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Dançando Com As Estrelas

Dançando Com As Estrelas

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Sinopse

Índice

Sofia é psicóloga e foi convocada para ser um dos psicólogos da seleção brasileira durante a Copa das Confederações em 2013. Sem tempo pra futebol e com um sonho de fazer mestrado em Londres, ela larga tudo para passar algumas semanas atendendo alguns jogadores, dentre eles aquele que parecia querer (e podia) quebrar todo seu gelo, o zagueiro, dos cabelos encaracolados, João Pedro

Capítulo 1 A chegada

Sofia entrou na Granja Comary, onde a seleção brasileira estava treinando e em concentração para o próximo jogo da Copa das Confederações. Ela ficou um pouco chateada de ter sido chamada, junto com a equipe de quatro psicólogos, contando com ela, tão em cima da hora. A Copa das Confederações estava no meio e indo para o final quando o lance dos psicólogos finalmente engrenou. Sofia brincou com as amigas que o técnico havia a convocado e que ela precisava urgentemente ir.

Baiana de nascimento, capixaba de coração, Sofia vivia em Vitória, na capital do estado, quando viu que teria que teria que passar um tempo em Teresópolis. Foi um tapa na cara, de repente Sofia se viu desmarcando consultas, cursos e pedindo férias no trabalho dela, como RH. Claro que o salário era interessante. Ganharia mais ali do que em todos os seus empregos juntos e finalmente conseguiria ir para o mestrado em Londres assim que a Copa das Confederações acabasse.

Ela poderia realizar seus sonhos, poderia sair daquele ninho, deixar de trabalhar tanto, se dedicar a sexologia, matéria que sempre gostou, investir no que ela amava e finalmente sair do desconforto.

Ela foi em direção a secretaria e logo foi direcionada para onde ela iria trabalhar por uma mulher muito simpática. A CBF pagou a diária num hotel próximo a Granja para que ela pudesse transitar livremente do seu local de descanso até o trabalho.

A historia dela, como qualquer uma, tinha um cenário para começar, e começou num corredor branco, recém construído ou reformado, com luzes e um cantinho para café, com quatro salas, duas em cada lado do corredor amplo.

Ela respirou fundo, a mulher que estava levando-a até o corredor era uma moça morena, alta, com belas pernas, que estavam visíveis por causa de sua saia lápis que ia até a altura do joelho.

- Eu iria te guiar por todo o espaço da Granja, mas devido a uma mudança de horários em cima da hora eu vou ter que te levar direto para a sua sala. Você não vai ficar chateada com o jogador, não é? – Sofia sorriu. Ela era aquela mistura gostosa de capixaba com baiano, sempre calma, aparentando despreocupação, mas com aquele sotaque de “s” puxado e um sorriso animado no rosto. Deu de ombros e negou com a cabeça.

- Claro que não. Imagina só! Logo eu que sou a rainha das mudanças de horário em última hora. – A mulher parecia aliviada, o que indicava que outro psicólogo devia ter ficado com raiva e ter dado algum chilique.

- Olha, aqui está sua lista e essa é a sua sala. – As duas mulheres chegaram a frente de uma sala de porta branca, como todas as salas e a parede daquele corredor. Colocou seus dedos na maçaneta prateada e abriu a porta.

A sala era branca tinha uma janela grande, que estava fechada por uma persiana da mesma cor da parede. Os móveis embutidos eram da mesma cor clara que cercava todo o ambiente. Na parede direita um grande espelho enfeitava o ambiente. Só a luz acobreada de uma lamparina iluminava a sala deixando o lugar bem acolhedor.

Sofia estava com uma bolsa pequena que continha uns livros sobre psicologia que ela gostava de carregar consigo. Uma foto dela com a irmã mais velha e a tia, que era sua única família depois da morte dos pais, alguns objetos de decoração pequenos que gostava de carregar por seus escritórios, como amuletos. Nunca sabia que tipo de pessoa iria encontrar em seu caminho e, além disso, carregava sua agenda, seu caderninho e suas canetas coloridas.

Confessava que nunca havia saído do Ensino Fundamental, por isso carregava em sua bolsa várias canetinhas de milhares de cores.

Sofia parou de observar a sala para prestar a atenção na listinha que estava em suas mãos.

“15h (terça-feira) – João Pedro.

17h (terça-feira) – Noah.

16h (quarta-feira) – Mateus.

