Tiago dedicou uma década de sua vida a Sofia. Amava-a incondicionalmente, sacrificou-se por ela em tudo. Ele a considerava sua alma gêmea. Um dia, depois de um suco doce, ele acordou confuso. Sentindo o corpo pesado, os sons abafados. Então, vozes se clarearam, eram Sofia e Clara. "É o único jeito, Clara. O Ricardo precisa de um rim, e o Tiago é compatível." A voz de Sofia era fria, calculista. "E o bebê, Sofia? Você engravidou do Tiago, e abortou a pedido do Ricardo!" Uma dor aguda o atingiu, a anestesia falhara. A agonia física se misturava à dor da traição. Dez anos de dedicação cega culminaram nisso. Ele era um mero recurso, um objeto descartável para o homem que ela amava. Um doador de órgãos, o pai de um filho abortado, tudo por ele. Como ela pôde ser tão cruel? Como ele pôde ser tão cegamente devotado? O Tiago que a amou sem reservas morreu naquele hospital. Substituído por um vazio gélido, uma desilusão avassaladora. A traição mais profunda que se pode imaginar. Com a verdade nua e crua, Tiago tomou sua decisão. Não havia mais nada para ele ali. Ele cortaria todos os laços, queimaria o passado. E construiria uma nova vida, com quem realmente o valorizaria.