Na noite em que o meu filho nasceu morto, o meu marido, Pedro, estava a confortar a sua ex-namorada por causa do seu gato perdido. Tinha acabado de perder o nosso bebé. Ele olhou-me na cama do hospital e disse: "A Sofia está sozinha, não tem mais ninguém. Volto já." Um deserto de abandono gelou o meu coração. Quando Pedro regressou, cheirava a perfume de mulher, e eu sabia que não aguentava mais. Olhei para ele, a minha voz calma: "Pedro, vamos divorciar-nos." A sua reação foi de choque e depois raiva, acusando-me de o ter abandonado enquanto ele "aceitava" o nosso filho. Ele não sabia a verdade. O relatório de ADN que lhe mostrei há três meses, que alegava que o bebé não era seu, era falso. Eu paguei para o falsificar. Naquela noite, nunca fui violentada nem dormi com o meu chefe. Inventei tudo. Eu queria o divórcio, queria testar se o Pedro me amava mais do que à memória da sua ex-namorada. E a minha sogra, Dona Helena, chamou o meu filho de bastardo, humilhando-me sem piedade. Quando o meu filho morreu, o Pedro escolheu a sua ex-namorada e o seu gato em vez da sua mulher recém-parida. Eu atirei-lhe o verdadeiro relatório de ADN. O bebé era do Pedro. Sempre foi. O choque e a dor encheram os seus olhos: "Mas... porquê, Lúcia?" "Porque eu queria ver, Pedro. E tu fizeste a tua escolha." Deixei aquele quarto de hospital, com a certeza de que era o fim. Mas, no fim, quem destruiu quem?