Quando o Amor Morreu, a Liberdade Começou
   O vidro estilhaçado cortou a bochecha de Alana Matos.
“Socorro”, ela engasgou ao telefone, mas seu marido, Heitor Carvalho, rosnou: “Alana, pelo amor de Deus, estou numa reunião.”
Um golpe seco. E então, a escuridão.
Ela não acordou em seu carro ensanguentado, mas em seu opulento quarto de casal, com o calendário marcando três meses após seu casamento. Três meses de um casamento que já havia começado a matá-la.
Heitor estava perto da janela, sua voz se suavizando: “Sim, Jéssica, hoje à noite parece perfeito.” Jéssica Torres, seu verdadeiro amor, a sombra sobre a primeira vida de Alana. A dor familiar no peito de Alana deu lugar a uma fúria nova e gélida.
Por sete anos miseráveis, ela havia dedicado a Heitor uma devoção desesperada e inabalável.
Suportou sua frieza, seus casos descarados, seu abuso emocional, tudo por um pingo de sua atenção.
Ela havia se tornado uma casca, uma caricatura, ridicularizada pelo círculo de Heitor e tratada com condescendência por sua família.
A profunda injustiça, a pura cegueira de sua indiferença, era um comprimido amargo. Seu coração, antes partido, agora não sentia nada além de um eco oco de amor não correspondido.
Então, em uma gala, um ato cruel envolvendo as cinzas de Dona Eleonora, e Heitor, sem hesitar, empurrou Alana, suas acusações ecoando: “Você é uma vergonha.”
Ele confortou Jéssica enquanto a cabeça de Alana girava com o impacto. Aquela foi a gota d'água.
Sem lágrimas, sem raiva. Apenas uma resolução fria. Ela entregou uma pequena caixa de veludo em sua cobertura. Dentro: a aliança e o pedido de divórcio.
“Eu. Quero. Você. Fora. Da. Minha. Vida. Para. Sempre.”, ela declarou, sua voz clara. Ela renasceu para ser livre.