FA
l, desde as condolências dos amigos até o som solene dos passos dos carregadores de caixão, era uma representação dolorosa da realidade. A incerteza sobre a natureza do acidente apenas intensificava minha angústia. Eu me encontrava mergulhada em um turbilhão de emoções, lutando para aceitar que o meu pai, um homem íntegro e dedicado à justiça, havia sido tirado de nós de maneira tão abrupta e inexplicável. Enquanto aguardava notícias sobre a investigação policial, eu me via revivendo os momentos felizes que compartilhamos como família. À medida que minha mãe lutava pela recuperação, o peso da responsabilidade recaía sobre meus ombros. Eu me via confrontada não apenas com a perda irreparável, mas também com o desafio de manter as forças intactas diante daquela circunstância. A partir daquele dia, éramos apenas eu e meu irmão Guilherme. Com vinte e seis anos, ele sempre foi uma figura misteriosa, mas ainda assim, um bom irmão. Embora não fôssemos muito próximos, ele era o único familiar que me restava. Seu pior defeito sempre foi querer ser protetor além do limite, mas eu não o julgava, considerando sua posição como o mais velho. Naquele momento, ele era meu único apoio. Havia descoberto recentemente que Guilherme seguia os passos de nosso pai, trabalhando para a polícia federal. Ele pensava que eu não sabia, e eu preferia que continuasse assim. Nunca concordei com seu envolvimento no mundo da investigação, especialmente porque antes da morte de nosso pai, nossa família sofria constantes ameaças. No entanto, Guilherme já era um homem adulto, e eu respeitava suas escolhas. Após a morte de nosso pai, Mai
es após
empo me curaria. Durante esse período, mal conseguia sair da minha cama. Minha mãe permanecia internada, e as raras vezes que tive coragem
m breve ela acordará! — Sentou-se
sei se tenho estrutura para suportar mais uma perda!
rá! Pode ser amanhã ou daqui a um ano, não dá para dizer com precisão! Olha, recomendo que você não venha vê-la com muita frequência, isso
Como farei is
faça bem! — Levantou-se da cadeira
pós voltar da visita ao hospital, fui direto para casa. Ao chegar, entrei no meu quarto, deitei-me, cobri minha cabeça co
rto; minha rotina precisava mudar. Não podia mais ficar tran
ocolate e comecei a folhear as páginas. Distraída com algumas fofocas das celebridades locais, meus olhos atentos pararam na sessão de vagas de emprego. Ao percorrer as opções disponíveis, me deparei com uma que me interessou bastante; o anúncio dizia: “Contrata-se acompanhante.” Sem experiência anterior, p
ai? — Ele perg
ga de emprego! —
andando sozinha por aí! Seu “modo super irmão” foi ativado. Após a morte do nos
ogo, não quero me atra
le deixou é suficiente para nós! — Tentou me fazer mud
epartamento de investigação? O que nosso pai deixou não é suficiente? — Pe
situação é complicada e delicada! — Sua
ciso me distrair e quero muito essa vaga. Vamos log
silêncio até o local desejado. O ambiente no carro estava tenso, com sentimentos não ditos pairando entre nós. Cada rua percorrida parecia uma extensão da distância em
*
reço de uma casa comum, mas era apenas um imenso galpão. Gui estacionou o veículo e me analisou,
reciso que me acompanhe! — Apoiei-me n
ito, vou atrás de você! — Comentou
r ela, deparei-me com uma mulher de cerca de cinquenta e sete anos. Ao
útil, querida? — Pe
im pela vaga de acompanhante! — Expl
jovem e bonita! — Seu olhar espa
e deixando sozinha na recepção. A curiosidade sobre quem seria o tal senhor
ncentrar-me, mas a curiosidade falou mais alto. Levantei-me para dar uma volta na área de entrada, observando uma prateleira com port
que a seguisse. Ela abriu uma porta, pediu para entrar e retirou-se. Encontrei-me numa sala p
é seu nome e idade, querida?
e no fundo da sala havia uma sombra. Meu instinto afiado conseguia sentir qu
ho vinte e três anos. A sombra per
m o José Alberto Oliveira? — Logo percebi a som
atenta, prestando atenção em cada
surgiu à minha frente um senhor de terno preto. Seus cabelos eram brancos, feitos bol
uito bonita, vou adorar ficar com você,
omigo? — Perguntei,
— Percebi uma grande empolgação em suas palavras e, de repente, um longo sorriso se formou nos seus lábios. "Acompanhante de
r dessa forma. Pensei que a vaga fosse para cuidar de um idoso. Peço descu
indo-me de sair. Ele segurou firme nos meus braços. Tentei me soltar, mas apesar da idade, ele era bastante forte. De imediato me de
raram-se em meus cabelos e fui arrastada até o fundo da sala. — Socorro, alguém me ajude! — Gritei inúmeras vezes; no entanto, a minha voz parecia não sair. — Me solta, pelo amor de Deus! —
angústia tomava conta de mim. De repente, um estrondo ensurdecedor ecoou da porta. O barulho, impactante, reverberou pelo ambiente. Enquanto era lançada para um canto qualquer, pude vislumbrar a silhueta de meu irmão adentrando a sala. A partir desse momento, tudo parecia transcorrer em câmera lenta. O senhor Ortega tentou alcançar uma arma, mas Guilherme foi incrivelmente ágil, disparando duas vezes contra ele. Naquel
ão de sua voz e encarei seus olhos. Por mais que me esforçasse, minha voz não saía. Desviei o olhar novamente pa
to? — Gritei, ainda em estado de choque, tentando
eu naturalmente, como se fosse u
homem! — Arregalei os olhos, fora de
ontecia, quando vi ele em cima de você, acabei enlouquecendo! — Andava de um lado para o outro. — Ele queria pegar uma arma
pletamente anestesiada. Nunca tinha presenciado um assassinato, nunca tinha visto alguém morrer. "Parece um pesadelo", pensei en
uns familiares na máfia mexicana! Vi o sobrenome Ortega em um diploma na prateleira da recepção, e esse sobrenome ficou martelando na minha mente. Agora me lembrei; eles eram bas
eu nome; eu o disse quando cheguei
rocurar por alguém, virão atrás de mim! — Ele permaneceu estático, no
i com a voz embargada, e ele me deu um abraço forte, parecendo até ser um abraço de despedida.
você e da Maia até eu voltar. Ele tem uma pequena empresa de segurança e tenho certeza de que não me negaria esse favor. Não fale sobre o que aconteceu hoje com ninguém, pois esto
r possível evidência de sangue. Em seguida, liguei a churrasqueira e incinerei as roupas que estava usando na hora do ocorrido. "Se a polícia aparecer, não terão prova para me acusar. Sou cúmplice de um crime; isso me torna uma criminosa? O que meu pai pensaria sobre isso?" Meu inconsciente começou a me questionar.
ou em volta do corpo passava como um filme na minha memória. A cena se repetia várias vezes, fazendo-me acreditar por uma fração de segundos que, talvez, eu estivesse enlouquecendo. — Eu
o e resetar a realidade. O peso da culpa se transformava em uma sombra que pairava sobre mim, tornando cada respiração um desafio. Desejava ardentemente a capacidade de reverter os acontecimentos, mas a cruel realidade insistia em manter-me mergulhada na angústia e no remorso. Ao amanhecer, me vi encarando o espelho,