sério e prático, Taylon se vê dividido entre seu dever como comandante e o
sentimento despertado pela garotinha, e isso o faz refletir.
- Senhor, podemos disparar o raio nuclear?
- pergunta um soldado, interrompendo seus pensamentos. - Em minutos, não
restará um ser vivo na Terra.
A garotinha avista Taylon de longe, seus
olhinhos brilham. Então, ela corre até ele.
- Olá, sou Liana Menezes. Você é um
super-herói? Veio me salvar?
Taylon franze a testa, a garota está o
confundindo com alguém.
- Garota, eu sou...
- Ah, eu sabia! É meu herói! - Ela o
abraça pela cintura. Taylon arregala os olhos, não sabe que atitude tomar,
parece até espantado. - Meu herói para sempre?
Algo no fundo do coração de Taylon
amolece, a garotinha de lindo sorriso, voz de anjo e um belo rostinho o está
conquistando. Ela olha para cima, e Taylon lhe devolve o sorriso, segura seu
queixo e responde:
- Seu herói para sempre! - Taylon não acredita
que está dizendo isso para a garota. Sente que ela fez em segundos o que
ninguém conseguiu em milhares de anos: aquebrantar seu coração de pedra. -
Liana, muito prazer, eu sou Taylon.
Ele se ajoelha para a olhar nos olhos. A
garota se joga em seus braços e o abraça pelo pescoço. Taylon é pego de
surpresa, mas retribui o abraço, meio desajeitado, pois não é um homem
carinhoso. Ou não era, até então.
- Senhor, o que está fazendo? Essa garota
morrerá com os demais - adverte o soldado.
Liana fica preocupada com o que escuta.
- Por favor, não deixe que ele me machuque
- pede, temerosa.
O instinto protetor de Taylon é acionado e
ele se levanta, dando ordens:
- Descansar! Voltem para a espaçonave,
partiremos em breve.
- Mas, senhor...?
- Está desobedecendo ao seu superior,
soldado?
- É claro que não, senhor. Mas essa raça é
improdutiva. O planeta está uma calamidade, são desunidos, não servem nem para
procriar...
- Eu já disse! Voltem para a espaçonave!
Sem que percebam, um adolescente aparece e
começa a filmar a discussão dos alienígenas. Repórteres que faziam uma gravação
próximo ao local também filmam e pedem para entrar ao vivo.
- Sinto muito, senhor, mas isso não será
possível. Precisamos destruir este planeta - rebate o soldado.
Taylon balança a cabeça em negativa.
Então, abaixa-se e pede para a garotinha correr e se esconder atrás de uma
árvore. Seus pais a olham de longe, estão com muito medo. As pessoas deixam a
imensa área de lazer do hotel fazenda. Liana corre até os pais e todos se
escondem atrás de árvores.
- O que você dizia, soldado? - pergunta
Taylon, sentindo o corpo se incendiar por dentro e por fora.
Os corpos dos Mercuriyanos têm essa
característica, ficam em brasa no calor da emoção.
Com o corpo em chamas, Taylon dá a ordem
pela última vez:
- Voltem para a nave!
***
A milhares de quilômetros dali, em
Manhattan, Ashtar liga a tevê de seu escritório e vai passando os canais até
encontrar algo que prenda sua atenção.
E encontra. Alienígenas, como ele. Mas não
de seu planeta. Pelo tom de pele, só podem ser Mercuriyanos.
- Porcaria! - pragueja e sai voando pela
janela.
Os soldados permanecem no mesmo lugar.
Taylon não gostaria de usar força bruta, mas não terá outro jeito, seus
soldados estão contra ele.
- Podem vir! Acabarei com todos, se necessário!
- grita.
Sua atitude desencadeia a ira dos
soldados, que correm até ele.
Taylon libera seu laser mortal nos
primeiros, que queimam como o fogo do inferno. Com sua super velocidade,
alcança os próximos e os dilacera com socos e chutes. Em seguida, seu laser é
liberado em vários outros soldados.
Mesmo cansado, Taylon luta. Vários de seus
homens estão mortos no chão.
- Mais alguém? - indaga, arfante.
Os que restam, recuam, e Taylon volta à
sua cor normal.
Nesse momento, Ashtar encosta os pés no
chão e segue andando até o comandante.
- Quem é você? Não é humano - aponta
Taylon, pronto para a briga.
- Sou Ashtar, um ex-combatente
Pluptoriano. O que fazem na Terra?
- Viemos destruir este planeta.
- Por quê? Se é que eu posso saber...
- Tornou-se improdutivo, nem as fêmeas se
salvam.
Ashtar fica abismado com o que ouve. Como
é possível saírem de seu sistema solar para destruir outro planeta?
- E o que queriam com este planeta?
- Energia. O nosso planeta está com pouca
reserva, mas aqui está pior.
- Eu não acredito que pretendem acabar com
uma raça inteira por não ser mais produtiva para vocês.
- Este planeta está sendo destruído pelos
humanos - explica Taylon, até então sem a intenção de lhe dizer que mudou de
ideia.
- Nós, Pluptorianos, estamos desenvolvendo
meios para resolver isso. Não somos muito bem-vistos aqui, mas a poluição e a
fome neste planeta nos chamaram atenção. Será um trabalho árduo e demorado, mas
a Terra será um planeta 100% produtivo. Eu, Ashtar, garanto!
- É mesmo? Bom, se for assim, está bem.
Começarei a frequentar este planeta, e quero ver mudanças em breve. - Taylon olha
para seus soldados e ordena: - Abortar missão! Voltem para a espaçonave!
Calados, todos obedecem.
- E esses corpos? - Ashtar pergunta.
- Rebeldes! Será feita uma limpeza. -
Antes de Taylon terminar de falar, recrutas pegam os corpos e os levam para a
nave. - Eu te vejo por aí, Ashtar.
Ashtar vê todos partirem. A garotinha
acompanha Taylon com os olhos. Sentindo seu olhar, ele se vira e pisca para ela,
que sorri para os pais, feliz.