Amor, perigoso amor

O verão tinha acabado de começar na cidade de Breston. Tony, um conhecido empresário da região, dirigia seu conversível por uma movimentada avenida, enquanto escutava um bom rock'n'roll num volume considerável. A brisa morna tocava seu rosto e fazia seus cabelos recém-cortados ondularem ao sabor do vento. Ele abriu um belo sorriso enquanto pensava que aquele seria um bom verão.

Seus negócios iam muito bem, seus amigos o admiravam e a cada noite ele podia escolher com qual mulher iria dormir. Quando chegou em frente ao belo Edifício Palace, um imponente prédio com a fachada envidraçada até à cobertura, no qual ficava seu escritório, Tony desceu do carro sem desligá-lo. Ele vestia calças de linho marrom claro e um terno casual cinza, com uma camisa social azul clara por baixo. Além disso, trazia um óculos escuro de grife em seu rosto. Sem dúvida ele era um homem de muito estilo e elegância.

Assim que saiu do veículo, ele entregou as chaves para o manobrista e adentrou o edifício. Enquanto passava pela recepção, atirou um beijo descompromissado para a recepcionista, que sorriu envergonhada. Em seguida, entrou no elevador e apertou o último andar. Seu escritório ficava na cobertura do Edifício Palace, mas não demorou muito para ele chegar. O elevador ia direto à recepção de seu escritório, e quando Tony entrou, deu de cara com seu assistente e contador, Norman Mingus, que já fazia alguns cálculos no computador e anotações em uma folha. "Você chegou cedo hoje, Norman, caiu da cama?" Perguntou Tony de forma irônica enquanto dava leves tapinhas em seu ombro. O rapaz, que trajava um impecável terno de risca de giz, tinha os cabelos perfeitamente penteados para trás e usava um óculos redondo de armação dourada, se resumiu a dar de ombros e soltar uma leve fungada. Ele não era muito de conversar, mas, mesmo assim, ele e Tony eram grandes amigos. Tony então entrou em seu escritório propriamente dito. Era uma ampla sala com o teto de gesso rebaixado, dois sofás um de frente para o outro no centro, um bar no canto direito, sua escrivaninha e sua poltrona no esquerdo, com duas grandes cadeiras dispostas frente à ela. A parede oposta a porta que dava acesso ao recinto, era completamente de vidro, e uma pequena escada em espiral levava à cobertura. A visão do último andar era maravilhosa, pois dava para ver toda a cidade, sendo um dos prédios mais altos dela, e ao fundo podia se ver o grande Lago Vermelho e a Grande Montanha por trás. Tony tinha uma missão naquela manhã: encontrar alguém para fazer uma boa reforma naquele ambiente, pois ele já estava ficando cansado da mesmice e queria começar o verão repaginando seu local de trabalho. O homem começou a vasculhar sobre a reputação de alguns arquitetos da cidade em seu notebook, e não demorou muito para ele encontrar o contato de uma tal de Michelle Leon, que diziam ser a melhor arquiteta da cidade. Ele selecionou o nome de alguns profissionais e pôs-se a ligar para cada um, até chegar no número de Michelle. Ele discou o número em seu telefone e a esperou atender. A conversa foi muito agradável e eles logo marcaram uma reunião naquela mesma tarde.

Depois de passar algumas horas resolvendo problemas burocráticos de sua empresa, a hora de Tony se encontrar com Michelle chegou. A recepcionista avisou que ela estava subindo e que logo estaria no escritório dele. Não demorou muito e Norman bateu em sua porta, abriu e colocou a cabeça pra dentro. "A arquiteta Michelle está aqui." Tony ajeitou seu blazer e respondeu: "Mande-a entrar." Assim que ela pôs os pés na sua sala, a maravilhosa fragrância que a mulher exalava, deixou o homem desnorteado. Ela era muito mais linda do que ele pensava, com seus cabelos ondulados e pretos como a noite, que desciam até o meio de suas costas, sua pele cor de bronze impecável, seus olhos verdes iguais aos de uma tigresa, seus lábios perfeitamente delineados, seios fartos que saltavam de um decote provocante e, por fim, um caminhar decidido e elegante. Por um momento, ele não soube o que falar, e ficou por uns segundos apenas a admirando. O barulho de seus saltos o acordaram do transe e ele disse, levantando-se e apertando a mão da mulher. "Michelle, muito prazer, sou o Tony." A mulher imponente o olhou com bastante interesse nos olhos e respondeu. "Igualmente, senhor Tony. Vamos falar de negócios?" E assim passaram-se pelo menos duas horas. Eles conversaram bastante sobre a reforma e andaram pelo ambiente trocando ideias sobre como ela seria executada. Por fim, quando terminaram de acertar tudo, Tony estava impressionado. Ela não era apenas linda, mas também sorridente, simpática, inteligente e excelente profissional. "Bom, acredito que se fecharmos o contrato essa semana, poderemos começar as obras na outra." Ela disse enquanto rabiscava um papel. "Por mim, podemos fechar agora mesmo." Ele respondeu com um sorriso bobo no rosto. Ela ouviu a reposta e soltou uma gargalhada gostosa, depois, se levantou lentamente e disse: "Primeiro preciso redigi-lo. Assim que eu fizer isto, envio para seu endereço eletrônico, certo?" E estendeu a mão para Tony. Ele, por sua vez, a apertou, olhando-a nos olhos. Para ele, tudo estava mais do que certo.