Um arrepio percorreu sua espinha. Sim, ela estava em terras estrangeiras e completamente desconhecidas. A Austrália parecia ser o lugar perfeito para um recomeço. E para isso, nada melhor do que estar ao lado de Ângela.
Ao desembarcar do avião e pegar suas bagagens, Ana seguiu em direção ao portão de desembarque internacional. Enquanto olhava ao redor, seus olhos se fixaram em uma plaquinha: "Srta. Ana - Bem-vinda!" Segurando o cartaz estava Ângela, com um sorriso radiante. Ao vê-la, Ana não conseguiu conter as lágrimas.
- Ah, não! Você mal chegou e já está chorando? - exclamou Ângela, correndo para um abraço apertado.
- Não me peça o impossível! - Ana respondeu, rindo e chorando ao mesmo tempo.
As duas se abraçaram demoradamente, saboreando o reencontro. Logo em seguida, partiram para a casa onde Ana ficaria hospedada durante sua estadia na Austrália.
- A casa é pequena, mas tem tudo o que você precisa e está dentro do que você queria pagar. Foi o melhor que consegui - avisou Ângela enquanto dirigiam.
- Está perfeita! - disse Ana, encantada ao ver o lugar.
- Só tem um detalhe... A dona é meio curiosa, para não dizer fuxiqueira. Então, cuidado com o que faz e, principalmente, com quem traz para cá.
A casa era realmente pequena, situada nos fundos de uma propriedade maior. Antigamente, o espaço servia de depósito para a família, mas com o aumento de estrangeiros na região, o casal proprietário decidiu alugá-lo. Era uma casinha aconchegante, com quarto, sala e cozinha conjugados, um banheiro e uma pequena varanda. E o melhor de tudo: já estava mobiliada.
Ana olhou ao redor, encantada com o carinho da irmã. Ângela tinha comprado tudo o que faltava: roupas de cama, toalhas, algumas louças, decoração e até um lindo arranjo de flores frescas. E, claro, comida.
- Você não existe, Ângela. Não sei nem como te agradecer!
- Não precisa agradecer. E também não somos dessas, né? Só me pague depois, combinado?
As duas riram, cúmplices. Pouco depois, Ângela se despediu, pois tinha combinado de sair com o marido, cuja casa também não ficava muito longe dali.
Sozinha, Ana suspirou e se perguntou quando, de fato, começaria a se sentir em casa naquele lugar. Depois de um banho relaxante e de preparar uma simples omelete, ela se jogou na cama. A sensação da maciez dos lençóis, o conforto do colchão, a temperatura perfeita... tudo parecia um abraço reconfortante após dois dias exaustivos de viagem.
Era exatamente do que ela precisava.