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Black Heart

Black Heart

5.0
9 Capítulo
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Sinopse

Índice

「 ✦ O que é certo ou errado? ✦ 」 Essa pergunta nunca foi fácil para Amelia, uma jovem que apagou seu história para se dedicar integralmente a uma organização criminosa. E ela fez da Diamond Rose, uma máfia bilionária de informações, sua única razão para viver. Era uma subordinada promissora e a favorita do chefe, que já a tratava como filha. Para ela tudo estava perfeito até que seu passado volta para lhe assombrar. E enquanto está fragilizada, seu coração fica vulnerável. O melhor amigo, uma lembrança de infância e alguém maduro que sabe o que quer. Ela terá que lidar com as emoções que nunca teve chance de sentir. Black Heart conta a história de Amelia descobrindo o que é o amor e como ele pode machucar tanto quanto uma ferida física. Nesse livro, a personagem conhecerá três homens que vão mudar sua vida. Black Heart é um dark romance onde é retratado episódios de violência, agressão, abuso, etc. Esse livro é uma obra de ficção e as coisas nele escritas não refletem a realidade ou a opinião da autora.

Capítulo 1 𝕀

As luzes da cidade refletiam na lataria lustrada do luxuoso sedan preto. Do banco de trás, a direita, Amelia observava cada luminoso de canto de olho. Com braços e pernas cruzadas, dentro de suas roupas, o jeans escuro, a regata preta coberta pela jaqueta de couro, ela pensava no destino. Sua boca estava seca, pedindo pelo amargor do álcool, e sua ansiedade gritava por nicotina.

Dentro do carro estava seu parceiro, como motorista, Liam. Ele sempre a acompanhava, era seu fiel companheiro. Apesar de sempre sofrer com os comentários dos outros membros dizendo que ele era "seu cachorrinho", não se importava, ele a adorava como uma deusa. Tinha sentimentos, claro, mas nunca confessou. E nem pretendia. Sabia que dentro do coração da Amelia não tinha espaço para amor. Ela era alimentada por ódio, sarcasmo e álcool.

Liam apertou o volante, inseguro, sentindo suas mãos suadas.

— Você parece inquieta... — ele começou, depois de limpar a garganta. — Achei que gostasse do Tyler, ele tinha potencial…

— Pff... — Amy riu ironicamente, revirando os olhos. — Potencial para ser um traidor... Mas ele sabe o que está chegando pra ele. E todos da organização também.

— É claro, mas... Ainda é um pouco assustador. — ele disse, afrouxando a gravata em seu pescoço.

— É para ser assustador. — A voz da garota era assertiva.

O veículo estava sendo seguido por uma van também preta, fazendo caminho até o porto da cidade. A madrugada era calma, silenciosa. Quando ela desceu do carro, após Liam abrir a porta, tudo o que podia se escutar era o som das ondas se chocando contra a barragem. Sua mão afundou no bolso, pegando a carteira de cigarros e o isqueiro iridescente com um desenho de uma rosa gravado na lateral. Seus dedos levaram o vício até a boca, o acendendo com dificuldade por causa do vento. Ela inspirou aliviada, como se precisasse daquilo para respirar. A fumaça saiu por entre os lábios, sem tirar o cigarro dali, enquanto ela apreciava sua pressão baixando de olhos fechados.

Seu momento de prazer silencioso foi interrompido pelos pneus da van prensando o cascalho do chão. Os gritos abafados de alguém inquieto ali dentro a fizeram abrir os olhos. Quando a porta abriu, homens de terno desceram do veículo, alguns deles com machucados que pareciam de socos. Eles arrastaram para fora um homem alto, magro, de cabelos loiros até o ombro, com roupas de festa, algumas jóias ao redor do seu pescoço e os braços atrás no corpo, amarrados com uma corda de sisal. Sua camisa estava manchada de sangue e havia cortes em seu rosto e vestes.

— Tyler, Tyler, Tyler... — ela disse o nome dele ao mesmo tempo que a fumaça saia de seus pulmões, deixando sua voz mais grave. Ele a olhou, estremecendo quando entendeu seu destino. Se ela estava ali só podia significar uma coisa.

— Amelia. — o homem rosnou, seco. Ela não conseguiu esconder o sorriso sádico no rosto. Vê-lo agora tão furioso, depois de ter traído a família a animava de um jeito sombrio.

A garota segurou o cigarro entre os lábios com força e, muito rapidamente, deu uma joelhada no abdômen do mais alto que o fez gemer de dor e cair de joelhos no chão.

— Você era tão promissor… — ela disse, se agachando frente dele, soprando fumaça em seu rosto. Sua mão acariciou seu cabelo, o colocando atrás da orelha gentilmente. — Por que tinha que trair a família? — Seu sorriso sádico apareceu de novo. Amelia esticou a mão a um de seus capangas que lhe entregou um rolo de fita adesiva prateada. — Hoje vai aprender a ficar de boca fechada.

