30 Dias em New York

–Acoooooorda!!! — A voz escandalosa da minha irmã me fazia despertar. Olho para o relógio ao lado da cama e vejo que são 5h da manhã.

— Mas que droga, Ninna, são cinco horas da manhã e você gritando no meu ouvido. O que deu em você? — Digo ao mesmo tempo em que vou me sentando na cama e olhando para ela, atrás de respostas.

Ninna está eufórica, andando no quarto de um lado para outro, um sorriso enorme no rosto, o que fez aumentar minha curiosidade. Ela para na minha frente. Ela não é tão alta, mesmo sendo mais alta do que eu. Tenho 1,61m e ela tem 1,65m. Estico o pescoço pra cima pra olhar seu rosto, seus olhos pretos brilhavam de alegria, ela leva as mãos à cabeça e segura os cabelos lisos e loiros; os cabelos dela eram castanhos, com muitas mechas, que o deixaram bem mais loiro que o meu. Ela tinha feito um corte recentemente, o que o deixou um pouco abaixo do ombro, enquanto o meu estava mais comprido. Seu corpo é bem-definido e, devido ao seu vício por academia, ela era bem mais estilo corpão do que eu. Sou mais magra e tenho o corpo definido e dividido devido aos anos de dança quando criança.

Ela olha pra mim e diz:

— Nós vamos viajar!! Só nós duas, um mês em New York!

Fiquei parada sem nenhuma reação e sem entender o que estava acontecendo! A gente estava pensando em viajar? Como isso aconteceu? Não me lembrava de em nenhum momento algo do tipo haver se passado entre nossas inúmeras conversas, mas se tem uma coisa que eu não posso reclamar, é da irmã que eu tenho. A gente se entende num grau de entendimento incompreensível, apesar de muitas brigas; claro que existem brigas, não seríamos irmãs se não existissem brigas, mas nós somos amigas pra tudo! Eu sabia que isso era algum plano dela pra me animar, afinal, tem uma semana que terminei o meu namoro de 5 anos com o Lucca Valenttini. E realmente não estou nos meus melhores dias, apesar de me esforçar para mostrar pros meus pais e pra Ninna que estou bem, minha conexão com ela faz com que ela saiba tudo que estou sentindo. Embora seja um ano mais nova, Ninna sempre me surpreende sem que eu precise falar o que eu estou passando.

— Bella, fala alguma coisa. — Ela diz aos gritos, me tirando dos meus pensamentos.

— Eu te digo que vamos viajar, ficar um mês em New York, que eu sei que você adora e sei que será o único lugar em que Lucca não irá ocupar seus pensamentos, e você fica muda? Bingo!!

Como imaginei, ela planejou uma viagem pra fazer com que eu me sinta melhor com o término do namoro. Mas o que ela queria que eu falasse? Conhecendo a irmã que eu tenho, eu sei que essa viagem já está toda planejada e pra ter me acordado às 5 horas da manhã, significa que provavelmente essa viagem será hoje! Olho para ela e digo sorrindo, com a minha cara amassada de sono:

— Você não existe, sabia? Sei que ela adora elogios, então começo com esse. — Mas quando será essa viagem? E papai e mamãe, já estão sabendo que passaremos um mês fora? Ninna arregala os olhos e me olha com uma expressão de quem aprontou alguma coisa e então...

— Ah Bella, você sabe que o papai sempre faz tudo por você, né? E aí eu disse que você estava triste e que precisava se divertir e sair um pouco daqui.

— Ninna, você disse que eu queria isso?

Ela sempre me coloca no meio de tudo que ela quer conseguir. Mas dessa vez até que não seria tão ruim. Um mês em New York é tudo que eu preciso mesmo. Sempre vamos pra lá, temos casa, amigos e nesses 5 anos de namoro evitei um pouco tudo isso para não ter complicações. Então ela completou:

— Sei que o papai sempre mima você, e faria tudo pra não te ver triste, então eu usei isso pra ele não recusar. — Ela disse sorrindo e eu sabia que ela estava com razão.

— Sim, espertinha. — Falei sorrindo. E pra quando será essa viagem tão maravilhosa que você planejou? — Pergunto já sabendo a resposta, pois com Ninna tudo é pra hoje, ou pra ontem.

— Papai não vai usar o jatinho, já que chegou antes de ontem de viagem, então eu já falei com o piloto e ele estará às 17h pronto pra nos levar. Achei o horário melhor pois aproveitamos pra dormir durante o voo e ainda chegamos lá às 9h da manhã descansadas e prontas pra aproveitar! O voo até New York durava dez horas, já que morávamos na Itália. Nesse horário que ela combinou poderíamos dormir e não sofrer com a troca de fuso horário. Ninna sempre foi muito boa em planejamentos de viagem, isso ninguém podia negar. Ela continuou a falar... — Já avisei em New York que chegaremos amanhã e que vamos ficar um mês inteiro. A casa estará arrumada e Dona Dory ficará com a gente o mês todo. Dona Dory, Dorinha, como a gente costuma chamar, ou Dodô, quando éramos mais novas, sempre trabalhou na nossa família. Ela é uma senhora amável, com seus 50 e poucos anos eu acho, um cabelo preto sempre feito num coque perfeito, sua pele branca, com seus olhos pretos, tem um ar de cuidado e amor, que fazem com que todos sejam loucos por ela. Uma cozinheira de mão cheia, as melhores delícias do mundo ela faz melhor, o que você sonhar em comer ela faz. Então já imagino um mês cheio de comida e alguns quilinhos a mais. Ninna estava na maior animação, ela correu para a estante do meu quarto, apertou os botões da minha caixa JBL, conectou ao bluetooth do celular dela e ao som de Moves Like Jagger de Marron5, ela me puxou da cama e começamos a arrumar as malas e nos preparar para 30 dias sem preocupações. É, acho que no fim das contas, Ninna teve uma ideia maravilhosa.

Eu preciso muito disso...