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O Zelador de Cemitério — Pacto dos Perdidos

O Zelador de Cemitério — Pacto dos Perdidos

5.0
16 Capítulo
60 Leituras
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Sinopse

Índice

Castellari é um homem jovem e ansioso, ele não tem paixão, nem objetivo na vida, tudo o que ele quer é ser deixado em paz. Seu sonho se torna realidade quando ele encontra um emprego como zelador de cemitérios. Mas quando ele ganha a capacidade de ver fantasmas, a vida tranquila que ele sonhava dá lugar ao caos. *uma adaptação de Sayaka Cutrim*

Capítulo 1 Uma vida tranquila

Aqui se inicia a história de um cara chamado Castellari que não encontrou seu lugar entre os vivos, então ele foi viver com os mortos.

Para ele, a morte não era grande coisa, os mortos o assustavam menos do que os vivos.

Então, quando ele teve a oportunidade de trabalhar em um antigo cemitério, onde ele só precisaria limpar algumas sepulturas e puxar ervas daninhas, ele não hesitou.

Ele se inscreveu e foi contratado, porque ninguém queria o emprego. O recrutador nem se incomodou para entrevistá-lo.

Ele o conheceu diretamente em frente ao estacionamento da cidade, onde o levaria ao cemitério.

Castellari, como qualquer pessoa ansiosa, chegou cedo. Muito cedo para a consulta.

Depois de visitar o recanto da paz, um mercadinho para aprimorar velórios no centro da cidade, ele se sentou perto do estacionamento.

Castellari tinha dezenove anos, cabelos pretos, olhos claros, alto e, por incrível que possa contar, era esbelto. Ele tinha uma beleza discreta.

Seus olhos não tinham o brilho que qualquer pessoa da sua idade deveria ter.

Ele tinha a aparência de um homem que carrega um luto que não tem nome nem rosto.

Nada é mais doloroso do que sofrer sem saber o porquê.

Quando o recrutador finalmente apareceu, tarde, ele estava em um carro velho que provavelmente costumava ser vermelho, mas agora parecia mais uma laranja enferrujada.

— Coloque suas coisas no porta-malas e entre – disse o recrutador, um senhor de idade. Na verdade, com uma idade bastante avançada, semelhante a idade do carro que o trouxe até o centro da cidade.

Depois de entrar no carro, houve 15 minutos intermináveis de silêncio.

E, finalmente, o velho limpou a garganta como se anunciasse a chegada dolorosa de uma frase.

— É um trabalho fácil, você terá que cuidar do cemitério, limpar, receber os raros visitantes e certifique-se de manter tudo em ordem. Você será pago e terá um lugar para ficar. A única desvantagem é que está um pouco longe de tudo, mas você se acostumará.

— Ok, está ótimo – disse Castellari, timidamente.

Depois de mais alguns minutos, o carro finalmente parou no topo de uma colina, em um platô bastante amplo, em frente a um pequeno casarão.

O casarão era um antigo remanescente de uma guerra esquecida.

Agora era um cemitério que acolheu os restos mortais de pessoas mortas há muito tempo para qualquer um lamentá-los.

Os muros de 3 metros de altura, que originalmente ofereciam proteção, tornaram-se uma barreira que separa os vivos dos mortos.

— Vamos lá, eu vou te mostrar o lugar. Então, aqui estão os portões, a chave para abri-los é a grande, um pouco enferrujada, mas ainda funciona – falava o ancião.

A abertura dos portões divulgou o som de uma orquestra de parafusos corroídos.

Tudo fora do cemitério parecia velho, mas de alguma forma, o interior conseguiu parecer ainda mais caótico e deteriorado.

Muitas sepulturas não tinham lápides, em muitos pontos a única indicação de que alguém era enterrado havia uma pilha de terra movida.

Muita erva havia crescido por toda parte, as paredes precisavam de limpeza e os túmulos precisavam de cuidado e um pouco de amor, mas mesmo com tudo isso, o cenário conseguiu ter algum charme.

— Venha aqui, este é o lugar onde você ficará.

O velho abriu a porta de uma pequena casa logo dentro do cemitério que poderia facilmente ser confundida com um mausoléu.

— O último inquilino se aposentou há alguns meses. Ele deixou algumas coisas, fique à vontade para escolher o que você gostar, quanto ao que sobrar pode jogar fora.