Sua mão esquerda agarrou a mandíbula de Tyler com força, contra a sua vontade, o fazendo abrir a boca, e com a destra seus dedos pegaram o cigarro e o apagaram na língua do rapaz, que se contorceu de dor. Com velocidade, ela empurrou seu queixo para cima, fechando seus lábios com a droga dentro e passou a fita por cima. Ele tossia e parecia estar segurando a náusea.

— Já demoramos tempo demais aqui. Amarrem ele. — Os homens de terno confirmaram com a cabeça e imediatamente carregaram correntes pesadas para fora da van, prendendo-as nas pernas do traidor e o arrastando até a borda do porto. De lá dava para sentir os respingos das ondas. Amelia caminhou lentamente até lá, olhando as estrelas no céu, respirando o ar com cheiro de mar.

Quase que ela se distraiu por um momento, mas logo voltou a si, olhando o rosto apavorado do rapaz na sua frente, acariciando sua pele mais uma vez.

— Uma pena. Como gosto de você não vou te dar um tiro... Vou deixar você aproveitar seus últimos minutos contemplando sua vida miserável. Adeus Tyler. — Com um impulso, ela chutou a barriga do mais alto o fazendo cair na água. Ele desapareceu enquanto se debatia.

Ela ficou ali esperando o corpo sumir no fundo da água, sentindo o vento balançar seus cabelos, respirando fundo, quase em êxtase. Liam dispensou o resto dos homens, que logo entraram na van e partiram. Ele se aproximou da parceira, colocando as mãos em seus ombros, os apertando com gentileza. Ela não se importava. A presença dele a acalmava.

— De volta a harmonia... — ela disse, inspirando fundo de novo e então se virando para ele. — Vamos embora.

Ela caminhou com passos rápidos até o carro, entrando no seu lugar de costume. E sem muitas palavras, eles seguiram para o hotel Diamond Rose. Um lugar de luxo que servia como fachada para todo o esquema criminoso da máfia que fazia parte. Lá ela fez questão de fumar mais um cigarro no estacionamento, aquietando seu coração. Não sentia culpa. Na cabeça dela, estava fazendo a coisa certa. Aquele era seu trabalho. Cuidar da organização.

Depois de alguns minutos, subiu com Liam pelo elevador executivo. O lugar era todo detalhado em dourado. Haviam homens bem vestidos por todos os lugares entre os hóspedes. Alguns a olhavam e baixavam a cabeça, em respeito. No último andar chegou na grande sala do chefe, Gary White. Ele estava em pé na frente da janela, olhando para a noite. Como Amelia fazia. Eles tinham uma relação fraternal e platônica.

— Está feito. Não tivemos nenhuma exposição externa. Devemos ficar fora do radar por um tempo. — disse a garota, em tom respeitoso.

— Ótimo. — ele falou então se virando, com um copo baixo de whiskey na mão. Ele serviu mais uma dose para si mesmo e a tomou em um gole. E então serviu mais uma e outra em outro copo, agora oferecendo a ela, que aceitou sem pensar. — Sabia que podia contar com você.

Ela sorriu, mordendo o lábio, quase sentindo orgulho de si mesma. Liam sentou no sofá no canto da sala, soltando os botões do paletó, deixando à mostra a camisa branca com o físico já quase querendo marcar presença, se jogando lá. Ele também tinha uma boa relação com o chefe.

— Devia me agradecer por proteger essa maluca. — Liam brincou.

— Mas eu sou grato! — disse Gary.

— Como se eu precisasse de proteção alguma... Sou eu que protejo todos vocês. — Amelia falou, rindo. Com um sorriso genuíno que poucos viam.

Era verdade. Ela não precisa de proteção, ao menos não física. Mas tanto Liam quanto Gary a traziam uma proteção que ela jamais teve. Um amor que só se vê entre as famílias mais puras. E só eles conheciam seu coração verdadeiramente.

Gary era um homem avarento. Sempre com os melhores ternos, os carros mais caros… Ostentava em toda a oportunidade. Para ele, o luxo era uma forma de deixar os outros medirem seu poder. Era muito charmoso para idade. Tinha na faixa de 50 anos, mas não aparentava, a não ser pelo cabelo grisalho. Tinha um corpo largo, musculoso. Era alto e sua postura perfeita o fazia ainda maior. A barba cinza emoldurava a pele branca do homem, complementando seus olhos escuros como o céu em um dia sem estrelas. Já havia se casado, e divorciado, 3 vezes. Nunca teve filhos, mas seu maior orgulho era Amelia. Ele a moldou com maestria. Ensinou ela a negociar e como manter a diplomacia entre gangues. Mas seu gênio forte sempre fazia com que eles se desentendessem. Eles brigavam por detalhes, sempre achavam que o seu jeito era o certo de fazer. Conforme a garota melhorava, ele a trazia para mais perto. Depois de alguns anos, passou a chamá-la de filha.

