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A Garota da Máscara Prateada

A Garota da Máscara Prateada

4.8
7 Capítulo
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Sinopse

Índice

"Senhoras e Senhores do reino de Cloudencie! O rei acaba de anunciar o noivado de seu único filho e herdeiro do trono, junto à princesa de Jurdanis e a mais nova aliança com o reino rival. Para comemorar essa nova conquista haverá um baile sem tema escolhido, e todos os súditos dos dois reinos são bem vindos! . . ... Bem... exceto se você for uma bruxa!"

Capítulo 1 Ferido

Magia...

Você já se perguntou como seria se você pudesse fazer algo flutuar ou até mesmo fazer fogos saírem pelas suas mãos? Ou melhor, se você pudesse curar alguém ou revelar o seu futuro, prever desastres, prever sonhos... Parece ser incrível, não é? Ter tudo bem nas palmas de suas mãos apenas usando a sua magia...

Mas não, não é assim que funciona, quem dera se fosse... Fazer magia tem um preço, e na maioria das vezes esse preço você só paga com a morte.

Eu venho de uma linhagem extensa de bruxas e por alguma razão eu consigo usar magias que eu não deveria. Usar magia causava uma sensação mista de intriga e força, mas a energia ao fazer ou conjurar um feitiço que você não sabe como está fazendo isso, te matava por dentro, cada vez que fazia isso, era como se estivesse acontecendo uma guerra dentro de mim... então eu não uso mais magia, pelo menos nāo como antes.

Meus pais morreram por isso, morreram por serem bruxos e usarem magia, mortos pelas mãos dos humanos quando eu ainda era só um bebê.

Vivo com a minha tia, Ofélia. Ela nunca me contou exatamente como eles morreram ou o que eles faziam no meio dos humanos. Eu sempre busquei por resposta mas eu nunca conseguia uma simples explicação... Era como se quem soubesse tentasse me poupar da verdade, então eu desisti de saber o verdadeiro motivo, pelo menos por agora.

Não podemos pisar ou nem nos aproximar num reino que antes era nosso. O Reino de Cloudencie. É tão irônico o reino ter o nome de uma das maiores bruxas que ja viveram, sendo que agora é conhecido como o reino que mais assassina bruxos no mundo.

Eu os odiava por isso.

Mas também, eu não me importava mais. Há uns anos atrás eu queria vingança, queria muito. Mas o que isso iria valer? Não traria meus pais de volta e eles não ficariam nem um pouco orgulhosos ao ver o que eu me tornei, eu tenho certeza que eles desejariam que eu tivesse um futuro melhor do que me tornar uma bruxa assassina.

Então eu apenas guardei essa ideia, não valia a pena sujar minhas mãos com o sangue humano.

Não agora...

— Imogen! — Os gritos de Ofélia tiram dos meus pensamentos me fazendo franzir o cenho. — Imogen! — Ela aparece em meu quarto rapidamente, me assustando. Tia Ofélia parecia com minha mãe, seus cabelos eram curtos e encaracolados. Ela era alta e seus olhos eram cinzas.

Reparo em um papel em suas mãos, parecia um convite.

— Aconteceu alguma coisa, Ofélia — Me coloco de pé. Ela sorria de forma sarcástica.

— " Senhoras e senhores do reino de Cloudencie, o rei acaba de anunciar o noivado do seu único filho e herdeiro do trono junto a princesa de Jurdanis. Assim fazendo com que o reino rival agora sejam aliados, e assim, em comemoração a aliança dos reinos e dos seus futuros herdeiros, haverá um baile sem tema escolhido e todos os súditos dos dois reinos estão convidados!" — Terminou, me encarando. Eu Franzi o cenho, confusa.

— E o que isso tem haver com a gente? — Minha tia revira os olhos.

— E em letras miúdas está escrito " Caso alguma bruxa tentar entrar no Palácio, serão queimadas em praça pública. Assinado, governantes de Cloudencie." — Pontuou, furiosa. Sinto o meu sangue ferver. Puxo os meus cabelos para trás, tentando acalmar o fogo que se acende dentro de mim, um fogo repleto de ódio.

Eles ainda tinham a ousadia de debochar da gente? Porque eles acham que nós iríamos perder tempo naquela merda de baile?

Eu pego o papel de sua mão e começo a ler novamente. Eles são uns idiotas!

— Como eles ousam debochar disso?. — Eu Murmuro. Ela me encarou, estranhamente.

