detalhadamente sobre todos eles.

Na realidade, quem deveria estar aqui era Theo, pois, sendo o primogênito e, consequentemente, o herdeiro, o escritório e suas demandas pertenciam a ele quando nosso pai estivesse ocupado. No entanto, Theo me pediu para cuidar de tudo enquanto estivesse fora. Traduzindo: ele estava se esgueirando com alguma mulher naquele momento.

Eu passava mais tempo no bar dos Rossi do que ele. Não me importava em administrar tudo - sendo sincero, até gostava. O escritório era confortável: pequeno, mas espaçoso o suficiente. As paredes eram pintadas de branco, com uma estante pequena de cada lado, uma para bebidas e copos, outra para livros de contabilidade. Uma grande janela ficava ao meio, por trás da mesa onde eu agora estava sentado, com uma guarnição de madeira escura.

- Sim! Esse homem não tem coração! É cruel e sem alma! Pedi para esperar somente um mês, para poder encontrar outro apartamento, mas ele negou, dizendo que eu tinha que sair até amanhã - Sra. Hamilton falou num tom choroso, enquanto acariciava o gato. - Eu não tenho para onde ir. Minha família mora em Liverpool, mas nenhum deles conseguiria abrigar todos os meus gatinhos.

- Quantos gatos você tem mesmo? - perguntei.

- Trinta.

- E não tem coragem de doar, pelo menos, dez deles?

- Não, não, Sr. Rossi. Todos eles são os amores da minha vida. Não saberia viver sem nenhum deles - disse, amorosa. - Olhe, olhe, pegue o George. Ele é mansinho, não irá machucá-lo.

Ela estendeu o gato de frente para mim, praticamente me obrigando a pegá-lo. Quando o segurei, George não emitiu som algum. Ele se deitou no meu colo, quietinho, parecendo achar o local muito confortável.

- Está vendo? Ele é o gato mais amoroso do mundo. Não merece ficar nas ruas. Nenhum gato merece, na verdade. Se eu pudesse adotar todos...

- E não quer se mudar para outro prédio do bairro? Posso lhe pagar algum.

- Eu... Não quero isso, Sr. Rossi. Gosto do meu lar.

Suspirei, balançando a cabeça e sorrindo ao mesmo tempo. Sabia o quão teimosos os idosos conseguiam ser.

- Eu vou conversar com Mark, Sra. Hamilton. Não se preocupe. Você não irá sair do seu apartamento.

- Oh, Sr. Rossi, muito obrigada! Deus o abençoe. - A Sra. Hamilton se levantou e estendeu a mão para que eu a apertasse. Prontamente fiz isso.

Quando a mulher e o gato foram embora, Alex entrou no escritório alguns minutos depois. Ele parecia alegre demais, como se nada no mundo pudesse abalá-lo. Seu cabelo estava bagunçado, e sua roupa, amassada.

- Obrigado por me cobrir, Blake - disse, enquanto tirava o sobretudo preto. - Céus, é um saco lidar com esses problemas inúteis. Essa senhora veio aqui ontem, mas aleguei que estava sem tempo.

- Sem problemas, meu caro. No entanto... Me diga, onde esteve? - perguntei, apesar de já ter uma ideia.

- Em Kensington.

- Com que mulher?

Ele desviou o olhar, envergonhado.

- Ana Esposito.

Arregalei os olhos.

- Ela não foi prometida ao herdeiro dos Ricci no mês passado? - perguntei. Ele apenas assentiu com a cabeça. - Você não tem jeito, irmão.

- Foi só um caso. Não vai acontecer novamente. Além disso...

- Não quero ouvir suas explicações, obrigado. Só não vá fugir da reunião de hoje à noite.

Ele franziu o cenho, confuso.

- Que reunião?

Dei um suspiro frustrado.

- Com os De Luca - falei, decepcionado, mas sem me surpreender. - Estou falando sério, Theo. Não falte.

- Certo, certo.

Depois da sua afirmação, levantei-me da cadeira estofada.

- Eu irei resolver seus problemas inúteis agora. Até mais. - Com isso, saí da sala.

• • •

Ao contrário da Sra. Hamilton, Mark era um homem tremendamente intragável. Ele aparentava ter cerca de 40 anos, mas seu estresse e rabugice faziam-no parecer muito mais velho. Agora, em Reeve, uma padaria próxima ao escritório Rossi, ele estava resmungando com o atendente.

- Da última vez que comprei meu pão com vocês, ele veio queimado! Isso é um absurdo! Vocês mudaram de padeiro?

