Intensamente proibidos

Julieta é sem dúvidas a última romântica deste mundo: ainda escreve cartas à mão, pinta telas e sonha como uma verdadeira princesa. Seu nome não lhe foi dado atoa, herdou tudo de Shakespeare, mesmo nascendo em pleno século vinte.

- Assim... eu amo quando você me pega desse jeito, eu sou sua Noah, completamente sua! - ela dizia baixinho no ouvido dele, enquanto se perdiam em mais uma de suas fugas na madrugada.

- SÓ minha, minha doce Ju. Eu ainda vou ter você só para mim. - Ele dizia enquanto enroscava os dedos nos longos cabelos castanhos de Julieta, fazendo um pouco de força enquanto ela rebolava em seu colo.

Era sempre um espetáculo a ser admirado. Dois loucos e insanos. Jurando a eternidade, prometendo tudo o que jamais poderiam cumprir. E sabiam disso.

- Eu preciso ir, são quase 04:00 da manhã. - ela disse com a voz ainda mole e pouquíssima vontade de sair daquele colo quentinho e aconchegante.

- Por mim você não iria, nunca. Mas vou me trocar e já te levo, ok!

Noah também era um romântico sem cura. Sempre que estavam juntos ele sentia uma vontade real, honesta, de ter algo realmente sério com Julieta, e não somente aquilo, que eles mal sabiam o que era.

- Tá tudo bem? Podemos ir?

- Sim, vamos. É que não gosto dessa parte em que você vai embora. - Noah disse fazendo bico feito criança.

- Não seja bobo - ela sorria e acariciava o o rosto dele com as costas da mão - estou sempre com você, estaremos sempre juntos.

E beijando-lhe a testa, pôs-se de pé.

- Precisamos realmente ir meu anjo, não quero que alguém dê a minha falta.

E aí estava todo o problema deles: alguém. Não só um alguém, mas dois. Noah estava em um relacionamento há 4 anos e Julieta também, há 2.

Embora fossem amigos de infância, eles passaram longos anos sem se ver e sem conversar. Noah havia se mudado para estudar e Julieta trabalhava e estudava desde a adolescência.

Por mais que nutrissem sentimentos um pelo outro desde à infância, nunca haviam tido coragem antes para estar juntos. Agora, que parecia impossível e que era proibido, tudo tornou-se mais interessante e intenso também.

Foi por mero acaso que voltaram a se falar através de uma rede social, Noah poderia jurar que Julieta tinha alguma mágoa dele, por já ter ficado com uma amiga dela.

- Mas como ela ficou gata! - Pensou enquanto via as fotos dela, uma a uma sem acreditar... - Não acredito que eu brinquei a vida inteira com essa menina e ela virou esse mulherão todo. Eu quero encontrá-la. - seu coração pulsava de uma forma estranha, um sentimento de saudade e novidade o envolvia. Decidiu mandar uma mensagem.

- Ah Noah, você não mudou nadinha rsrs continua o mesmo de sempre!

- O que você quer dizer com isso? - ele estava animado mas ainda com um pouco de receio.

- Ora, você sempre foi um assanhado, não me espanta nenhum pouco seu convite para sairmos! - ela tinha uma percepção não muito boa sobre ele, mas também sentia um descompasso nos batimentos e uma vontade imensa de vê-lo depois de tantos anos.

- Ah Ju, não fala assim! Éramos crianças, sei que você acha que eu sou um babaca mas quero te mostrar que mudei... vamos bater um papo, tomar uma... estou com saudade de você, fiquei feliz que te achei aqui, e por você estar me respondendo.

- Será que mudou mesmo? Seu status diz "namorando". Acho que você continua sim o mesmo! - ela era esperta, não seria tão fácil quanto ele pensava.

Noah hesitou por um momento... sim ele estava em um relacionamento mas a empolgação era tamanha que seria capaz de largar tudo naquele instante. Rememorou o quanto Julieta era doce e certinha, queria não estar, porém não tinha como desfazer aquilo agora e ele precisava vê-la.

- Vamos Ju, te busco às 19:00? Daí conversamos e te conto tudo sobre esse meu relacionamento.

- Olha, vamos fazer assim, na verdade eu já tinha marcado com uma amiga, mas podemos nos encontrar lá tá bem? Spazio às 19:30, combinado?

- Melhor que nada para gente começar! Ou melhor, recomeçar né?! Combinadíssimo!

- Eu disse que não mudou nada hahaha beijos, até mais tarde!

- Claro, vou cobrar esses beijos.

Julieta desligou o notebook e percebeu o quanto sorria, feito boba. Parecia um encontro, e não era, definitivamente, não era um encontro. Seu namorado morava em outra cidade, ela sempre saía aos sábados com sua melhor amiga: Sabrine. Mas estava sim muito curiosa para ver o Noah, no fundo sabia que sempre sentiu algo inexplicável por ele, aparentemente estava muito bonito, e seu jeito galanteador e divertido era extremamente sedutor.