Porém, a sua prioridade sempre é a organização. Tudo o que ele construiu, onde ele chegou, sua influência... Era viciado em poder e sempre estava cego por ganância. Não tolerava erros, nem de Amelia. E isso era o que os unia. Ela sempre ia até o limite para cumprir suas ordens. Era sua arma secreta. Gary sabia que ela faria tudo pela empresa. Assim como ele.

Liam viu sua amiga relaxando um pouco ao sentar em uma das poltronas de couro do escritório do chefe, mas seus ombros ainda estavam tensos. A garota sabia que tinha mais alguma coisa na mente de Gary, ela conhecia o velho muito bem para ignorar. O silêncio após as brincadeiras começou a se tornar ensurdecedor. Um aperto no peito da morena a fez querer sair dele o mais rápido possível.

— Qual é? Vai me deixar preocupada assim?

Ao ouvir aquilo, Gary quase engasgou em um gole grosso de whiskey. Após algumas tossidas ele limpou a garganta com um sorriso um pouco desconcertado.

— Eu não consigo esconder nada de você, não é? — a voz grave perguntou, recuperando o fôlego. Ela apenas negou com a cabeça, mantendo a feição séria. Sua mão repousou o copo vazio com delicadeza sobre a mesa de madeira enquanto ele suspirou, como se estivesse prestes a dizer que alguém havia morrido. — Perdemos acesso a um de nossos servidores essa noite.

Amelia levantou uma sobrancelha, projetando o corpo para frente, imediatamente rígida.

— Como assim? — Liam perguntou. Ele também estava confuso. — Já não mandamos uma equipe pra resolver isso?

Com um olhar perfurante, Amelia virou para o companheiro. Sua expressão era clara.

“Você sabia disso?!” — pensou, mas Liam tinha certeza que conseguiu ouvir aquele questionamento.

— Relaxa, Ames… — seu pai tentou contornar a situação. — Eu pedi para ele manter o segredo, você não poderia estar em dois compromissos ao mesmo tempo, certo? — Seu tom era professoral e ela foi obrigada a concordar.

A destra do mais velho foi até uma gaveta de sua mesa, puxando um tablet e o levantando para que Liam alcançasse a filha. Era mais uma forma de manter a hierarquia bem clara. Os dedos pálidos da garota tocavam a tela com velocidade, ela parecia cada vez mais agitada.

— A equipe que despachamos mais cedo não retornou e estamos sem contato com eles há algumas horas. Consegui acesso às câmeras de segurança das redondezas e não parece nenhuma operação policial, mas… acho que é uma emboscada da Suzan…

Suzan era uma das ex-mulheres de Gary. Ele nunca imaginou que ela fosse o trair dessa maneira, mas até homens como ele podem se deixar levar pelos encantos do amor. E ele nunca teve coragem de matá-la. Só… a deixava ser. Até porque seu negócio era outro. Suzan trabalhava com drogas. Gary com informações. A grande organização que Amelia fazia parte era uma central tecnológica gigante de espionagem. Podia se dizer que eram tão equipados quanto as agências do governo. Seus capangas eram treinados para seguir grandes figurões, políticos, bilionários ou celebridades, descobrir qualquer podre e vender para quem pagasse mais. Empresas gastavam milhões por qualquer coisa que as ajudasse a subornar alguns líderes governistas, ou por segredos de suas concorrentes. A lista de clientes era grande, a de alvos maior ainda. Obviamente, existiam inúmeras investigações sobre a família, mas para se safar conseguiam acordos com a promotoria em troca de pistas sobre outras gangues. E foi assim que a guerra contra a Suzan começou. Apesar de ele a deixar quieta na maior parte do tempo, ele odiava o fato dela trabalhar vendendo cocaína. Gary nunca falava sobre, mas ele parecia odiar drogas. Era estritamente proibido fazer uso de qualquer substância dentro da organização. Até mesmo álcool e cigarro eram controlados. Se algum de seus subordinados aparecesse minimamente alterado ele fazia questão de puní-lo pessoalmente.

— Você e sua ex-mulher… — Amelia suspirou, impaciente. Seus olhos não saíram da tela.

— Ames… — o chefe chamou a atenção dela com uma voz grave, mas antes que ele continuasse a garota levantou devolvendo o aparelho para a mesa dele.

— Bom, parece que eu vou ter que resolver essa bagunça.

— Pega leve com os homens da Suzan… A gente entregou os caras pra polícia, eu nem imagino o quão furiosa ela deve estar.

— Gary, você sabe que ela já está casada de novo, não sabe? — a voz dela tinha um toque de deboche. Sabia que ele ainda tinha sentimentos por ela, mas já haviam se passado quatro anos, ele precisava reagir. Ele só suspirou. Não poderia rebater aquele argumento.

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