- Não, Sr. Mark... Foi só um descuido nosso. Não vai acontecer novamente.

- Espero que sim. Caso contrário, trocarei de padaria.

Com sua sacola de pão em mãos, Mark saiu a passos pesados pela rua. Aproveitei a deixa para me aproximar.

- Sr. Mark! - chamei, elevando o tom apenas o suficiente para que ele ouvisse. Ele virou a cabeça na minha direção, franzindo o cenho. - Como está?

- Quem é você, garoto? O que quer? - perguntou sem a menor simpatia.

- Sou Blake. Fiquei sabendo que você comprou o prédio da Rua Shelton recentemente. Hoje, a Sra. Hamilton, uma inquilina de lá desde o início, me procurou. Disse que está sendo expulsa por causa dos seus gatos. Não acha isso um pouco injusto? Ela é uma mulher gentil, que nunca fez mal a ninguém nesta cidade, e ama o lugar onde mora.

Mark balançou a cabeça, como se a ideia fosse absurda.

- Não vai dar. Ela pode procurar outro lugar perto daqui. - Sua voz carregava impaciência. - Já fui generoso demais com essa mulher. Comprei o prédio no ano passado e ainda deixei que pagasse o preço antigo o tempo todo.

- E qual é a diferença do preço antigo para o novo?

- Hoje em dia custa 250 euros. A diferença para o antigo é de 20 euros.

Soltei uma risada sarcástica.

- Uma grande diferença, não é? - ironizei, mas ele pareceu ignorar o tom. - Eu posso pagar adiantado o aluguel novo da Sra. Hamilton.

- Quanto? - perguntou, os olhos brilhando de interesse.

- Oito meses.

- Tudo bem, tudo bem... Mas só se ela se livrar dos gatos.

É claro que ele tentaria sair por cima.

- Não. Os gatos irão ficar. Todos eles. - Sorri para Mark, sem esconder o desafio na voz.

Ele me olhou com raiva.

- Quem é você para me dizer como administrar meu prédio? Pode esquecer o dinheiro! A Sra. Hamilton não irá mais ficar lá!

- Bom, se mudar de ideia... Vá ao escritório Rossi amanhã. Eu lhe darei o dinheiro.

Mark congelou, arregalando os olhos.

- O-O quê? Rossi? Você é um Rossi?

Mas eu já estava indo embora. Assunto resolvido.

Agora, precisava ir à loja de roupas do Sr. Bennet, depois à loja de conveniência na Rua Sheffield e... Respirei fundo. Seria um longo dia.

• • •

- É uma honra tê-los aqui. - Meu pai falou em um tom sereno. - Espero que apreciem o jantar.

Ele não parecia nem um pouco perturbado com o fato de Theo ainda não ter chegado. Todos os Rossi, exceto meu irmão, estavam presentes à mesa retangular da sala de jantar. Os De Luca haviam chegado há meia hora, mas meu pai conseguira entretê-los, na esperança de que meu irmão aparecesse. Ele era um mestre nesse tipo de manobra, mas até mesmo Alexandre, o chefe dos De Luca, um homem conhecido por sua paciência, começou a demonstrar sinais de estresse. Portanto, meu pai teve que iniciar o jantar.

Theo, ao invés de amadurecer, parecia se tornar cada vez mais irresponsável. Apesar de seus vinte e oito anos, comportava-se como um adolescente impulsivo. Todos tentavam, sem sucesso, colocá-lo nos eixos, mas ele permanecia irredutível em sua teimosia.

O jantar, felizmente, transcorreu pacificamente. A esposa de De Luca se deu bem com minha mãe, e a conversa entre meu pai e Alexandre foi produtiva. Após o jantar, nos reunimos na biblioteca da mansão para tratar do verdadeiro motivo daquela visita - negócios.

Eu estava sentado em um sofá de carmesim no centro da biblioteca, com De Luca ao meu lado, segurando um copo de uísque. Meu pai ocupava uma poltrona no canto esquerdo, também com um copo na mão. A biblioteca era imensa, com dois andares e mais de três mil obras de diferentes gêneros. Sempre gostei de passar o tempo aqui, com um livro sendo minha única companhia. Era algo tranquilizador, um passatempo que escolhi para me dispersar dos assuntos da máfia quando de fato necessitava.

Quando estávamos prestes a iniciar a conversa, Theo finalmente resolveu aparecer.

- Me desculpem pelo atraso. - Meu irmão disse, forçando um sorriso sem graça.

