Desde que Álvaro se tornou genro de Dona, ele vivia com a família dela, realizando tarefas domésticas como faziam os empregados.
Ele servia a todos e atendia às necessidades de sua sogra, apenas para ser maltratado por toda a família.
Sua esposa, Carmela Douglas, sempre foi indiferente a ele. Ela nem mesmo o deixava tocá-la nos últimos cinco anos. Embora compartilhassem o mesmo quarto, ela o fazia dormir no chão.
Cinco longos e difíceis anos passaram num piscar de olhos. Álvaro sucumbiu à tortura deles e acabou ficando insensível.
Ele pensou em se divorciar de Carmela e lutar de volta. Mas suportou tudo apenas por causa do avô de Carmela, Emílio Douglas, que o criou. Se não fosse por ele, Álvaro não estaria vivo agora.
Ele não sabia como mais retribuir sua bondade.
Emílio havia salvado sua vida. Álvaro sentia que a injustiça que sofria não era nada comparada ao que o avô de Carmela fez por ele.
Acostumado a toda a tortura, ele ficou chocado ao ouvir as palavras gentis de Dona.
"Você é meu genro; marido de Carmela. Estamos juntos, somos família." O sorriso de Dona se alargou.
Álvaro ficou emocionado, ele estava cheio de emoção. "Certo. Espere por mim à mesa. Eu vou assim que terminar."
"Certo, não demore."
Ele rapidamente terminou de lavar suas roupas.
Quando Álvaro entrou na sala de estar, sua sogra, esposa e cunhada o saudaram com um sorriso. Eles já estavam esperando por ele à mesa.
O aroma delicioso dos pratos apetitosos pairava no ar. Os olhos de Álvaro se arregalaram quando ele viu o enorme bolo de aniversário e as garrafas de vinho do Porto sobre a mesa de jantar.
Sua cunhada, Aaliyah Douglas, se aproximou e segurou seu braço. "Por que você está aí parado? Venha aqui e sente-se."
Mais do que suas palavras gentis, a intimidade em sua voz o surpreendeu ainda mais.
Carmela inseriu suavemente algumas velas no bolo e sorriu para ele. "Querido, faça um pedido e, depois de fazer o pedido, sopre as velas com esperança."
Álvaro assentiu sem piscar. Ele não conseguia entender o que tinha acontecido com elas. Carmela estava gentil e amável com ele pela primeira vez em cinco anos.
Ela sempre foi fria com Álvaro. Raramente olhava em seus olhos ou sorria para ele. Sua mera presença a enojava. Além disso, ele cozinhava para toda a família, mas nunca era permitido comer com eles. No entanto, tudo parecia ter mudado da noite para o dia.
Álvaro sorriu para si mesmo enquanto apagava as velas e fazia um pedido.
"Parabéns para você, parabéns para você..."
As três mulheres batiam palmas unanimemente enquanto cantavam a música de aniversário.
Felicidade e calor preenchiam o ar.
"Espero que isso nunca termine."
Álvaro sentiu uma miríade de emoções ao ver as três mulheres sorrindo para ele. Ele se perguntou se tudo aquilo era apenas um sonho.
Parecia que seus dias difíceis finalmente tinham chegado ao fim. Após cinco anos de luta e trabalho duro, sua esposa e sua família finalmente o aceitaram.
"Álvaro, venha comer. Preparei tudo o que você gosta."
"Deixe-me servir uma taça de vinho para você, querido."
"Feliz aniversário, Álvaro."
Álvaro devorou a comida alegremente. Foi a melhor refeição que ele já havia comido em sua vida.
As três mulheres brindaram com ele, serviram-lhe comida e conversaram como se sempre tivessem sido afeiçoadas a ele. Álvaro estava tão imerso na felicidade que não percebia que não conseguia manter os olhos abertos. Eventualmente, ele não conseguiu mais ficar acordado. Seus olhos se fecharam por conta própria.
Na manhã seguinte
A luz brilhante inundou pela janela.
Álvaro acordou com os gritos ensurdecedores de uma garota.
Ele se levantou assustado e se sentou. Esfregou os olhos e se encontrou deitado em uma cama desconhecida.
Finalmente, seu olhar caiu sobre Aaliyah, que o olhava com olhos reprovadores, tremendo de terror.
Nesse momento, a porta do quarto se abriu com força.
"Álvaro! Seu cretino! Como pôde?"
Álvaro recuou em choque.
Dona e Carmela entraram furiosas no quarto.
Álvaro abriu a boca para explicar.
