Eu estava com oito meses de gravidez, presa no nosso apartamento em chamas. Liguei para o meu marido, Miguel, a implorar por ajuda. Mas, para meu horror, ele prometeu voltar, mas primeiro decidiu salvar a sua amiga de infância, Clara. A mesma Clara que a sua mãe sempre quis que fosse sua esposa. Ele desligou, deixando-me a sufocar com a fumaça e o medo. Os bombeiros finalmente me encontraram, mas era tarde demais para o nosso bebé. Acordei no hospital, vazia, com a notícia de que tinha perdido o nosso filho. Miguel veio visitar-me, acompanhado da sua mãe, Helena. Em vez de consolo, recebi acusações de ser "dramática" e "protegida". Eles insistiam que Miguel havia sido um "herói" ao salvar Clara, que tinha asma e estava "em maior perigo". Até Clara me enviou uma mensagem, pedindo para eu "perdoar o Miguel". Perdoar? Ele me abandonou, grávida, num inferno, para salvar outra mulher! Eu sabia que as suas desculpas eram mentiras. Não era pânico, era uma escolha. Naquele instante, a dor deu lugar a uma raiva gélida e inabalável. Olhei para o homem que deveria ter sido o meu protetor e fiz a única coisa que me restava: "Quero o divórcio," declarei. Esta não era apenas uma separação. Era o início da minha vingança. Eles iriam pagar por cada lágrima, por cada dor, e pela vida do meu filho.