18h (quinta-feira) – Danilo”

Ela não ligava para futebol, não fazia ideia de quem ela iria atender. Estava por fora da escalação da seleção, estava por fora de tudo.

- O horário pode mudar de acordo com os jogos, ok? – Sofia levantou os olhos rapidamente, acenou com a cabeça e fez “uhum”. Sabia da vaia para a presidente, sabia até onde havia sido o primeiro jogo, mas não conseguia associar aqueles nomes a rostos nem nada. Ficou ainda mais preocupada com a coisa das mudanças de horário.

- Tem wi-fi aqui? – Perguntou, a secretária se perguntou se ela havia escutado sobre o horário, mas resolveu não perguntar de novo. Sabia que a mulher era responsável, o seu chefe havia enchido o saco dela para que tratasse bem Sofia. Era uma boa psicóloga, extremamente dedicada.

- Tem sim. Tem alguma caneta pra eu te dar a senha?– Sofia acenou com a cabeça e pescou a primeira caneta que viu jogada na bolsa, uma de tinta laranja fluorescente. A mulher novamente se viu questionando a credibilidade daquela psicóloga e mais uma vez preferiu se calar.

Ela anotou os números e letras na ponta da folha de horário que Sofia lhe entregou e terminou acenando a cabeça.

- Vou te dar espaço para você se ajeitar, o João Pedro chega em meia hora. Tem certeza que não está com raiva? - A mulher parecia atordoada, como se tivesse mais coisas para cuidar do lado de fora, a psicóloga ficou com pena e sorriu.

- Claro que não. Estou bem. – Ela acenou com a cabeça, juntou as mãos na frente do corpo e saiu fechando a porta atrás de si. Sofia jogou a mochila em cima da escrivaninha e começou a tirar as coisas de dentro dela enquanto usava o celular para pesquisar sobre seu primeiro paciente.

Ia de um lado para o outro, colocando as coisas no que acreditava ser seus devidos lugares, olhando no celular, dando um clique e voltando.

Deu um sorriso ao ver a imagem marcante do zagueiro. Cabelos encaracolados, armados ao redor do rosto e olhos verdes compenetrados marcantes. Era paulista e ver a aparência dele a motivou a pensar bem do garoto de 27 anos que jogava no Chelsea.

Chegou à conclusão que conhecia ele de alguns flashes em programas corriqueiros na TV.

- João Pedro... – Ela repetiu seu nome baixinho, com um sorriso no rosto. Raramente se via achando um jogador de futebol bonito, mas se viu achando aquele garoto uma gracinha. “Por foto todo mundo é uma gracinha” pensou ela, não conhecia o rapaz então resolveu não pensar sobre.

Ela resolveu largar o celular de lado. Não conhecia os seus clientes novos quando eles iam fazer suas primeiras consultas, logo não tinha motivos para tirar conclusões precipitadas.

Sofia não contou o tempo quando pôs o último livro na estante, dobrou a bolsa e colocou dentro da maior gaveta que viu, uma que ficava de baixo da janela.

Quando virou de costas viu que o zagueiro estava parado na porta. Não soube a quanto tempo ele estava ali, mas logo percebeu que estava há pouco tempo, pois ainda estava fechando o último restinho da porta.

- João Pedro, né? – Ele riu. Fez que sim com a cabeça.

Ela se sentou na cadeira e respirou fundo.

- Meu nome é Sofia. Sou de Vitória. E eu não tenho muito tempo para acompanhar futebol, desculpa. – João Pedro deu de ombros, sentou bem relaxado, descansou uma perna sobre a outra, colocou o cotovelo no braço da poltrona e repousou os dedos sobre os lábios.

Sem querer o foco de Sofia foi parar neles, mas logo voltou aos olhos dele.

- Meu nome é João Pedro. Sou de Diadema. E não sei muito bem o que eu estou fazendo aqui. – Ela sorriu e resolveu levar na esportiva.

- Olha, geralmente as pessoas me procuram por motivos certos, mas como a CBF te jogou no meu colo praticamente, então pode começar a falar um pouco de você, da onde você vem... – Sofia mal havia terminado a frase quando o jogador de futebol já estava com um sorriso malicioso nos lábios. Ela ergueu as sobrancelhas e virou levemente para o lado.

- Quem dera se tivesse me jogado no seu colo literalmente, não é? - Ela abriu a boca e deixou bem claro sua expressão de descrença enquanto o menino ria dela. Sacudindo os cachos volumosos e quase fechando os olhos de tanta graça. – É brincadeirinha, Sofia. Pode continuar.