— Eles irão se arrepender. — Sorriu, com um sorriso cruel que me fez arrepiar. Ela me deu as costas, pronta para sair do meu quarto. — Oh, Imogen! Reunião do coven às 12 da noite. Sem atrasos! — Terminou, desaparecendo do meu campo de visão.

Provavelmente todo o coven iria encarar isso como uma afronta, e os conhecendo eu saberia que isso iria causar um repercussão grande. O coven lida com ameaças e afrontas desde a muito tempo, até então desde que saímos do reino não recebemos mais ameaças ou afrontes, porque eles não sabiam onde nós nos escondíamos. Por essa razão decidimos não atacar se não fôssemos atacados.

Mas eles mexeram com forças perigosas ao debochar da nossa maior dor, que são nossas irmas bruxa que eles queimaram.

Meus pais, que eles também queimaram...

Fecho o meu livro de feitiços prendendo o meu cabelo logo em seguida e caminho para fora do meu quarto.

Observo Cloudencie de longe, dando um logo suspiro enquanto brincava com a máscara prateada de minha mãe. Ela me contava histórias que aconteceram enquanto ela usava essa máscara, inclusive, isso estava em seu rosto quando ela conheceu o meu pai. Por isso eu me sentia tão proxima deles quando eu a segurava, então comecei a andar com a máscara por toda parte.

Bem, prefiro contar essa historia depois.

Eu estava no topo de uma árvore observando o reino, eu sempre me sentava nessa árvore e me perguntava como seria se bruxas e humanos não tivessem essa rincha... Sem guerra, sem afrontas, sem caos... Eramos tão fortes, podiamos exterminá-los apenas com um simples feitiço, mas não queríamos fazer isso, isso nos faria o ser o que eles dizem que somos, montros... E nós não somos!

Eu perdoaria o que eles fizeram se ao menos nos pedissem desculpas e mostrassem arrependimento. No diário de minha mãe, ela escreve como é bom perdoar e ser perdoado, que essas são as maiores virtudes da nossa vida e que isso lava a nossa alma. Ela era incrivel...

Porque eles preferem o caos? Porque eles não opitam por se redimirem? Eu queria muito entender o que se passa na cabeca deles para preferirem semear essa discórdia, essa luta, esse odio!

Minha tia sempre me contou histórias tão crueis sobre o que eles faziam com gente da nossa espécie que eu cresci com ódio, raiva, irá... Todos esses más sentimentos, eu queria destruir eles, um por um. Acho que foi isso que abriu o poder proibido dentro de mim, era tanta mágoa tanta raiva em uma criança que eu tive que liberar esse odio.

Ao liberar tanta raiva, eu fui punida pela minha própria espécie, ou melhor... pela minha tia. Ofélia me prendia numa cela escura com meus braços amarrados com correntes enfeiticadas, eu ficava quatro dias seguidas sem comer, eu apenas me hidratava com um copo de àgua por dia. Ela dizia que isso me faria ser forte, que isso me faria ter raiva, mas não ao ponto de usar a magia que eu não conhecia.

São memorias tão ruins que eu gostaria de apagar da minha mente para sempre.

Olho para as estrelas que já apareciam no céu. Passei muito tempo nessa árvore, nem havia visto o tempo passar. Respiro fundo antes de descer para voltar para casa, teria a reunião do Coven meia noite em ponto, eu nao poderia me atrasar, Ofelia me mataria. Eu precisava me sentar ao seu lado como futura governante e ser como ela, cruel.

Eu sempre tive que fingir ser uma outra pessoa na frente dela.

Moravamos num parte distante e escura da floresta, nossas casas ficavam escondidas pela barreira mágica, era uma espécie de camuflagem. Apenas bruxas podiam passar, não era muito longe chegar a pé.

Eu sempre gostei de pensar muito e essa era uma das dádivas de caminhar um pouco longe, eu sempre tinha mais tempo para me afogar em pensamentos e...

Espera, o que foi isso?

Um barulho desvia a minha atenção, era como um gemido de dor. Franzi o cenho e procuro saber de onde havia saído aquilo.

Por favor, não seja uma armadilha!

Vejo um arbusto se mexer, eu rapidamente corro até lá assustada, mas em sinal de alerta...

Quando eu vejo um homem na minha frente, caído. Ele sangrava muito e iria morrer em questões de minutos! Me ajoelho rapidamente e abro a sua camisa vendo um grande e fundo corte feito por uma espada. Estava muito fundo, se eu fosse procurar por ervas, ele morreria.

