e surdo, os joelhos absorvendo o impacto. Por um instante, ficou agachada, escutando. Nenhum som v
evagar, depois mais rápido, afastando-se daquela casa que fora
e uma vida de servidão. Ela nunca se sentiu parte daquela família. Era sempre "a sobrinha", a "ór
irmã de sua mãe, a Tia Silva. Maria lembrava vagamente dos pais, do calor do abraço da mãe, da risada do pai.
espensa. Paula ganhava roupas novas, Maria usava as roupas velhas de Paula ou doações da igreja. Paula comia o que q
eles, que deveria significar pertencimento, mas que para ela soava como uma marca de posse, como o gado que é marcado pelo dono. Eles a chamavam assim, "Mar
to doente, com uma febre que não baixava. Sua tia se recusava a levá-la ao posto de saúde. "É só uma
s gemidos, que ameaçou chamar o conselho tutelar. Só então, a contragosto, a Tia Silva a levou. O mé
"Viu o problema que você me arrumou? Gastei dinheiro com remédio
dão. Gratidão por ela ter, no final das contas, a levado ao médico. Gratidão por
ela tin
aridade, era uma forma de manter sua mão de obra barata e obediente por perto. Eles a salvaram da pneumonia não por amor,
ma corrente que eles usaram para prendê-la. "Seja grata, Maria da Silva, nós te de
a. Por muito te
o verdadeiro valor da vida. Não a vida que ela levava, de migalh
seus empregos. Maria olhou para eles, pessoas comuns vivendo suas vidas. Era só isso que ela queria. Uma vi
o centro da cidade. Ela não sabia para onde iria exatamente, mas sabia que tinha
guardara. Sentou-se perto da janela e observou seu bairro ficar p
saudade. Sentiu uma calma profun
reflexo no vidro escuro da janela. "Não por isso. De
ão a um futuro incerto, mas que, pela