Em uma noite, o pessoal do colégio me convidou para ir a uma festa. Como eu não tinha amigos além de Sara, pensei ser a oportunidade perfeita para novas amizades. Quando cheguei, espiei pelas janelas e vi um grupo de pessoas da escola bebendo, dando uns amassos e fazendo tudo o que se espera de uma festa de adolescentes.
Por que ninguém nunca dava festas de leitura? Eu adoraria esse tema.
Os cômodos da casa começaram a ficar mais cheios, lotando conforme a noite avançava. Eu odiava o cheiro, odiava a agarração; odiava tudo neste lugar. E era por isso que eu era a menina que vivia com a cara enfiada nos livros. As festas nos livros sempre pareciam mais divertidas.
Olhei em volta e observei um grupo de meninas sentadas em uma mesa, jogando algum tipo de jogo de beber com alguns caras. O local estava cheio de pessoas conversando e rindo em voz alta. Todos estavam bebendo e se divertindo.
Nenhum sinal da Sara. Acho que ela ainda não chegou.
Encostei-me à parede do corredor e continuei a assistir as meninas bêbadas e como elas riam e agiam de forma estúpida. Olhando para elas, comecei a me sentir desconfortável. A maioria das meninas estavam vestindo pequenas saias ou vestidos curtos e salto alto. Eu me senti estranha com minha camiseta preta, um jeans velho, rasgado e desgastado e um par de all star preto.
- Quer uma cerveja? - O garoto que estudava comigo, Ryan, se aproximou e me ofereceu um copo. Sorri e aceitei, bebendo imediatamente. Pelo menos alguém que conheço apareceu para me fazer companhia.
Ryan se aproximou e colocou ambas as mãos na parede, me encurralando no canto da sala, fora da vista dos outros. Inclinando-se sobre mim, senti um cheiro forte de álcool em sua respiração. Quando ele se inclinou para me beijar, virei o rosto.
Senti um nó no estômago e me afastei da parede, empurrando seu peito.
- Que porra é essa? - diz ele, e vejo o olhar irritado em seu rosto. - Qual é o problema?
Arregalei meus olhos.
- Como assim, qual o problema? Eu nem sequer te conheço!
Ele riu da minha cara.
- Você já pode parar com o teatro de boa moça, Gracie.
Ryan disse meu nome com um tom gotejando em desdém. Ele agarrou firmemente meus ombros, empurrando-me para trás. Tropecei um pouco e bati na parede. Meu corpo se tornou frio, e senti a pele do meu pescoço formigar. Fiquei nervosa, e meu batimento cardíaco acelerou. O que ele pensa que está fazendo?
Eu só quero sair daqui. Eu só quero ir para casa e fingir que essa noite nunca aconteceu. Tem sido estranho desde o início, e só está ficando pior.
Meus ombros estavam tremendo sob suas mãos, e senti o nó na garganta crescendo, dificultando minha respiração. Ele empurrou seu corpo contra o meu e enterrou o rosto no meu pescoço, espalhando beijos ali.
Suspirei, busquei o ar e soltei um gemido estrangulado. Eu não queria chorar, mas minhas emoções estavam por todo o lugar agora. Um fluxo de lágrimas rolou pelo meu rosto, e comecei a empurrar o peito dele com força, mas ele não cedia.
- Ryan, pare! O que você está fazendo?
Comecei a bater em seu peito, tentando tirá-lo de mim. Mal podia ver através das minhas lágrimas, mas consegui bater com a testa na boca dele. Ele deu um passo para trás e limpou a boca. Estava sangrando. Ryan olhou para mim sem acreditar. Virei-me para a porta e corri. Meu coração estava batendo tão forte contra as minhas costelas enquanto me esforçava para respirar, que corri batendo nos ombros das pessoas e tropeçando sobre os meus pés trêmulos, até chegar à porta.
Quando finalmente saí, andei rápido e tentei compreender o que aconteceu, mas eu não conseguia limpar a minha mente o suficiente para me concentrar. Confusão nem sequer começava a descrever o meu estado de espírito.
- Grace! Espere! - ouvi a voz de Ryan atrás de mim. Olhei para trás com temor e corri. Corri rápido.
Percebi que ele estava correndo atrás de mim e tentei fazer minhas pernas se moverem mais rápido, mas elas não colaboravam. Minha garganta estava pegando fogo e eu não conseguia respirar. Não me virei para ver, mas eu sabia que ele estava perto.
Nos segundos iniciais que se seguiram, eu estava muito desorientada para compreender o que estava acontecendo. Em um momento, eu estava cortando o caminho em um atalho atrás de um prédio e no seguinte, eu estava caída com o rosto contra o pavimento, sem fôlego e imóvel.
Lutei para me levantar, mas não conseguia com o peso em cima de mim.
- Sai de cima de mim! Me solta! - Minha voz tremeu, mas eu tentei dar a ordem com a maior autoridade possível.
Eu podia sentir o cheiro de cerveja em seu hálito e algo mais forte em seu suor, e uma onda de náusea subiu e caiu no meu estômago. Ouvi o som inconfundível de um zíper se abrindo e ele riu no meu ouvido quando comecei a implorar.
- Ryan, pare! Por favor, você está bêbado e vai se arrepender disso amanhã. Por favor, não! Não, não, não! - Sob o seu peso, eu não conseguia respirar o suficiente e gritar ao mesmo tempo e minha boca estava amassada contra o chão, abafando qualquer protesto que fazia. Ryan então me vira e me coloca com as costas no asfalto. Meu rosto arde quando ele me dá um tapa.
- Cala a boca, putinha! - Ele pegou meu queixo e me forçou a encará-lo.
Mão direita livre.
Enquanto movia minha mão entre nós, agarrando e torcendo suas partes e puxando-as tão forte quanto eu podia, eu bati minha testa em seu nariz com força. E então ele gritou, e seu nariz começou a jorrar muito sangue.
Mão esquerda livre.
Ele se inclinou para o lado. Levantei meu joelho esquerdo e virei para ele, empurrando seu ombro com a mão esquerda e tirando ele de cima de mim. A sensação voltou para as minhas pernas, tremores correram através de mim quando me levantei e me preparei para correr. Mas, no mesmo instante, sua mão direita agarrou meu pulso. Girei e bati o punho sobre o ponto sensível em seu antebraço, polegadas para baixo da curva de seu braço, e ele me soltou, berrando com raiva e tentando ficar em pé.
Eu não esperei para ver se ele conseguiu.
Virei-me e fugi.