Eu so podia fazer uma coisa para ajudá-lo..

"Por favor, não seja humano!" Sussurro para mim mesma enquanto pego um pouco de seu sangue com o meu dedo...

Não brilhava... merda ele era um humano!

Passo as mãos em minha cabeça, nervosa. Eu não sabia o que fazer! Se eu não usasse a mágia de cura ele iria morrer! Mas eu não posso usar magia em um humano, isso quebrar todas as regras e então seríamos nós que estariamos arrumando uma encrenca enorme... Mas eu não posso deixar ele morrer, o que isso me tornaria? Mesmo ele sendo humano, ele gemia de dor, eu não posso deixá-lo morrer assim.

Droga!

— O que eu vou fazer com você? — Eu estava tão nervosa que podia começar a chorar ali mesmo. Me sento ao seu lado e coloco a cabeça dele sobre o meu colo tentando pensar em algo, mas eu não tinha outra escolha.

Eu não posso deixar ele morrer!

Ele se mexe, gemendo. Olho para o seu rosto e vejo que ele não estava desacordado. Merda, ele não pode me ver!

Pego a máscara de minha mãe que estava em meu bolso e coloco no meu rosto rapidamente. Caso eu o curasse, ele saberia que eu sou uma bruxa e ele não pode de maneira alguma ter noção de como é o meu rosto, isso prejudicaria o coven e seria por minha culpa.

Ele era bonito, seus cabelos eram castanhos e ondulados, sua pele estava pálida por causa da grande quantidade de sangue que ele estava perdendo, seus lábios eram rosados, mas estavam secos e também ficavam cada vez mais pálidos. Ele era muito bonito.

Seus olhos se abrem, eu me assusto. Eles não se abriram por completo, mas ele agora estava me encarando. Seus olhos eram uma espécie de verde água, eram bem claros e...e encantadores.

Sua boca começa a sangrar no mesmo instante, merda! Faz alguma coisa, Imogen!

Meu medo era usar magia e não conseguir parar! Mas eu não me permito deixá-lo morrer assim, com dor e lentamente. Eles podem ser os monstros que mataram meus pais, mas eu não sou como eles.

Respiro fundo, e o olho novamente, que ainda continuava a me encarar.

— Vai ficar tudo bem, ok? — Sussurro. Rasgo um pedaço da minha roupa e limpo o sangue que saía de sua boca.

Coloco as minhas mãos no grande corte em seu abdômen, ele geme mais, sentindo a dor. — Olha pra mim — Tento o aliviar, mas eu não sabia se ele se sentia mesmo aliviado ao ver uma bruxa na sua frente e com a mão na sua ferida. — Vai ficar tudo bem, eu prometo — Repito. Posso estar louca, mas eu sinto o seu corpo ficar menos rígido depois que eu digo isso... Talvez ele esteja confiando em mim.

— Q-quem é v-o-ocê? — Ele gagueja, as palavras saem com dificuldade de sua boca.

— Shh, não faça esforço. — Sussurro. — Isso pode doer um pouco, mas você aguenta. — Respiro fundo antes de fazer a maior loucura e quebrar uma das maiores regras do clã. Usar magia sem a permissão dos líderes, na qual a maioral é minha tia. Fecho os olhos e volto a estender as mãos em seu grande corte — Curaivos arementrius stornes sucumbias — Seu corpo volta a ficar rígido, Mas sinto suas mãos segurando um dos meus braços, me deixando mais nervosa. Mas eu não paro — Curaivos arementrius stornes sucumbias, Curaivos arementrius stornes sucumbias...Curaivos arementrius stornes sucumbias... — Abro os olhos.

A sua ferida agora estava num clarão branco, que impedia de ver qualquer coisa. Ele estava suando frio, sei que estava doendo, mas ele vai ficar melhor.

— Você vai ficar melhor. — Murmuro, baixo. — Dorme... — Passo a mão em sua cabeça e fecho os seus olhos, o fazendo dormir no mesmo momento.

Eu poderia ficar com ele a noite toda para ajudá-lo, mas ele é humano, quando acordar irá querer me matar. Então eu apenas me levanto e o deixo lá, indo para casa.

Meu corpo estava coberto de sangue e minha roupa rasgada, se Ofélia me ver assim, ela irá me mat... Merda! A reunião!

Eu estava perdida.

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