No entanto, Dona lhe deu um tapa no rosto.
"Cale-se! Não quero ouvir sua explicação estúpida. Celebramos seu aniversário por pura bondade, mas você nos envergonhou. Olha, não vamos chamar a polícia considerando nosso parentesco. Mas eu não suporto mais olhar para você. Saia, e nunca mais mostre sua cara para mim novamente!"
Os ombros de Álvaro caíram. Ele sabia que não acreditariam nele, não importava o que dissesse.
Além disso, o que ele fez foi blasfemo, mesmo que tenha sido apenas um erro de embriaguez.
Ele não tinha escolha a não ser arcar com as consequências.
"Desculpe, Aaliyah. Sinto muito..."
Álvaro pediu desculpas repetidamente. No entanto, Aaliyah continuou a soluçar e se recusou a olhar para ele. Ele não teve escolha a não ser vestir suas roupas e sair com o coração pesado.
"Espere um minuto. Leve essa porcaria com você!"
Carmela tirou sua aliança de casamento e a jogou no chão.
O rosto de Álvaro escureceu.
O anel era um presente que ele recebeu em seu vigésimo aniversário de um homem misterioso.
Ele o recebeu por entrega expressa, sem nome ou endereço do remetente. O pacote continha apenas o anel junto com uma pequena nota que dizia: "Feliz aniversário, Rei."
O presente estranho surpreendeu Álvaro. Ele pensou que alguém o havia enviado para o endereço errado, então foi à empresa de correio com o anel. No entanto, os funcionários verificaram os registros e disseram que eles não tinham recebido o pacote nem que qualquer de seus funcionários o entregou.
Álvaro tentou de todas as maneiras rastrear o remetente, mas não conseguiu. Portanto, ele ficou com o anel. Depois de se casar com Carmela, ele o deu a ela como aliança de casamento porque era o anel mais bonito que ele já havia visto.
Mais tarde, Carmela levou o anel a uma joalheria para descobrir seu valor. Ela descobriu que era um pedaço de metal sem valor e nunca mais o usou.
Álvaro se abaixou e pegou o anel. Então, olhou para a casa pela última vez, suspirou e saiu.
*
Quando Álvaro saiu de casa, de repente se lembrou de que tinha esquecido de pegar suas roupas. Assim que voltou à casa, a explosão de risadas de dentro chamou sua atenção.
"Uau! Eu não posso acreditar. Finalmente expulsamos aquele fracassado! Foi realmente impressionante." "É, aquele idiota pensou que celebramos seu aniversário por bondade e não percebeu que o drogamos. Ele não vai pisar nesta casa novamente."
"Sim, graças a Deus! Ele não acha que é bom o suficiente para mim, acha? Eu não teria me casado com ele se o vovô não tivesse me forçado."
"Está tudo bem, Carmela. Não vamos vê-lo novamente. Vamos abrir uma garrafa de champanhe e celebrar isso."
Álvaro parou no meio do caminho quando ouviu isso.
O sangue em seu rosto desapareceu. Ele cerrou os punhos, com tanta força que doía, ignorando suas unhas cravando-se na palma. Ele estava fervendo de raiva.
De repente, tudo parecia fazer sentido.
A festa de aniversário foi uma conspiração.
As três mulheres tinham conspirado para se livrar dele.
Álvaro se sentiu estúpido por cair no truque delas. Elas haviam preparado uma tempestade e celebrado seu aniversário apenas para expulsá-lo de casa.
Foi desprezível.
Álvaro balançou a cabeça amargamente. Ele sentia que confrontar aquelas pessoas vis era inútil.
Não lhe traria nenhum benefício.
Portanto, ele decidiu ir embora.
A Família Douglas sempre o tratou como um servo. Álvaro trabalhou de coração aberto, sem reclamar uma vez sequer. Ele ignorou toda a humilhação apenas por Emílio.
Mas ele não podia mais suportar.
Álvaro entendeu que toda a família o desprezava. Não havia sentido em continuar ali.
Ele estava exausto.
Uma rajada de vento frio o atingiu.
Álvaro envolveu o casaco ao redor de si e respirou fundo.
Este inverno estava mais frio do que o ano anterior.
Um carro avançou em direção a Álvaro em alta velocidade.
Seus olhos se arregalaram de horror.
Antes que pudesse reagir, o carro o atropelou.
Um grito agudo ecoou pela estrada silenciosa.
O sangue espirrou no anel, e uma luz estranha e misteriosa brilhou através dele.