Eu estava grávida de oito meses, a sonhar com a chegada do meu bebé. A vida parecia perfeita, o meu futuro, brilhante. De repente, a frase do médico ecoou: "Lamento, Sofia. Perdemos o bebé." O fogo tinha levado tudo, a começar pelo meu filho. Liguei para o meu marido, Leo, do hospital, à beira do colapso. A sua voz cortou-me: "Sofia? O que se passa agora? Estou ocupado." E então ouvi, claramente, a voz de Clara ao fundo, a sua "amiga" doente de pânico. Ele estava com ela, a consolá-la por um arranhão emocional, enquanto eu perdia o nosso bebé no meio do fumo e das chamas. A minha sogra, Sónia, ligou não para me dar apoio, mas para atacar: "O que fizeste ao meu filho? Ele disse que pediste o divórcio! Tu, sua ingrata, devias ter compaixão pela pobre Clara!" Quando lhe disse que perdemos o bebé, a sua resposta gelou-me o sangue: "Bem... talvez seja para melhor. Com a tua atitude, não serias uma boa mãe." Leo veio ao hospital, cheio de raiva, exigindo que eu parasse com a "parvoíce". Ele riu da minha dor. Eu, grávida de oito meses, quase morri sufocada, perdi o meu filho. Isso não era "sensível"? A vida do nosso bebé não importava? Como podiam eles, a minha "família", serem monstros vestidos de gente? A minha dor e o meu luto valiam menos do que a ansiedade barata de outra mulher? A dor no meu peito era insuportável, um vazio gélido. Mas no meio do desespero, uma promessa nasceu, fria e determinada. "Quero o divórcio, Leo." O meu casamento não tinha acabado hoje; tinha sido morto há muito tempo. Peguei no meu telemóvel e liguei para uma advogada. Leo pensava que me podia destruir. Ele não sabia que a nossa casa, a minha "casa", era legalmente só minha. E que o jogo, afinal, mal tinha começado.