Ela tossiu, tentando se recompor. Não havia achado graça nenhuma.

- E-e-então... – Ela começou a gaguejar antes de começar a falar, ele riu e levantou uma sobrancelha, gostando de ver como ela estava se atrapalhando e percebendo que suas investidas estavam surtindo efeito. – Bem... Me fala sobre de onde você veio, sobre sua vida atual, eu vou falar um pouco sobre a minha, até para você ficar a vontade pra me contar tudo o que atormenta essa sua cabecinha.

Ele pensou em fazer outra piadinha, mas mordeu o lábio inferior contando seus impulsos e acenando positivamente.

- Ok, já que você está aqui... Quer dizer... Nada sai daqui, não? – Ela negou com a cabeça.

- Nadinha. – Sorriu, tentava parecer simpática e imune as cantadas baratas de João Pedro.

- Sabe, eu me sinto um cara super abençoado por Deus. Eu estou realizando meus sonhos, construindo minha vida, e tudo mais. Sabe... Eu não pensava que chegaria tão longe quando era pequeno.

Sofia fez que sim com a cabeça. E continuou olhando firme para o garoto, ele pareceu um pouco incomodado, mas não disse nada. Ela observava todos os sinais de seu corpo, postura relaxada, mas o peito murchava quando começava a falar de assuntos pessoais, como se fosse um ponto fraco nele.

- Eu sei como é esse sentimento. Eu ainda estou na fase de luta. – Ela deu uma risadinha. Ela deu de ombros e se permitiu relaxar um pouco. – Estou querendo fazer meu mestrado na minha especialização, parar de trabalhar tanto e seguir minha vida. Graças a Deus surgiu esse trabalho aqui.

João Pedro sorriu, começou a ficar interessado por ela. Sua postura era séria, seus olhos eram fixos, seu sorriso era contido. Se sentiu um bobo e com uma vontade maluca de ouvi-la rir, gostava de fazer as pessoas rirem, ele gostava de ver os lábios sorrindo, o som sonoro da risada de alguém, principalmente daquela menina tão bonita e aparentemente tão inteligente.

- Mestrado em quê? – O rosto dela corou e ele levantou uma sobrancelha, só para instigá-la a falar. Ela deu um leve pigarro e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Hm... Nada demais só... – Ele pareceu ainda mais curioso. Tentou prender um sorriso. Ela sabia o que queria fazer, a família estava a apoiando, os amigos também, não falava daquilo de graça, mas sabia muito bem que deveria responder quando era perguntada. – Ah sexologia.

João Pedro tentou prender a risada. Ele não entendia porque ela tinha ficado tão séria em reação as cantadas dele quando ela queria justamente estudar sexo.

- Você gosta dessas coisas então, hein? – Ela deu de ombros.

- Gosto da forma como o sexo move o mundo. As pessoas têm interesse, desejo e obsessão por isso. Um exemplo disso são suas piadinhas. – João Pedro torceu os lábios. Ela era esperta, sabia muito bem quando e como dar uma boa resposta. Gostou daquilo. Tomou aquela mulher como um desafio. Difícil de fazer rir, difícil de bater de frente. Ele sentiu como se precisasse enfrentar aquela muralha, quebrar aquele gelo. Queria provar para ela que ela não poderia ser daquele jeito, que ela não conseguiria resistir a ele e aos efeitos que ele geralmente tinha nas pessoas.

Era uma sensação bem engraçada e até bastante comum nas pessoas. Elas geralmente se sentem atraídas por aquilo que as despreza ou ignora, como se não entendessem por que não eram aceitas e tentassem ao máximo por aquilo.

- Perdão, sem querer causar nenhum desconforto... – “Tarde demais, Sofia” sua mente a advertiu enquanto olhava a expressão desconfortável de João Pedro. Sentiu um bolo se formar em seu estômago. – Desculpa mesmo... Sério, mas me diz aí. Me fala sobre sua vida, carreira, onde você se sente satisfeito e insatisfeito.

- Sabe, comecei a pensar sobre decepções e vontade de alcançar os objetivos. Eu sempre tive muito disso.

Se isso fosse uma partida de futebol para João Pedro, Sofia seria o gol. De repente ele tinha um novo objetivo a cumprir fora dos campos.

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