Por dez anos, vivi o cheiro de maresia e peixe, orgulhosa da nossa vida simples de pescadores, tudo por amor ao meu marido, Pedro Henrique. Mas, em uma viagem para comprar o remédio de tosse do nosso filho, vi o Pedro. Não o meu pescador humilde, mas um homem em terno caro, saindo de uma BMW com Ana Paula, minha melhor amiga, deslumbrante em seda e joias, e beijando-a na boca sem pudor. Fiquei paralisada, o pacote de remédio pesando uma tonelada. A mentira desmoronou: dez anos de sacrifício, amor e vida simples eram uma farsa, e aquele beijo me feriu profundamente. Como pude ser tão cega? Como ele pôde me enganar por tanto tempo, e com minha melhor amiga? A dor inicial de choque se transformou em uma raiva fria e cortante, um desejo imenso de vingança. Maria Antônia, a bióloga marinha que abriu mão de uma carreira brilhante, estava de volta. Peguei meu celular velho, digitei o número do Professor Silva e liguei, pronta para retomar minha vida e destruir as muralhas de mentiras que ele construiu.