— Ok. Apesar de ser um quarto pequeno, será é legal morar em um lugar tão perto dos túmulos, é como… 5 metros de distância de cadáveres – falou Castellari.

O velho olhou para ele com os olhos cansados.

— Sou recrutador há muito tempo e jamais vi essa empolgação no rosto de um trabalhador, ainda mais de cemitério. Bom, se você realmente gosta, pode ficar o tempo que acha necessário.

— Obrigado. Ter aceitado essa oportunidade será bom o suficiente para mim.

A visita foi retomada, o velho mostrou quase tudo o que havia para ver.

Os túmulos mais antigos de famílias ricas que não recebem nenhuma visita de seus ricos descendentes.

O lugar onde nenhuma planta pode crescer e onde todas as flores morrem rapidamente.

O lugar, nos arredores do cemitério, onde as pessoas da cidade decidiram jogar lixo.

Ele não visitou o cemitério inteiro, mas no final do passeio, Castellari tinha uma boa ideia de o que esperar.

Antes de deixá-lo em paz, o recrutador deu uma última indicação, que parecia ser a mais importante de tudo: — Aqui estão as chaves, expliquei tudo, mas se você tiver alguma dúvida, tente encontrar a solução por si mesmo. Sou um homem ocupado e não é o único lugar de onde estou encarregado. Ok?

O velho, após dizer adeus, voltou para o carro e foi embora.

A visita não foi demorada e houve poucas explicações, contudo, Castellari estava ciente de duas coisas: não há se quer uma única alma viva por quilômetros; e o recrutador e a cidade que o paga não querem ouvir falar deste cemitério.

A conclusão na mente de Castellari era que não havia ninguém para perturbá-lo.

— Finalmente sozinho – falou, aliviado.

Castellari soltou um suspiro de alívio quando viu o carro desaparecer à distância.

Sim, o cemitério estava muito mais paralisado do que o esperado.

Sim, sua nova casa é velha e cheira mal.

— Esta casa cheirava exatamente como você esperaria de um lugar onde morava um velho solitário – pensou e recitou essas palavras ao céu.

E por fim, ele seria recompensado muito bem pelo trabalho prestado.

Mas ele encontrou um lugar tranquilo para descansar.

— Ok, vamos pegar a bela espreguiçadeira que vi no aterro!

Alguns minutos depois, Castellari conseguiu tirar uma cadeira bonita do depósito de lixo.

Naquele momento, ele tinha uma e apenas uma coisa em mente: aproveitar os últimos raios de sol do dia.

E ninguém poderia detê-lo.

— Vou colocar a cadeira contra a parede, não muito perto dos túmulos, e no lugar certo para pegar a claridade do sol. Que vida… Acho que vou tirar uma soneca, só por alguns minutos.

Castellari, não perdeu tempo, e assim aproveitou sua primeira soneca durante o horário de trabalho.

Um som enorme surgiu do nada e apenas alguns segundos depois, um pedaço da parede de pedra, que estava atrás de Castellari, desabou sobre sua cabeça.

As grandes pedras não davam chance à sua pobre cabeça.

Ele desmaiou no local.

Quando algo ruim acontece com você, você não pode deixar de pensar que fez algo errado.

Talvez você merecesse?

Talvez você esteja pagando a dívida por uma má ação?

Talvez o universo esteja testando você?

Castellari não tinha uma ótima imagem de si mesmo.

Provavelmente foi por isso que ele pensou que merecia todas as coisas ruins que aconteciam com ele.

Mas, pela primeira vez, talvez, essa rocha não tenha sido um castigo, mas o começo de algo bom.

Castellari ficou inconsciente no chão por muito tempo.

Quando recuperou a consciência, lembrou que tinha ouvido o som de trombeta. Após procurar por mais recordações, ouviu vozes.

— Ei, você está bem?

— Ele está morto?

— Não, por que um fantasma estaria morto assim?

— Eu não sei, mas faz mais sentido para você ver um vivo dormindo no meio de um cemitério?

— Tem razão!

— Oh! Ele está se mexendo! Ele está se mexendo!

Quando Castellari finalmente abriu os olhos, ele viu formas negras se movendo ao seu redor.

A dor do choque e o que ele estava vendo agora era demais para ele, então desmaiou de novo.

— Oh, vamos lá, não de novo!

— O que fazemos agora?

— Ele parecia vivo para mim! O certo é esperar ele morrer para perguntamos o que aconteceu?

— Parece bom para mim.

— Ok, vamos fazer isso.

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