Balancei a cabeça, descrente de que ele ainda tinha coragem de aparecer ali. Às vezes, eu me sentia mais como um irmão mais velho do que Theo. Contudo, eu nunca desejaria estar em sua pele. Nem nos meus devaneios da adolescência já quis ser o futuro Don. Eu zelava pela minha família e faria de tudo por ela, mas como um observador, ajudante e conselheiro. Eu cuidava dos assuntos que Theo tinha preguiça de lidar e ajudava em várias operações, mas era só. Nunca achei que tinha a capacidade para ser um líder como meu pai - que sempre parecia saber o que falar e como agir.

Não saberia lidar se um dia tomasse uma decisão que poderia afetar minha família. Além disso, apesar da máfia estar impregnada em mim desde que nasci, nunca me senti verdadeiramente pertencente a ela.

Theo sentou-se ao meu lado no sofá. O rosto do meu pai não demonstrou um traço sequer de irritação.

- Ótimo. Agora podemos começar. - De Luca disse, direto ao ponto. - Não quero tomar muito do seu tempo, Don Rossi. Vim aqui porque tenho uma proposta para você.

- Pode dizer, caro amigo. - Meu pai respondeu com sua costumeira calma.

De Luca assentiu antes de continuar:

- Todos sabem que você é um homem influente, talvez o mais influente da máfia italiana, tanto politicamente quanto financeiramente. Na semana passada, entrei em um acordo com os Volkov sobre o tráfico humano, que é o ramo mais lucrativo deles. No entanto, eles enfrentam constantes problemas com a polícia, perdendo muitos homens. - Ele fez uma pausa, falando com a maior naturalidade do mundo. - Você, por outro lado, nunca teve esse tipo de problema. Se unirmos forças, podemos alcançar um lucro excepcional de mais de 30 milhões de dólares no primeiro ano, com cada um ficando com 25%.

Meu pai ouvia com atenção, sua expressão impassível. Eu queria perguntar se ele estava sequer considerando tamanho absurdo, mas sabia que interromper uma conversa entre dois Dons seria inaceitável. Devemos falar só se for solicitado por algum deles.

- Já tentou propor esse acordo a outras famílias? Há outras com influência semelhante à minha.

- Não. Você foi minha primeira escolha, pois é a melhor e mais confiável. Temos negócios juntos há décadas e sempre nos respeitamos. - De Luca respondeu, antes de tomar um gole de seu uísque. - Ter os Volkov conosco seria extremamente vantajoso.

- Mas eu nunca fiz acordos com os Volkov. Não os conheço e não sei se posso confiar neles. Como você aceitou algo assim tão facilmente?

Ele deu de ombros.

- Não vi razão para não aceitar. Eles sabem que nem todos concordam com esse tipo de negócio e nunca forçaram nenhuma família a colaborar. Os que entram o fazem por escolha própria. Eles apresentaram uma proposta sólida e promissora. - Ele explicou. - Nossos negócios vão bem, Don Rossi, mas nunca é bom permanecer estagnado. É preciso buscar novos horizontes.

Meu pai observou De Luca por alguns segundos antes de responder:

- Não posso aceitar, De Luca.

- Se estiver com receio, posso...

- Eu acho que você deveria reconsiderar, pai. - Theo falou. - É um negócio promissor.

Don Rossi lançou um olhar severo par o meu irmão.

- Desculpe-me, De Luca. Meu filho está um pouco aéreo esses dias - meu pai disse. - Eu lhe darei minha resposta definitiva: simplesmente não posso aceitar. Entenda, eu sou um homem terrível, mas não sou completamente desalmado. Drogas e jogos de aposta são aceitáveis para mim, mas tráfico humano é algo que não consigo tolerar, independentemente da fortuna envolvida. Pode me chamar de hipócrita, se quiser. Fico feliz por você e seus negócios, mas terá que procurar outra família para esse acordo.

Dei um sorriso curto com sua fala. Fiquei feliz por ele não me decepcionar. De Luca balançou a cabeça, desapontado, mas respeitou a decisão de meu pai. Ambos se levantaram e apertaram as mãos antes da partida de De Luca.

Assim que ele saiu, meu pai voltou à sua poltrona.

- Nunca mais dê suas opiniões não solicitadas enquanto não for o Don, Theo - meu pai reclamou. - Entendeu?

Theo apenas assentiu, sem olhar para meu pai.

- Chamem Hugh. - Ele ordenou, referindo-se a um de seus homens mais confiáveis. - Essa aliança não me parece nada boa.

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