_Até que finalmente consegui meu tão
sonhado emprego! Já não aguentava mais gastar sola de sapato. Recém formada em arquitetura, fluente em Inglês e Francês, domínio em informática e linda! Não poderia querer menos do que trabalhar na multinacional Andradas Bitencourt.
Alice ia pensando, durante o percurso entre sua casa e a grande empresa. Desde adolescente ela se preparou para esse dia! Era seu sonho ser uma grande executiva. E a Andradas Bitencourt era a melhor das melhores! É claro que sabia dos desafios que seu cargo lhe impunha. Seria assessora do CEO egocêntrico e rude Rafael Bitencourt. Ninguém conseguia permanecer no cargo por muito tempo devido ao gênio ruim do chefe. Aos quarenta anos, era o solteirão mais cobiçado na sociedade. Mas nenhum relacionamento vingava. Namorava no máximo três meses e já dispensava a coitada que sonhava ser a primeira dama.
Alice, porém, estava disposta a enfrentá-lo. Porque, ao contrário das outras que aceitavam o cargo interessadas no chefe, ela estava ali pelo trabalho, pela carreira. Com 25 anos e um currículo invejável, sonhava com futuro brilhante na empresa e estava disposta a engolir esse chefe inconveniente goela abaixo.
Quando estacionou, sentiu um frio no estômago. Havia chegado a hora. Assim que desceu do carro, não percebeu que outro luxuoso carro havia estacionado ao lado do seu e, distraída, trombou de frente com a pessoa que desembarcara.
_Ai, meu nariz! O senhor não olha por
onde anda? Falou, indignada, passando a mão no local dolorido.
_Não tenho culpa se a senhorita tem bolas de gude azuis no lugar de olhos! Desastrada!
_Desastrada, eu? O senhor nunca ouviu falar em cavalheirismo? Mal-educado! E bom dia para o senhor também.
Que ódio desse homem! Me atropela e ainda diz que a culpa era dela... "Isso não vai me abalar!" Pensou enquanto se encaminhava para o elevador que a levaria ao RH.