- Mas o que está me pedindo é um absurdo, tio!
Petrus Ritter sabia muito bem disso, porém não havia alguém mais capacitado e de sua confiança o qual pudesse exercer o cargo.
- Eu sei disso Adam, mas veja pelo lado bom...
- Não tem um lado bom, tio. Não irei deixar meu trabalho para cuidar de marmanjo rebelde. - retrucou. Apanhou a taça com água à qual estava encima da mesa e tomou um gole. - E além do mais, também tenho contrato a cumprir.
Ritter suspirou fundo e olhou entorno.
- Quer passar à vida inteira aqui, sobrinho? - perguntou num tom de deboche indicando para o piso. - Eu paguei seus estudos para ser um advogado de renome, não foi à toa que coloquei você em Valenza.
- Eu o agradeço demais por isso. Prometo recompensá-lo um dia.
Petrus ergueu uma sobrancelha e sinalizou silêncio. Seria sua vez de começar a colocar tudo a limpo.
- Esse é o momento de me recompensar. Não que eu o esteja cobrando, não pense isso de mim, Adam. É que estou ficando velho e gerir os problemas da família Stein, tem me deixado cada dia mais cansado. - fungou alisando as mãos uma na outra. - Saymon é um bom rapaz, pode aprender rápido contigo e logo esse pesadelo todo acaba.
Adam repousou o cotovelo direito sobre à mesa de vidro, enquanto olhava ao redor.
- Ainda não sei se devo aceitar. Ganho um bom salário como assistente do Dr. Scherer.
- Assistente, Adam? Pensei que tivesse um pouco mais de ambição. - Ritter levantou da cadeira giratória no cômodo com pouco mais de vinte metros quadrado e enfatizou. - Sabia que pode ganhar mais do que recebe aqui? Aumento a oferta se quiser. Que tal dois milhões de dólares quinzenais?
Adam engoliu em seco. Era muito dinheiro, principalmente num país onde à inflação estava abaixo dos dois porcento.
- Está falando sério, tio?
Ritter assentiu, presunçoso.
- Angelina é uma boa mulher. É doloroso demais lidar com o marido perdendo aos poucos as boas recordações. Ela se preocupou demais sendo o braço direito dele, que esqueceu completamente de trilhar o filho no caminho certo. - ponderou olhando direto para uma foto encima da mesa de Adam. - Se não me ajudar a ajuda-la, Adam, ela será uma pessoa muito infeliz na vida. E, sim, dois milhões por quinzena.
Adam sabia aonde o tio queria chegar. Seus olhos atento àquela imagem que transmitia muitas idas e vindas do destino, a algidez aliada ao prazer dos verões quentes, remetia. Ritter fora um homem de sorte, mas também azarado na vida.
- Se eu por acaso aceitar, como vai ser? Vou instruir um marmanjo a comandar uma empresa gigante? Só isso?
Ritter tinha os olhos pessimista, porém a fala de Adam era como um adiamento do sim.
- Mais ou menos. Saymon é difícil, mas aprende fácil. Terá de fazer a agenda mensal dele, ajuda-lo nos contratos e reuniões, encontrar novos compradores e vesti-lo formalmente. Você será um...
- Babá! Não precisa dizer mais nada, tio Ritter. Pode preparar o contrato, eu assino.
O sorriso de vitória tomou espaço nos lábios ressecado do velho advogado, finalmente fizera a pessoa certa concordar com o trabalho mais fácil do mundo e que lhe geraria alguns milhões na conta bancária todo final de mês. Mas seria tão simples assim? Adam, porém, nem imaginava o lugar no qual estava se metendo.